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22 DE JULHO DE 2020

Pesquisa com bancários revela desigualdade racial no meio financeiro


Bancário e membro do Coletivo de Combate ao Racismo, Marcelo Abrahão participou da live desta terça-feira (21) do programa Parlamento Aberto.



EM PIRACICABA (SP)  

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Marcelo Abrahão participou da live do programa Parlamento Aberto







O cenário do mercado financeiro para pessoas negras foi tema da live desta terça-feira (21) do programa Parlamento Aberto. Bancário e membro do Coletivo de Combate ao Racismo, Marcelo Abrahão apresentou dados do mercado bancário sobre a desigualdade racial e explicou o contexto histórico que originou a situação de racismo estrutural nos dias de hoje.

Em pesquisa do Sindban (Sindicato dos Bancários) por meio do “Perfil dos Bancários”, projeto que identifica o perfil dos funcionários dos bancos, foi constatado que na região de Piracicaba, composta por 22 cidades, há 1.025 bancários e, destes, 2,15% são mulheres negras e 1,3% homens negros. Além disso, segundo Marcelo, há somente de três a quatro pessoas negras na linha de frente das agências bancárias.

De acordo com Abrahão, o dado evidencia o racismo estrutural, que tem origem no período escravocrata, com a retirada de pessoas do continente africano e transporte para o Brasil. Ele explica que esse processo, que causou a separação de famílias, provocou o rompimento da cultura, visto que os escravos foram privados das ligações afetivas. “A cultura foi usada como um instrumento de dominação do povo”, disse.

O bancário também apresentou dados do período pós-abolição, no qual o racismo era demonstrado através de leis que dificultavam a sobrevivência das pessoas negras na sociedade. Ele citou a Lei de Terras, promulgada em 1850, que estabelecia restrições para obtenção de terras por ex-escravos; o decreto 10.331/1854, que proibia que escravos frequentassem escolas, e a resolução 382/1854, que proibia professores de receber por aulas dadas a pessoas negras. “Você não dá terra, não deixa estudar, o que resta?”.

Abrahão também abordou o conceito de eugenia, citado pela primeira vez pelo filósofo francês Joseph Arthur, em 1986, no livro “Ensaio sobre as desigualdades da raça humana”. O livro explorava o conceito, que trata da imposição do “branqueamento” da população por meio da reprodução seletiva e da esterilização de pessoas negras.

“Eles pensavam que a eugenia era um símbolo de modernidade, uma ferramenta científica capaz de promover o progresso no Brasil”, comentou o bancário.

Como forma de combate a esta situação, Marcelo atua em projeto do Sindicato dos Bancários que busca a promoção de ações para a equiparação das relações de gênero e de raça no mercado de trabalho. Ele citou como exemplo curso gratuito realizado em 2003, que buscava a preparação de pessoas negras para concurso da Prefeitura de Piracicaba.

Ele acredita que há falta de interesse político em fortalecer as minorias e que há a necessidade de criação de políticas afirmativas. De acordo com Marcelo, há direitos que foram conquistados por representantes políticos para promover a equidade racial e foram retirados depois em outros mandatos políticos.

ACESSE O CONTEÚDO
As lives do programa Parlamento Aberto são realizadas no perfil do Instagram, que pode ser acessado em @parlamento_aberto.

As entrevistas também podem ser acessadas no canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba e, ainda, no podcast produzido pela Rádio Câmara Web. 

Para receber as informações do Parlamento Aberto direto no celular, é possível se cadastrar na lista de transmissão do Whatsapp neste link.



Texto:  Larissa Souza
Revisão:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


Legislativo Parlamento Aberto

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