06 de agosto de 2025

Fórum da Empregabilidade avalia práticas inclusivas nos recrutamentos

Profissionais de Recursos Humanos se reuniram nas dependências do Simespi, sob a coordenação do vereador André Bandeira

Texto: Martim Vieira - MTB 21.939
Supervisão: Rodrigo Alves - MTB 42.583

Na manhã desta terça-feira (5), o vereador André Bandeira (PSDB), das 9h00 às 12h30 promoveu reunião do Fórum Municipal Permanente de Educação Financeira, Empreendedorismo e Empregabilidade, de acordo com o decreto legislativo 56/2018, com a discussão da temática: “Encontro Técnico RH 360º - Contratação Inclusiva (Experiência importa. Inclusão também”. 

A reunião transcorreu nas dependências do Simespi (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras), localizado na rua Samuel Neves, 1601 - Cidade Jardim, teve o propósito de fomentar práticas inclusivas nos processos de recrutamento e seleção, utilizando uma abordagem técnica e livre de clichês ou generalizações. A iniciativa foi direcionada a profissionais de Recursos Humanos, gestores e lideranças que buscam ampliar sua visão sobre inclusão no ambiente corporativo. 

Nas discussões também foram abordados estratégias eficazes para a contratação de pessoas com deficiência, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e profissionais com 40 anos ou mais, destacando os desafios enfrentados, os preconceitos estruturais ainda existentes e o imenso potencial desses perfis no mercado de trabalho. 

A escolha do nome RH 360º reflete uma visão ampla, estratégica e integrada da área de Recursos Humanos. A proposta é reforçar que o RH moderno não pode atuar apenas de forma reativa, mas deve adotar uma perspectiva sistêmica, contemplando todos os aspectos da gestão de pessoas, a exemplo do recrutamento, cultura organizacional, desempenho, diversidade, inclusão e retenção de talentos. A inclusão, neste contexto, não é elemento isolado, mas parte essencial de uma cultura organizacional sólida, consciente e preparada para lidar com a pluralidade humana. 

Encontro

Na abertura do evento, o vereador André Bandeira agradeceu ao Simespi, pela concessão do espaço, além de considerar as diversas entidades parceiras que mantém viva a atuação do Fórum Permanente. Além de discorrer sobre a importância da campanha da Nota Fiscal Paulista, na captação de recursos às entidades, onde a participação das empresas podem conferir um valor maior do que a arrecadação das pessoas físicas. 

O parlamentar também agradeceu a sua equipe de gabinete, pela dedicação e empenho perante a defesa da inclusão. E, considerou a participação do Ministério do Trabalho, Cerest e demais entidades e representantes de empresas que vislumbram um novo olhar pela pessoa, no aproveitamento de suas potencialidades. “Inclusão não é favor e sim necessidade, tanto à pessoa quanto à empresa. Vamos trabalhar para concluir a cota, não por força da lei e sim pela competência. Temos que dar oportunidades às pessoas”, reiterou o parlamentar.

André Bandeira também falou de sua experiência pessoal, há cerca de 30 anos, quando desafiou os prognósticos de médicos, após acidente automobilístico, de que ficaria o resto da vida numa cama, para hoje, observar que se reinseriu na sociedade, pela força do esporte e, estando vereador, na luta por uma cidade melhor.

“É importante que a empresa promova a inclusão, propiciando treinamento e capacitação. O princípio é darmos dignidade a estas pessoas para trabalhar. É o melhor programa social a ser oferecido à sociedade”, concluiu o parlamentar, que ainda comentou sobre o Selo Municipal de Empresa Inclusiva, principalmente voltado às pessoas com mais de 40 ou 50 anos, em forma de promover a empregabilidade, onde o selo será um diferencial para mostrar o quanto a empresa trabalha pela sociedade. 

Contratação inclusiva

Primeira palestrante no evento, Gabriela Mendonça de Albuquerque, Gerente Regional do Trabalho em Piracicaba, Auditora Fiscal, graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas discorreu sobre a temática: “Contratação Inclusiva com Visão Estratégica”, onde o objetivo hoje é incentivar as empresas e mostrar aspectos lógicos dos benefícios da contratação, lembrando que dados atuais do IBGE apontam que há no Brasil 18,6  milhões de deficientes, onde a maior parte é formada por mulheres. “Inserção no mercado de trabalho é questão de dignidade”, ressaltou Gabriela, ponderando que a contratação de PCDs deve garantir a inclusão, a exemplo de provas em braille, adaptação no ambiente de trabalho, desenvolvimento com treinamento e capacitação, para que a pessoa seja realmente incluída. 

Quanto aos benefícios da contratação, Gabriela elencou a melhora da imagem da empresa, ao agregar valores; diversidade e inovação, o que faz gerar novas perspectivas, além dos incentivos fiscais, onde a integração destes funcionários passa a ser parte da cultura organizacional da empresa. “A inclusão social e a acessibilidade, tanto física quanto digital são princípios fundamentais para garantir que os PCDs tenham igualdade de direitos”, concluiu Gabriela, que ainda apresentou canais de denúncias, a exemplo do Disque 100 e, do e-mail: denúncia.sit.trabalho.gov.br, além do Plantão Fiscal, situado na avenida Santo Estevão, 76, na Vila Rezende, das 13 às 17 horas, onde o cidadão pode registrar queixas trabalhistas, perante o Ministério do Trabalho e Emprego. 

Visão estratégica

Segunda palestrante, Márcia Ferreira Murakami, Psicóloga graduada pela USP de Ribeirão Preto, Auditora Fiscal do Trabalho há 15 anos, lotada na Gerência do Ministério do Trabalho de Piracicaba, responsável pelo Projeto de Fiscalização de Inserção de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho, também abordou a temática: ”Contratação Inclusiva com Visão Estratégica”, com foco nas práticas da fiscalização do trabalho para inclusão de pessoas com deficiência. 

Ela ainda avaliou os 34 anos das Cotas para Pessoas com Deficiência (PCD), estabelecida pela Lei nº 8.213/1991, onde as empresas de 100 a 200 funcionários tem que reservar 2% das vagas, de 201 a 500 (3%), 501 a 1.000 (4%) e acima de 1.001 (5%). Márcia também chamou atenção para o Artigo 93, da lei, onde na substituição de um trabalhador com deficiência a empresa ter que contratar o substituto em até três meses, antes da dispensa. 

Quanto ao sistema de frações, na divisão das vagas, Márcia destacou o avanço na legislação, ao garantir a contratação, onde, mesmo que seja na ordem de 0,1%, tem que considerar mais uma vaga a ser preenchida. Também considerou o valor das multas, de R$ 3.215, 07 a R$ 321.505,87, em valores dobrados, no caso de reincidência em desrespeito à lei de Cotas. 

Márcia concluiu suas explanações enfatizando que são 5.198 trabalhadores PCDs no Estado de São Paulo e, que a maioria das empresas na região de Piracicaba cumpre a lei. A palestrante ainda ressaltou os desafios acerca das dificuldades e das adaptações necessárias nos postos de trabalho; da divulgação das vagas somente em jornais impressos e das altas exigências de qualificação para ocupar as vagas, sendo que há necessidade de se garantir o processo de inserção dos aprendizes para terem condições de pleitear estes postos.

A palestrante também esclareceu que o INSS atua na reabilitação, possibilitando o treinamento e remanejamento da pessoa de uma empresa para outra, a fim de aproveitar o seu potencial. 

Simespi Inclusiva

Valéria Rueda Elias Spers, Gerente Executiva do Simespi também considerou o papel da entidade perante o processo de inclusão das empresas. 

Recrutamento

Terceira palestrante da manhã, Márcia Pessoa, que atua no Centro de Reabilitação de Piracicaba, no Programa Empresa Inclusiva, abordou a temática “Recrutamento Inclusivo de Pessoas Neurodivergentes: "Como o emprego apoiado corrige rotas e garante contratações efetivas”.

Ela destacou o teor de frase preconizada pela ONU, na premissa de que toda pessoa nasce com potencial para se desenvolver, considerando que a Neurodiversidade não é doença ou sinônimo de limitação ou incapacidade, onde não se pode indicar apenas pela CID (Classificação Internacional de Doenças) e sim pela sua funcionalidade. 

Márcia concluiu sua palestra destacando quatro fases: a do engajamento e perfilamento profissional descoberto; análise e adaptação da vaga e do ambiente; inclusão com suporte individualizado e a questão dos apoios, que representam a retirada gradual ou acompanhamento, a curto, médico ou longo prazo. 

Saúde mental

Concluindo o ciclo de quatro palestras no evento, Daniel Sanches, Engenheiro de Segurança do Trabalho e Agente de Fiscalização do Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), abordou o tema: ”Saúde mental e física no ambiente de trabalho inclusivo, adaptações no ambiente laboral: da prevenção à reabilitação, inclusão produtiva e segura –Como o RH pode contribuir com a saúde do trabalhador”.

Daniel falou das quase 70 empresas de grande porte em que atuou, além de considerar uma das preocupações a envolver o Ministério do Trabalho e Emprego, com relação ao fator psicossocial do trabalhador. “Precisamos parar de tratar pessoas diferentes”, sintetizou o palestrante ao falar do processo de inclusão nas empresas. E, concluiu sua palestra ao fazer um desafio às diversas representações de empresas, pelos RHs presentes no evento, para o ano que vem, no dia 4 de fevereiro, na apresentação de projetos, em 'cases' de sucesso, a exemplo da representação de uma empresa de fabricação de móveis, presente no evento, que falou da experiência de contratação de um funcionário com deficiência visual com zero erro na execução de seu trabalho; além de informar sobre parceria no projeto Educando pelo Esporte, especialmente para pessoas com mais de 20 anos e, já com a missão de tornar realidade esta iniciativa, para o ano de 2027. 

Empreendedorismo

Cláudio Aleoni Arruda também teve o seu momento garantido no evento, ao comentar sobre o projeto "Encontro com RH 360º - Contratação Inclusiva (Experiência Importa. Inclusão também), com a opinião de que a Trissomia (alteração genética em que um indivíduo possui um cromossomo extra em suas células, em vez de dois - um par, não se define". Ele discorreu sobre sua condição de Síndrome de Down e, diz que atualmente é um empreendedor, com o histórico no currículo como Cavaleiro Protetor e Palestrante. “Eu quero, eu posso, eu faço. Somos todos protagonistas. Trabalhar aos 19 anos foi decisão maior na minha vida”, concluiu o jovem, que também fez questão de registrar que atuou na Sociedade  Hípica Paulista, em São Paulo e, que por 10 anos teve Carteira de Trabalho assinada.

“A pandemia mudou a minha vida”, disse Cláudio ao comentar sobre sua decisão em partir para o empreendedorismo e, hoje se orgulhar de ser palestrante profissional, com atuação em Hípicas e Congressos. "Acredite sempre, desistir nunca”, concluiu.

Painel técnico

O vereador André Bandeira encerrou o evento na coordenação de um painel técnico, formado com os quatro palestrantes, que responderam aos questionamentos de todos e fizeram suas considerações finais, acentuando o anseio da sociedade para além do cumprimento da lei das Cotas, ampliando as possibilidades e oportunidades para todas as pessoas.

André Bandeira também considerou no evento o pioneirismo e vanguarda de Piracicaba no Projeto Superação, no Shopping Center, em desfile que neste ano completará 15 anos de inclusão e elevação da alto estima dos deficientes ao romperem barreiras, na promoção de integração com todos na sociedade.

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