10 DE MARÇO DE 2017
Professora Dagmar Silva Castro abordou, de forma diferenciada, o tema autoestima
Participantes com as faixas rosas com palavras positivas grafitadas.
No último dia do ciclo de palestras e debates da Semana da Mulher, desenvolvida na Câmara de Vereadores de Piracicaba, evento promovido pelas vereadoras Nancy Thame (PSDB) e Coronel Adriana (PPS), o tema escolhido para o encerramento foi autoestima.
Carmelina Toledo Piza, professora, escritora e contadora de histórias, deu início às atividades narrando uma história emocionante para que as mulheres refletissem sobre o poder que elas têm quando querem realizar sonhos e desejos.
A professora da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Dagmar Silva Castro, na palestra “Pinceladas do Feminino na Textura do Mundo”, abordou a autoestima de uma maneira diferente, tratando da inquietante presença do feminino em tempos diferentes.
Dagmar apresentou pesquisa em que aponta que três a cada cinco mulheres jovens já sofreram violência física em relacionamentos e 60% das pessoas entrevistadas legitimaram o estupro com o velho argumento das vestimentas femininas, como saia curta, blusa transparente, calça apertada e seios à mostra.
Segundo a psicóloga, a saída para escapar dos preconceitos e roupagens tem se traduzido em invenções, conquistas e cada vez mais mulheres fazendo e entrando para a História.
Dagmar passou usou o clipe da música Pagu, da cantora Rita Lee e participação da Zélia Duncan, para refletir sobre a qualidade, a força e a exclusividade das mulheres.
Logo após a palestra houve debate sobre as inquietações que surgiram, como a questão da linguagem utilizada nas representações, onde o conceito masculino ainda prevalece. Foi citada a ausência de simetria e horizontalidade na relação do mercado de trabalho entre homens e mulheres, a dificuldade de ser mulher em tempos passados e, por fim, a Coronel Adriana relatou sua experiência e dificuldades ao atuar na Polícia Militar.
Nancy ficou satisfeita com o resultado do evento, que durante toda a semana levou palestras e outras atividades à Câmara. “Fiquei feliz por saber que não estamos sós”, disse.
A Semana da Mulher foi encerrada com o registro dos participantes segurando faixas rosas com palavras positivas que valorizavam as mulheres e com uma aula de zumba na frente do prédio principal da Câmara.
PROPOSTAS - Durante a Semana da Mulher 2017, na Câmara de Vereadores de Piracicaba, foram apresentadas diversas propostas, as quais foram elencadas e apresentadas pela organização do evento:
- Roda de Conversa Empreendedorismo Feminino: criação de Fórum Permanente de Empreendedorismo Feminino e de programas de capacitação para a mulher, com eixo transversal do desenvolvimento econômico, político, social, cultural e ambiental sustentável.
- Roda de Conversa Diversidade e Vivências: programas educativos para valorização da diversidade e da alteridade, englobando mulheres de todos os segmentos, contemplando ações concretas para a autoestima da mulher, e maior representatividade da mulher negra.
- Mesa Redonda Saúde da Mulher: ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para portadoras de infecção pelo HIV e outras DST. Promover atenção às adolescentes em situação de violência doméstica e sexual. Reduzir a mortalidade por câncer da população feminina. Implantar modelo de atenção à saúde mental da mulher, bem como a saúde obstétrica, neonatal, qualificada e humanizada, incluindo assistência no aborto em condições inseguras. Promover a prevenção das DST’s e infecções pelo HIV/Aids na população feminina. Suporte clínico e emocional com atendimento multiprofissional e prioritário em casos de risco. Atendimento qualificado nos casos de endometriose e estabelecimento de procedimentos de prevenção. Atenção à saúde na terceira idade e também da mulher no ambiente de trabalho, com capacitação de profissionais.
- Mesa Redonda Feminicídio (e outras formas de violência): estabelecer estratégias de mobilização para dar visibilidade aos casos, como desenvolvimento de aplicativo vinculado à DDM (Delegacia da Mulher) para acionar órgãos competentes em caso de violência (SOS Mulher). Políticas de combate à violência contra as mulheres, com recortes específicos aos segmentos: lésbicas e trans, negras, idosas, crianças e adolescentes e mulheres com deficiência. Implantação do Ciclo Completo de Polícia. Cumprimento da portaria de Notificação Compulsória. Audiência pública para discussão da carta das PLP, assinada pelo Conselho Municipal da Mulher, sobre feminicídio. Projeto educativo nas escolas sobre a história da mulher, a diversidade, a desconstrução do machismo e a desnaturalização da violência, e realização do seminário “Feminino Profundo e a Cultura da Paz”.
- Grupo Mulheres que fazem a Diferença: abordar a segurança da criança e do adolescente fora da escola. Mapear a evasão escolar do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Criação de centros comunitários para cursos, esclarecimentos e informações.
- Associação Piracicabana dos Ostomizados e Incontinentes: na cidade existem 100 mulheres ostomizadas, 120 com incontinência urinária e outras com incontinência fecal que não saem de casa. A proposta é fazer trabalho de inserção dessas mulheres na sociedade.
- Conselho da Mulher Piracicaba: educação de gênero nas escolas municipais e estaduais, visando a igualdade de gênero, a introdução de conteúdo de Direitos Humanos e debate sobre a violência contra a mulher.Centro de reeducação do agressor para acompanhamento psicológico, como forma de alterar padrões de comportamentos e impedir a reincidência da violência. Articulação da rede de atendimento à mulher em situação de violência, rede intersetorial e a criação de protocolo de atendimento em situação de violência. Cobrança dos órgãos para sistematização dos dados em conformidade com o previsto na Lei Maria da Penha. Cobrança para que a notificação compulsória seja realizada pela DDM, CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher). Capacitação e sensibilização dos funcionários e servidores da rede de atendimento à mulher em situação de violência.