
09 DE ABRIL DE 2014
Episódio com os beagles de São Roque motivou iniciativa de vereador
"O tratamento cruel aos animais demonstra um alto grau de insensibilidade do ser humano", diz parlamentar
Em outubro do ano passado, o país presenciou a invasão a um laboratório no interior paulista acusado de maus-tratos aos 178 cães da raça beagle, utilizados em testes de medicamentos. Ao acompanhar as discussões, o vereador Laércio Trevisan Jr. (PR) quis assegurar que episódios semelhantes não ocorressem em Piracicaba e apresentou o projeto de lei 350/2013, aprovado em segunda discussão em reunião extraordinária na quinta-feira (3). O texto aguarda autógrafo do Executivo.
Pela propositura aprovada, fica proibida em Piracicaba a realização de operações ou práticas experimentais em animais vivos para estudos de fenômenos fisiológicos que provoquem sofrimento físico ou psicológico. No caso de descumprimento, as instituições devem pagar multa de R$ 2.000 por animal. O valor dobra a cada reincidência e cabe ao Executivo o reajuste da penalidade a cada ano.
Trevisan considera “inadmissível” o tratamento cruel dispensado nas pesquisas e entende que é dever dos órgãos públicos zelar pelo bem estar dos animais. Ele cita duas decisões da Justiça que proibiram as faculdades de medicina de utilizar animais nas aulas práticas: na Universidade Federal de Santa Catarina, em maio do ano passado, e na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em agosto. Projetos de leis semelhantes foram aprovados também em Florianópolis, Jundiaí e Sorocaba.
O projeto teve entrada na Câmara em 21 de outubro e recebeu, em março, parecer favorável da Comissão de Saúde da Câmara. Após passar por análise da Comissão de Legislação, Justiça e Redação, que formulou um projeto substitutivo, foi aprovado em plenário em duas votações.
De acordo com o vereador, o projeto foi pensado para impedir a omissão dos poderes e órgãos responsáveis. “O tratamento cruel aos animais demonstra um alto grau de insensibilidade do ser humano. Precisamos, sim, investir em novos métodos sem o uso de animais”, diz o vereador.