PIRACICABA, QUINTA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2024
Aumentar tamanho da letra
Página inicial  /  Webmail

08 DE SETEMBRO DE 2020

Professor alerta para desigualdade gerada pela concentração de riqueza


Segundo tema do minicurso "A economia de Francisco e o futuro do planeta" começou a ser tratado nesta terça-feira, com reflexões sobre o processo civilizatório do homem.



EM PIRACICABA (SP)  

Salvar imagem em alta resolução

Minicurso conduzido pelo professor Pedro Ramos terá novo encontro na quinta-feira



Dividido em dois encontros, o segundo tema do ciclo de palestras "A economia de Francisco e o futuro do planeta" começou a ser abordado nesta terça-feira (8) pelo professor Pedro Ramos. Ele traçou uma linha do tempo do processo civilizatório no mundo ocidental, tratou das revoluções Agrícola, Industrial e Verde e mostrou os impactos para a sustentabilidade do planeta.

O tema "Breve história da evolução mundial, o advento das noções de desenvolvimento sustentável e do IDH" terá continuidade na quinta-feira (10), com o complemento da abordagem inicial. O minicurso traz a preocupação do papa Francisco em debater um modelo de sociedade cujas relações comerciais se pautem pela preocupação ambiental e social e é composto, ao todo, por três temas —o último também será em dois encontros, nos próximos dias 14 e 16.

Doutor em economia aplicada e livre docente aposentado pelo Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Pedro alertou para o fato de que "o mundo tem assistido a uma crescente desigualdade". "Em 2015, a riqueza, em bilhões de dólares, das 62 pessoas mais ricas do mundo igualou-se à riqueza dos 50% mais pobres, que são 3,6 bilhões de pessoas", apontou.

Como observou o professor, a terceira grande revolução da civilização humana, chamada de "Revolução Verde", trouxe o aumento da produtividade no campo, por meio do uso de sementes híbridas, de inovações biológicas, químicas e físicas e do emprego de agrotóxicos, herbicidas e inseticidas. "Permitiu aos países uma tremenda expansão na produção de grãos, principalmente de trigo nos de clima temperado."

Porém, houve, ao mesmo tempo, reflexos no meio ambiente, como listou Pedro. Entre os efeitos da alta na produção e no consumo, da expansão das áreas cultiváveis e da exploração dos recursos naturais, estão as mudanças no clima, a destruição de habitats, o crescimento do volume de lixo gerado, a poluição atmosférica e a emissão de gases do efeito estufa.

O atual estágio da civilização, destacou Pedro, foi antecedido por outras duas grandes revoluções: a Industrial, que, nos séculos 18 e 19, "transformou conhecimentos científicos em máquinas para facilitar a atividade e a vida humana", e a Agrícola, há 10 mil anos, que mudou o perfil do homem, então nômade, caçador e coletor. "Significou o primeiro passo do ser humano para influenciar a natureza: ele aprendeu a cultivar plantas, a criar animais e a se fixar em determinadas regiões."

Pedro também abordou teóricos que romperam com os fundamentos da economia clássica, tratada no primeiro encontro do minicurso. Ele citou o inglês John Maynard Keynes, que defendia a ação estatal para gerar uma "demanda efetiva". Em outras palavras, o pensador atribuía ao Estado o papel de motor da economia, tendo sido o criador do conceito da economia de bem-estar social.

"Não é uma economia de escassez, mas de abundância, em que a oferta é maior que a demanda. Ele recomenda que, para solucionar crises, é preciso a ação estatal, em que a decisão de compra permite ao sistema se expandir e sair da crise. O Estado é fundamental para criar demanda, com grandes obras públicas, investimentos", comentou.

Outro teórico citado por Pedro foi o austríaco Joseph Schumpeter, para quem inovação e crédito eram importantes. "Ele vai dizer que a oferta é maior que a demanda e que é preciso criar demanda na sociedade, como Keynes falava, mas vai atribuir esse poder de criação não ao Estado, mas à figura dos empresários inovadores, que são os que podem fazer a economia ir para frente", disse, acrescentando que tais ideias inovadoras carregam riscos e necessitam ser financiadas por credores para saírem do papel.



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


Escola do Legislativo

Notícias relacionadas