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01 DE SETEMBRO DE 2020

Minicurso começa com apresentação dos principais conceitos de economia


"Ciência econômica, sua divisão e seus ensinamentos" foi o tema abordado nesta terça-feira pelo professor Pedro Ramos.



EM PIRACICABA (SP)  

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O professor Pedro Ramos



Com a apresentação das principais correntes que lançaram as bases da ciência econômica, teve início nesta terça-feira (1º) o ciclo de palestras "A economia de Francisco e o futuro do planeta", oferecido gratuitamente pela Escola do Legislativo, da Câmara de Vereadores de Piracicaba. O minicurso é composto por três temas —os outros dois serão tratados em quatro encontros, nos próximos dias 8, 10, 14 e 16—, sempre com a condução do professor Pedro Ramos.

A aula inaugural tratou de "Ciência econômica, sua divisão e seus ensinamentos". Professor livre-docente aposentado pelo Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Pedro explicou que o nome do minicurso tem a ver com a preocupação do papa Francisco em debater um modelo de sociedade cujas relações comerciais se pautem pela preocupação ambiental e social.

"Precisamos pensar diferente. O que o papa está propondo é uma nova economia, em que possamos ser o sal da terra de um mundo com menos desigualdade e estresse ambiental", comentou o especialista, que também é mestre e doutor em economia aplicada à administração e ex-professor de economia da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e da Escola de Engenharia da USP (Universidade de São Paulo).

"Primeira grande escola do pensamento econômico", como definiu Pedro, a fisiocracia, surgida no século 18, relacionava a riqueza às terras agrícolas, ao afirmar que apenas a agricultura gerava excedente, enquanto "as outras atividades só transformavam produtos dela", sem criar nada.

Na sequência, reconhecido como fundador da ciência econômica, o escocês Adam Smith "deixou claro que quem cria a riqueza não é a agricultura, mas o trabalho humano, que, para ele, é o que produz excedentes —mantendo neste ponto a ideia dos fisiocratas", explicou Pedro, completando que "todas as mercadorias possuem dois valores, o de uso e o de troca, a qual tem por base o trabalho humano".

O inglês David Ricardo, no século 19, consolidou o pensamento de que a formulação do preço abrange dois aspectos: a escassez, que é o que o determina, e o trabalho humano. Dele vem a diferenciação entre valor e riqueza, em que esta, ao contrário daquele, não necessariamente contém o trabalho humano, já que é possível tê-la a partir do acúmulo de terras, por exemplo.

Também inglês, Thomas Malthus ficou conhecido como autor da teoria para o controle do aumento populacional. Para ele, como o número de habitantes cresce em velocidade maior que a produção de alimentos, não caberia aos governos ajudarem os mais pobres, mas, sim, controlar o adensamento demográfico.

As bases da economia clássica são completadas pelo alemão Karl Marx, cujas obras foram influenciadas por sua vivência na Inglaterra, centro do capitalismo nos séculos 18 e 19, e pelas teorias de Friedrich Hegel e Charles Darwin. Marx concebeu o "materialismo histórico", segundo o qual "as coisas materiais é que determinam a nossa vida", como resumiu Pedro.

Vem dele o uso da expressão "mais-valia". "O trabalho humano cria excedente, o qual é instituído socialmente. O valor é criado no âmbito da produção pela força de trabalho. O trabalhador vende uma mercadoria, que é a sua força de trabalho, ao patrão, que a contrata", refletiu.

Marx entendia o capitalismo como um sistema que gera crises "porque produz mais do que as pessoas irão ou desejarão comprar". "A sociedade capitalista é de produção de excedentes, de abundância de mercadorias, além do que precisamos, e, por isso, gera crises periódicas", disse o professor.

"Principalmente nas crises, a produção que é excedente vai fazer com que aquelas empresas que produziram a um custo maior —já que os processos são diferentes— sucumbam no processo concorrencial, o que pode levar à monopolização dos mercados. Para Marx, é uma sociedade que produz constantemente desigualdade", completou.

Já a teoria econômica neoclássica —que analisa como o mecanismo de oferta e demanda dos mercados define a formação dos preços, a produção e a distribuição da renda— teve como um de seus principais expoentes o inglês Alfred Marshall, que pregava que "o preço é formado e oscila no mercado". "Ninguém domina o mercado; as condições materiais de produção é que são a base, e não a utilidade que vamos dar a ela", completou.

A teoria neoclássica, continuou Pedro, "parte do pressuposto de que as necessidades humanas são ilimitadas, os recursos que as atendem são escassos e que, então, haverá sempre falta de alguma coisa". Por essa corrente, como os preços são determinados no mercado, embora uma mercadoria já os contenha em sua base, será a demanda que os fará oscilarem.

O professor citou, ainda, outras escolas, como a de Chicago, e conceitos que constituem a corrente neoclássica, como a Teoria dos Jogos, baseada na cooperação.



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


Escola do Legislativo Nancy Thame

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