
05 DE OUTUBRO DE 2017
"Olho Vivo" reúne 29 fotos de Marcelo Cuenca produzidas no Cemitério da Saudade.
Marcelo Cuenca expõe 29 fotos que mostram detalhes do Cemitério da Saudade
Qual beleza habita um cemitério? Até o próximo dia 1º, véspera do feriado de Finados, um conjunto de 29 imagens em preto-e-branco, dispostas no hall do prédio anexo da Câmara, tenta revelar detalhes despercebidos do Cemitério da Saudade, o maior da cidade. Os cliques do fotógrafo e designer Marcelo Henrique Cuenca, 24, compõem a exposição "Olho Vivo", sob a curadoria de Gabriela Viccino.
"Minha intenção foi justamente expor a beleza, muitas vezes incompreendida, do Cemitério da Saudade, além de exaltar o local como um patrimônio cultural da cidade. Trata-se de um cenário repleto de arte, seja nas esculturas, na arquitetura, na natureza ou até mesmo nas relações interpessoais que lá acontecem", sintetiza Cuenca.
Natural de Limeira (SP), o universitário, que cursa Publicidade e Propaganda em Piracicaba, conta que a ideia de produzir a sequência de fotos surgiu a partir de um trabalho da faculdade. Um dado que chama a atenção é que, das 29 imagens expostas, há pessoa apenas em uma ––as demais trazem flagras de gatos entre jazigos e detalhes de esculturas.
"Fiz as fotos dois dias antes do feriado de Finados do ano passado e o cemitério já tinha alguma movimentação de pessoas. Mas, por conta da limitação de alcance da lente que estava usando, eu precisava me aproximar para fotografar e achei que poderia ser desrespeitoso para quem foi ao local à procura de um momento íntimo com os entes queridos", explica.
"Decidi, então, que fotografaria apenas as esculturas e a arquitetura do local. Porém, quando vi uma senhora, próxima a mim, que estava aparentemente rezando apoiada em um jazigo, não resisti e fiz o clique. Fui bastante discreto, pois não queria atrapalhar o momento dela ou ofendê-la de alguma maneira", completa.
Cuenca espera que a exposição, com entrada gratuita, faça o público "ver o Cemitério da Saudade como o que ele realmente é: um patrimônio cultural piracicabano, rico em história, cultura e beleza". Para o artista, "escancar" belezas geralmente ignoradas pelas pessoas pela falta de tempo ou de atenção, é uma das funções "mais gostosas" da fotografia.
"Geralmente visitamos cemitérios apenas para termos um momento com algum ente querido e, dentre todas as possíveis definições de 'saudade', a da perda é a mais dolorosa. Isso acaba criando uma energia que faz do cemitério um local de melancolia, o que muitas vezes ofusca sua beleza, que não é pouca", pondera Cuenca.
SERVIÇO - Exposição "Olho Vivo", com 29 fotos produzidas por Marcelo Henrique Cuenca, sob a curadoria de Gabriela Viccino. Até 1º de novembro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, no hall do prédio anexo da Câmara, com entrada pela rua do Rosário, 833, no Centro. Entrada gratuita.