01 de abril de 2013

Favela do Parque dos Sabiás: “Nos sentimos abandonados”

Mal a vereadora Madalena (PSDB) chegou na favela do Parque dos Sabiás na tarde desta segunda-feira, 1, ela ouviu a frase que seria repetida diversas vezes na meia h (...)

Texto: Erich Vallim Vicente - MTB 40.337

Mal a vereadora Madalena (PSDB) chegou na favela do Parque dos Sabiás na tarde desta segunda-feira, 1, ela ouviu a frase que seria repetida diversas vezes na meia hora seguinte: “Estamos nos sentindo abandonados”. Pelo menos cerca de 20 pessoas que ocupam uma Área de Proteção Permanente (APP) na região do bairro Novo Horizonte se reuniram com a legisladora com o pedido de urgente intervenção do poder público naquela localidade. “A situação aqui é muito difícil”, disse, e repetiria depois, a vereadora.

A reclamação mais comum é de que a maioria dos ocupantes da área já está cadastrada na Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba (Emdhap), mas que até agora ninguém conseguiu uma casa em loteamento popular. “A gente sabe de pessoas que tinham barracos, ganharam casas, venderam, voltaram para a favela, e conseguiram de novo, mas a gente nunca conseguiu”, disse Geane Rosa da Silva, de 29 anos (completará 30 nesta sexta, 5), e que mora no local com três filhos.

Marlene Raquel, de 32 anos, mora com dois filhos e o seu relato sintetiza o problema enfrentado diariamente por aquela população. “Aqui falta de tudo, toda a infra-estrutura, e ainda o meu barraco está com uma viga torta, e que pode cair a qualquer momento”, disse ela, que fez questão de levar a vereadora Madalena para conhecer a sua casa. O imóvel de um cômodo, forrado apenas com alguns carpetes, embora seja a solução atual de Marlene, ameaça cair. “Isso nos deixa aflito, dia após dia”, diz ela.

Situação parecida vive Renata Ferreira de Souza junto com o marido e três filhos. O barraco dela está na baixada da área, próximo ao córrego, e uma das vigas também está torta. “O problema aqui é que, com a chuva, as madeiras vão ficando úmidas e a estrutura vai sendo ameaçada”, aponta ela, que trabalha na frente de emprego da Prefeitura Municipal. Renata decidiu morar na favela do Parque do Sabiá porque chegou a pagar R$ 450 de aluguel. “É impossível para o que eu e meu marido ganhamos”, aponta.

Uma simples caminhada pelas vielas da favela do Parque do Sabiás chega a ser assustador. O chão de terra batida, o esgoto escorrendo a céu aberto que produz cheiro forte e uma população confinada em espaços miúdos são o ambiente perfeito para a proliferação de doenças, principalmente entre crianças. “O meu filho está com uma alergia permanente que já fui no médico, mas ele não consegue descobrir”, explica Renata. Além disso, ela lembra flagra diariamente animais peçonhentos, como aranhas, cobras e escorpiões. “A gente vive com estes receios constantes”, acrescenta.

A vereadora Madalena (PSDB) procurou orientar os ocupantes da favela do Parque dos Sabiás a manterem o cadastro na Emdhap em dia. “Pretendo finalizar um cadastro com todos e levar estes nomes à empresa municipal”, disse a vereadora. Para a legisladora, o poder público precisa ser mais ágil para atender aos pedidos. “Eles correm um grande risco, tanto com desabamentos quanto com doenças, a solução precisa ser rápida”, disse.

Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.337
Fotos: Fabrice Desmonts MTb 22.946

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