03 de setembro de 2025
Evento na Câmara debate avanços e desafios da agenda climática em Piracicaba
Roda de conversa no salão nobre atraiu cerca de 70 pessoas, entre elas alunos da Escola Barão do Rio Branco, para debater impactos e soluções diante da crise climática
A segunda atividade do 4º Ciclo de Eventos sobre Mudanças Climáticas em Piracicaba atraiu cerca de 70 pessoas ao salão nobre da Câmara, na tarde desta quarta-feira (3), reunindo representantes do Poder Público, sociedade civil e instituições de ensino em uma roda de conversa sobre os avanços e desafios da agenda climática no município.
Os temas foram debatidos a partir de apresentações feitas pelo ambientalista Igor Serra, pelo presidente da Comclima (Comissão Municipal de Mudanças Climáticas de Piracicaba), Leonardo Scopinho, e pelo ex-secretário municipal de Meio Ambiente de Cordeirópolis (SP), Joaquim Dutra Furtado.
A atividade foi conduzida pela vereadora Silvia Morales (PV) e pelo assessor parlamentar Ayri Rando, ambos do mandato coletivo A Cidade é Sua. Alunos do ensino médio da Escola Estadual "Barão do Rio Branco" acompanharam as discussões, que levaram o público a interagir com questionamentos depois respondidos pelos palestrantes.
Durante o encontro, Igor e Leonardo destacaram a importância da Comclima, desde sua criação, em 2020, e chamaram a atenção para o fato de que os efeitos das mudanças climáticas já são realidade em Piracicaba, com ondas de calor cada vez mais intensas e prolongadas, chuvas extremas frequentes, períodos de seca mais longos e aumento de incêndios em vegetações.
Igor observou que tais fenômenos atingem de forma desigual a população, o que amplia vulnerabilidades sociais e exige políticas públicas específicas. Ele exibiu mapas do Plano Diretor de Piracicaba que mostram as áreas da cidade com maior risco de inundações, como o bairro Morumbi e as avenidas 31 de Março e Armando de Salles Oliveira, e as mais afetadas quando da formação de "ilhas de calor".
Também compartilhou dados que indicam o Pará e o Mato Grosso como os estados com maior emissão de gases de efeito estufa no Brasil. Na quarta posição está São Paulo, que tem o setor de energia como o maior emissor, seguido pela agropecuária e pelo de resíduos. Em Piracicaba, a liderança também é do setor de energia, com 610 mil toneladas lançadas ao ano, seguido pela indústria, com 372 mil toneladas, e pelo setor de resíduos, com 227 mil toneladas.
Leonardo reiterou a urgência na adoção de uma Política Municipal de Mudanças Climáticas, com os objetivos de estabelecer diretrizes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, adaptar o município aos impactos do clima e promover justiça climática, por meio de estratégias de mitigação e adaptação em áreas como energia, agropecuária, indústria, saneamento e uso do solo e de ações voltadas à prevenção de ondas de calor, estiagens e eventos extremos.
O presidente da Comclima disse contar com as adesões ao abaixo-assinado lançado nesta quarta-feira para aumentar a pressão popular sobre o Executivo, para que envie à Câmara projeto de lei que institua o Plano Municipal de Mudanças Climáticas, cuja minuta, concluída em 2022, foi atualizada neste ano. "Piracicaba teve a oportunidade, lá atrás, de ser pioneira nessa política, mas não conseguiu. Agora, com o abaixo-assinado, vamos tentar apoio popular para tentar passar essa política", afirmou.
Secretário do Meio Ambiente em Cordeirópolis por duas gestões, Joaquim destacou que a cidade, entre os 24 municípios que integram a Região Metropolitana de Piracicaba, tornou-se a primeira a ter elaborado inventário de gases de efeito estufa e a instituir um plano local de ações climáticas, com metas a serem cumpridas.
Por exemplo, a falta de água recorrente em Cordeirópolis, que não é abastecida por nenhuma bacia, levou a Prefeitura, convencida pelo então secretário, a focar no reflorestamento para recuperar as 54 nascentes que estão no perímetro do município. "Montamos política pública para reflorestá-las: com isso, além de gerar mais água, estamos absorvendo o gás carbônico da natureza", enfatizou.
Joaquim, que passou a liderar a Câmara Técnica de Gestão Ambiental e Saneamento na RMP, refletiu que, para o fortalecimento da agenda climática em Piracicaba, é preciso haver a institucionalização da governança ambiental, como ponto de partida para buscar integração intersetorial e financiamento climático, para alcançar transparência, monitoramento e participação social e para ter articulação em redes e cooperação.
Silvia Morales concordou sobre a necessidade de os governos liderarem as ações nos municípios para o enfrentamento dos efeitos adversos do clima. "Precisa ter vontade politica de fazer acontecer. E precisamos de todas as forças: sociedade civil, Poder Executivo, Poder Legislativo, técnicos, instituições e empresas", disse, citando o exemplo positivo que vem sendo dado por Campinas (SP). "Lá se está 'mudando a chave', com programas de microfloresta urbana, compostagem, parques lineares e soluções baseadas na natureza", elogiou a parlamentar.
"É preciso pensar global, mas agir local, pois é no território que as coisas acontecem, onde estudamos, trabalhamos e nos movimentamos. O abaixo-assinado é para que Piracicaba tenha uma política climática local, transformando a minuta que foi entregue à Prefeitura pela Comclima e outras instituições em projeto de lei a ser elaborado pela Procuradoria Geral do Município e encaminhado à Câmara, para que seja aprovado e tenhamos, de fato, essa política municipal", defendeu a vereadora.
O evento no salão nobre foi realizado numa parceria entre Câmara, Escola do Legislativo, Comclima, Engajamundo e Corredor Caipira. A primeira atividade do 4º Ciclo de Eventos sobre Mudanças Climáticas em Piracicaba ocorreu em junho e o terceiro e último acontecerá em outubro, às vésperas da COP30, conferência do clima da ONU.
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