01 de agosto de 2019
Informatização gerará agilidade e economia, defende Fórum sobre Saúde
No entanto, representantes da rede que participaram da segunda reunião do grupo, nesta quarta, mostraram preocupação com demora na implantação do prontuário eletrônico.
Se é certo que a adoção integral do prontuário eletrônico vai gerar economia e agilidade na gestão da saúde no município, por outro lado pairam dúvidas sobre quando a informatização alcançará 100% da rede, num momento de orçamento apertado para a compra dos computadores necessários para o salto tecnológico.
O cenário foi traçado na tarde desta quarta-feira (31), na Câmara, durante a segunda reunião do Fórum Permanente sobre Saúde, comandado pelo vereador Paulo Serra (CID). Representantes de diversos segmentos que compõem a rede municipal de saúde colaboraram no apontamento de caminhos para aprimorar a gestão do setor.
Coordenador de manutenção e informática da Secretaria Municipal de Saúde, Maurício José Brancalion explicou que, desde que Pedro Mello assumiu a pasta, o investimento em tecnologia já registra "grande avanço" e que a meta é a integração total da rede via sistema, interligando de laboratórios a unidades de pronto-atendimento. "O gargalo está na aquisição das máquinas", ponderou.
Segundo Maurício, "os coordenadores envolvidos estão buscando recursos" para viabilizar a compra de mais computadores. "Chegaram recentemente 140 máquinas para 22 unidades. Serão de 6 a 7 computadores novos para cada uma delas, que serão capacitadas no próximo mês para [a futura adoção do] prontuário eletrônico", comentou, citando o sistema on-line que concentrará todo o histórico do paciente na rede, desde as consultas por que passou até os exames que fez e os medicamentos que pegou nas farmácias.
A informatização, porém, "vai ser gradativa", segundo resposta da Prefeitura ao requerimento 458/2019, em que Paulo Serra questionou os investimentos na área. "Requer gastos e a previsão é para os próximos anos", disse o vereador, que apontou a necessidade de "acelerar esse processo", numa opinião compartilhada por outros participantes do Fórum.
Luís Fernando Barbosa, coordenador da Divisão de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde, afirmou que informatizar a rede é "desejo de todos" e que a ideia é, "a médio e longo prazos", permitir aos braços que a compõem dialogar entre si via sistema. "Isso vai facilitar o processo e trazer economia, evitando a repetição de exames e não deixando que ocorra o desperdício", exemplificou.
Luís Fernando citou dois projetos-pilotos que já testam o prontuário eletrônico na cidade: um no Programa de Saúde da Família do Jardim Astúrias, que usa a ferramenta disponibilizada pelo Ministério da Saúde, o e-SUS, e outro no Jaraguá, que também adota o e-SUS, mas dentro do sistema próprio contratado pela Prefeitura.
Na avaliação dele, o sistema próprio é o que hoje dá o melhor retorno às necessidades do setor, "porque permite que as unidades, no futuro, conversem entre si, algo que o e-SUS não possibilita". "Precisamos de um sistema que tenha armazenamento na nuvem e que garanta os encaminhamentos. O e-SUS não permite fazer agendamentos na especialidade, enquanto o sistema próprio permite", comparou.
O médico Jorge Yutake Inoue, que representou o Conselho Regional de Medicina na reunião, mostrou preocupação com o tempo projetado pela Prefeitura para que 100% da rede esteja interligada pelo sistema de prontuário eletrônico. "Dois anos para a implantação efetiva disso me parece um prazo longo, o razoável seria no máximo um ano", disse, sugerindo parceria público-privada para viabilizar a compra dos computadores. "Temos que buscar financiamento para ter o mais rápido possível essa sistematização."
"O projeto de informatização é excelente, porque economiza volume substancial de dinheiro. A grande dificuldade é o financiamento", reforçou Luís Fernando, que defendeu a atuação dos vereadores na busca por recursos do Estado e da União por meio do contato com deputados de seus partidos. "Precisaremos da Câmara conversando com seus pares, de preferência para a vinda de uma verba carimbada para comprar computador."
Adriano Barros, diretor técnico da Central de Ortopedia e Traumatologia, alertou para o fato de que os recursos para a área devem contemplar não somente a aquisição de máquinas, mas também a infraestrutura de suporte, como cabeamento e internet de qualidade. "Na minha unidade, às vezes a internet não chega a 1 mega de velocidade. Se não houver infraestrutura básica para que esse projeto aconteça, chegaremos a lugar nenhum", refletiu.
Paulo Serra apontou como necessária a melhor gestão dos recursos aplicados na saúde e chamou a atenção para a responsabilidade dos profissionais que atuam na área. "Falta gestão: vemos desperdícios, desde caneta, papel e exames repetidos até ampolas que são abertas e deixadas pela metade. Tudo é custo. Vai da educação de quem trabalha na rede pública de que o dinheiro é nosso. É preciso ter conscientização: reunir os coordenadores em suas áreas e trabalhar a educação na rede pública", sugeriu.
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