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17 DE JULHO DE 2020

Câmara Inclusiva capacita servidores com autora do projeto #PraCegoVer


Capacitação de servidores acontece entre 27 e 31 de julho



EM PIRACICABA (SP)  

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Patricia Braille - Foto: Reprodução/Internet/TV Bahia



O projeto Câmara Inclusiva da Câmara de Vereadores de Piracicaba promove o curso "Qualificação em comunicação acessível", que será ministrado por Patrícia Silva de Jesus, conhecida por Patrícia Braille, autora do projeto #PraCegoVer. Distribuídas em 40 horas, entre 27 e 31 de julho, as aulas on-line serão ministradas aos servidores dos departamentos de Comunicação e TV Legislativa, além de servidores da Escola do Legislativo e assessores dos gabinetes que atuam na área da comunicação.

Com vasta experiência na formação de professores e editoração de livros digitais em braille e outros formatos acessíveis, Patrícia é formada em letras vernáculas pela Ucsal (Universidade Católica do Salvador) e especialista em Uneb (Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva). Ela atuou como coordenadora da educação especial no Estado da Bahia e consultora da Unesco, de 2009 a 2013. Em 2012, criou a hashtag #pracegover, de audiodescrição de imagens para apreciação das pessoas com deficiência visual, que rapidamente ganhou a adesão das pessoas no ambiente virtual e se tornou uma importante ferramenta para disseminar práticas de acessibilidade nas redes sociais. 

O primeiro encontro da qualificação será às 15h do dia 27, com duas horas de duração, ao vivo pelo Google Meet. Entre os dias 28 ao 30 haverá realização de atividades, que serão propostas no grupo do WhatsApp, sem a necessidade de hora marcada. No dia 31, também às 15h, acontece o segundo encontro pelo Meet, com retomada de todo o conteúdo. São 30 vagas.

"O curso vai durar 1 semana. Estarei disponível para a equipe por um total de 40 horas, distribuídas em 5 dias. Teremos aulas ao vivo, no Meet, e também aulas pré-gravadas, em um Instagram fechado que criei para esse fim. Também teremos um grupo no WhatsApp para a equipe ter contato imediato comigo", explica Patrícia.

Ela diz que preferencialmente serão trabalhadas com as imagens que a equipe irá postar naqueles dias. "Assim, em tempo real, a equipe aprende e pratica, com minha supervisão, fortalecendo o aprendizado e dando autonomia, de forma que, depois do curso, possam seguir seguros", completa, sobre o conteúdo. 

Ainda de acordo com, serão ensinadas técnicas de descrição de imagens com base na audiodescrição e etiqueta inclusiva. "A equipe vai ficar 'tinindo', com vocabulário inclusivo atualizado, e tudo de forma suave, bonita e divertida, porque inclusão e acessibilidade não devem ser temas pesados e cansativos", reforça, ao completar: "a história não deve esquecer que Piracicaba e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, são uma das primeiras a qualificarem suas equipes". Conforme Patrícia, além de Campo Grande, as cidades de Fortaleza e Salvador possuem leis municipais atreladas ao #PraCegoVer.

A declaração está amparada na análise que a acessibilidade digital em órgãos públicos não é das melhores. "As poucas equipes de comunicação que se propõem a fazer 'acessibilidade' simplesmente acham que sabem fazer descrição de imagem, mas não se dão o trabalho de ler uma linha sobre o assunto. Fazem descrições desastrosas e que não comunicam nada a quem tem deficiência visual. Nisso, vocês estão de parabéns: estão qualificando a equipe para uma tarefa urgente e necessária." 

Para Patrícia, a acessibilidade no ambiente digital não é um problema restrito aos órgãos públicos, como ainda notado nos ambientes privados. No entanto, a especialista diz o grupo MultiB tem incentivado a mudança em algumas marcas, como Revlon, O Boticário, Quem Disse Berenice, Lee Stafford, entre outras, inclusive com treinamentos feitos por ela. "Essas ações devem ser priorizadas não apenas porque já são lei, mas porque o único caminho para a inclusão social é a acessibilidade. E inclusão social é um movimento humanitário sem volta", reforça.

A especialista acredita que o “desconhecimento” é o principal empecilho para a acessibilidade digital e lembra que implementar práticas como essa não custam caro. "Se os políticos soubessem que no Brasil temos mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, iriam entender a importância de se comunicar com esse gigantesco eleitorado e seus familiares e amigos", analisa.



Texto:  Rodrigo Alves - MTB 42.583


Câmara Inclusiva

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