24 de janeiro de 2023
Arquivo: localização de cemitério foi debatida na Câmara em 1836
Incluído no sistema ATOM, o Livro de Atas nº 5 reúne informações do funcionamento da então Vila Constituição, entre 1836-1840
Em meio ao crescimento populacional da então Vila Constituição – nome pregresso de Piracicaba – durante o período de 1836 a 1840, a classe dirigente se viu no dilema de decidir onde seria instalado um novo cemitério. O debate travado na Câmara da época está no Livro de Atas nº 5, incluído nesta semana no ATOM, sistema de pesquisa de documentos preservados pelo Departamento de Documentação e Arquivo da Casa.
“O conteúdo do Livro de Atas nº 5 é marcado por indecisões a respeito da localidade de um novo cemitério”, destaca Gabriel Tenório Venâncio, estagiário de História do departamento. Ao longo de dois meses, ele descreveu o conteúdo e recorda que a população passou a dar relevância às doenças e outros infortúnios que poderiam ser causados por conta da proximidade com o antigo cemitério, localizado atrás da Igreja Matriz.
Na ata da sessão de 13 de novembro de 1836, uma comissão de vereadores apresentou duas localidades que poderiam servir para o novo cemitério. Havia duas possibilidades, um terreno alternativo localizado ao final do Bairro Alto – rechaçada pelo vigário, porém – e o espaço no seguimento da praça até a Matriz, onde hoje é a Escola Morais Barros, no Centro. Foi a segunda opção que acabou sendo escolhida naquela oportunidade.
“Mal sabiam eles que anos depois foi justamente no final do Bairro Alto onde se sediaria o atual Cemitério da Saudade”, comenta Gabriel.
DONA GERTRUDES – A irreverente Dona Gertrudes também aparece nas atas do período. Em 11 de janeiro de 1839, existia uma questão relacionada às embarcações que navegavam no rio Piracicaba. Pela necessidade de aumentar a calha do rio – os chamados “regos” – com o objetivo de facilitar o transporte, por infortúnio acabou interferindo em sua sesmaria.
Mais de um ano depois, em 19 de fevereiro de 1840, o administrador de Dona Gertrudes – o senhor José Balduino Lopes – informou que ela não abriria mão do valo no rio Itapeva e que, quando cercassem o terreno, colocariam ainda um portão na intenção de barrar quem quisesse tirar lenhas, cipó, pedras e outras necessidades para o povo da Vila.
O Livro de Atas nº 5 reúne 168 itens documentais (incluindo a capa), agrupadas em encadernação de 174 páginas. Com as novas inclusões, o acervo online histórico passa a contar com 2.442 itens documentais, digitalizados, identificados e descritos, para acesso da população.
“O lançamento do ATOM foi marcado com a disponibilização ao público do Livro de Atas nº 1 da Câmara, isso em junho de 2022, e desde então procuramos colocar novos conteúdos, quinzenalmente ou a cada mês”, explica Giovanna Calabria, chefe do Setor de Documentação e Arquivo da Câmara. “É um trabalho que realizamos de forma constante”, explica.
ATOM – O Access to memory (ATOM) é um sistema de descrição arquivística de código aberto criado pelo Conselho Internacional de Arquivos, através do qual o Setor de Gestão de Documentação e Arquivo da Câmara disponibiliza itens do acervo histórico da Casa de Leis.
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