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28 DE FEVEREIRO DE 2020

Restrição na Rua do Porto durante Carnaval gera protesto de vereadores


Parlamentares criticaram ação que limitou acesso de pessoas à região, impediu a circulação de veículos e culminou em confusão que envolveu foliões e policiais.



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 Salvar imagem em alta resolução

Visão geral do plenário "Francisco Antonio Coelho" na noite desta quinta-feira






A organização por trás das festividades de Carnaval na região da Rua do Porto recebeu críticas de vereadores nesta quinta-feira (27), durante a 7ª reunião ordinária. A ação articulada pela Prefeitura e pela Polícia Militar limitou em 3 mil o número de pessoas que puderam ter acesso ao entorno do Largo dos Pescadores, além de restringir o tráfego de veículos em ruas próximas após as 16h nos dias de folia.

Comerciantes relataram prejuízos com o baixo movimento e parte do público que não pôde entrar na área restrita acabou envolvendo-se em confusão, dispersada por policiais militares e guardas civis municipais. A situação motivou o vereador Laércio Trevisan Jr. (PL) a apresentar o requerimento 174/2020, aprovado em regime de urgência pelo plenário.

O parlamentar criticou as medidas tomadas pelo Executivo, como a escolha do lugar e as restrições impostas que prejudicaram comerciantes, e o uso da força pela Polícia Militar, que ele classificou como "abuso de autoridade pela nova lei vigente". "Como pode colocar 3 mil pessoas dentro do Largo dos Pescadores e a certa hora ter toque de recolher, sair à base de bala de borracha?", questionou Trevisan.

O requerimento do vereador solicita ao prefeito Barjas Negri (PSDB) informações sobre a logística, a segurança, a infraestrutura e os recursos financeiros empregados na festa.

Trevisan quer saber de quem partiu a decisão de realizar o Carnaval no Largo dos Pescadores; se houve ordem judicial limitando o número em 3 mil pessoas; se existiu determinação, por parte da Prefeitura, de dispersão às 22h, mesmo para o público que não estava na área da festa; e se os moradores e comerciantes da região foram avisados das restrições colocadas em prática entre sexta (21) e terça-feira (25).

O assunto foi discutido na tribuna pelo autor do requerimento e outros vereadores. Adriana Cristina Sgrigneiro Nunes, a Coronel Adriana (CID), disse que "só quem não conhece a história da cidade é que faz um planejamento desse". "Ou não conhece ou não está preocupado com o que vai acontecer depois", afirmou a vereadora, que, em seu período como comandante na Polícia Militar, trabalhou na organização de eventos.

"Achei bastante ruim o policiamento. Ninguém fiscalizando. Ausência de tudo, falta de planejamento. E que gera essa briga toda que aconteceu. Mais uma vez coloca nossa juventude em situação ruim. Não dá mais para fazer o fechamento da Rua do Porto, é muito emprego que se gera ali. Para qualquer festa se fecha a Rua do Porto; não se consulta ninguém. O pessoal da Rua do Porto não foi chamado para fazer o planejamento", criticou.

Lair Braga (SD) lamentou que o governo local mostre não ter "desejo de investir na Rua do Porto", explorando seu potencial turístico, e questionou por que a festa realizada no entorno do Largo dos Pescadores não ocorreu no Engenho Central, que recebe grandes eventos ao longo do ano. "Por que todos os eventos não podem ser feitos lá? Só pode o A, não o B? Estaria ocorrendo neste município uma discriminação social?", perguntou.

Ele criticou as restrições ao número de pessoas com acesso ao Largo dos Pescadores e à circulação de veículos. "Ou fecha para todos, ou abre para todo mundo. Imagina o turista não poder entrar na Rua do Porto porque estava acontecendo o Carnaval? Eu lamento muito essa questão", declarou.

O presidente da Câmara, Gilmar Rotta (MDB), relatou ter participado na quarta-feira (20), de reunião com as presenças da secretária municipal da Ação Cultural e Turismo, Rosângela Camolese, do líder dos comerciantes da Rua do Porto e de dois representantes da Polícia Militar. O vereador contou terem sido necessárias mais de duas horas para convencer os agentes a postergarem de 14h para 16h o horário a partir do qual haveria limitações à circulação de veículos na região da Rua do Porto.

Gilmar Rotta contou ter sido informado das restrições por comerciantes que lhe repassaram o aviso que receberam da Prefeitura na semana passada. "Vi a secretária cumprindo ordem da Polícia Militar. Ficou claro para quem estava na reunião que foi um projeto da PM. Conseguimos levar o fechamento para as 16h depois de duas horas e meia de reunião."

"A Prefeitura tem responsabilidade e os interessados também. Cabe a nós não deixar que esses erros aconteçam mais. Não se planeja um evento desse porte em uma semana", criticou Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP).

Nancy Thame (PSDB) defendeu descentralizar os festejos como forma de evitar que as confusões deste ano se repitam no futuro. "Concordo com a questão do planejamento. Isso pode ser distribuído em vários lugares. É realmente um potencial turístico que, organizado, pode ser incrível. Temos que tentar solucionar de forma planejada."

A ideia foi endossada por Pedro Kawai (PSDB). "Precisamos entender o que de fato aconteceu: estamos numa transição. É característica do Largo dos Pescadores as festas populares e familiares. Do lado de dentro do evento não teve problema; houve do lado de fora. Como se resolve? Leva essa festa para os quatro cantos da cidade."

O vereador sugeriu o uso dos espaços dos varejões municipais para as comemorações. "Vamos fazer propostas, adequações e, em cima disso, melhorar. É muito difícil um evento da proporção do Carnaval sem problemas. Um dos caminhos é espalhar, não concentrar num lugar só", completou Kawai, observando que a festividade impulsiona o turismo e gera empregos.

PAUTA - Ao todo, 28 proposituras foram aprovadas durante a 7ª reunião ordinária, incluindo quatro requerimentos votados em regime de urgência. A pauta da Ordem do Dia contou com um projeto de decreto legislativo em redação final; cinco moções e 12 requerimentos em discussão única; e um projeto de lei em segunda discussão e cinco em primeira.

No expediente, André Bandeira (PSDB) entregou a moção de aplausos 8/2020 ao escritório Marcelo Rosenthal Advogados Associados, em razão dos 20 anos de atuação na cidade.

A Tribuna Popular teve a participação de Dante Oliveira, que falou sobre problemas que afetam o Nova Piracicaba, e de José Osmir Bertazzoni, que defendeu a criação de um memorial em homenagem aos agentes que integravam a Guarda Civil Municipal em 1989.



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918
Imagens de TV:  TV Câmara


Reunião Ordinária Institucional

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