Mais do que mostrar bom gosto em diferentes combinações de roupas, o 2º Desfile de Moda Inclusiva, realizado na noite desta terça-feira (23) no Shopping Piracicaba, serviu para valorizar as pessoas com deficiência. A opinião é do vereador André Gustavo Bandeira (PSDB), de modelos que participaram do evento e de Newton Oliveira, profissional que acumula 26 anos de trabalhos com moda.

"É uma satisfação muito grande trazer as pessoas para participarem desse evento de uma forma tão bonita", disse Bandeira, que apontou o principal objetivo do desfile. "Não é mostrar a deficiência das pessoas, mas mostrar as pessoas que estão ali. Não é mostrar uma cadeira de rodas, mas mostrar aquela pessoa que está sentada numa cadeira de rodas. Não é mostrar a deficiência visual de uma pessoa, mas, sim, a pessoa que está por trás daquela deficiência. É isso o que queremos passar para quem está aqui."

Na avaliação de Francisco Kess, que tem má formação congênita e desfilou de camiseta polo em tom vermelho queimado, o Desfile de Moda Inclusiva é uma forma de combater a discriminação. "Acho legal esse tipo de evento para mostrar à sociedade que o deficiente pode fazer o que qualquer pessoa normal faria. Não existe esse negócio: Ah, a pessoa é deficiente, vamos deixá-la no cantinho. O deficiente consegue fazer de tudo", observa Francisco, que tem pernas até a virilha e o braço esquerdo até o cotovelo.

Outra modelo a desfilar, Marcela Stefaneli Froner Bianchini, de 22 anos, também teve má formação congênita, que impediu o desenvolvimento total de seu braço esquerdo. Para ela, o evento realizado nesta terça-feira, no Shopping Piracicaba, é uma forma de voltar os olhares para a inclusão dos indivíduos com algum tipo de limitação. "O deficiente é uma pessoa normal, inclusive num desfile de moda", afirmou Marcela, cuja beleza costuma chamar a atenção por onde passa. "Tem tanta coisa para olhar, como vai reparar que não tem braço? Você percebe que a deficiência não é o ponto maior", disse a modelo, que entrou na passarela com uma blusa em tom salmão, saia branca, bolsa verde e sapatos amarelos.

Já Newton Oliveira, responsável, pelo segundo ano seguido, pela preparação dos 27 modelos que se apresentaram na noite, se disse "muito realizado" com o sucesso do desfile, que atraiu mais de 300 pessoas à praça de eventos do Shopping Piracicaba. "É tão bom fazer um desfile desse porte! É muito amor, acho que isso fala tudo", destacou. O profissional também falou sobre a experiência de ter comandado o "casting". "Eles precisam do nosso total apoio, não só na parte da troca de roupa, mas na emocional. Eles pedem a sua opinião, principalmente as crianças. Tio, o que eu faço ali na frente? Eu acho o máximo esse interesse, essa vontade de brilhar. Acho que isso [desfile de moda inclusiva] precisa acontecer mais, não só em Piracicaba, mas no Brasil e no mundo afora, porque eles são iguais a todos", comentou.

O 2º Desfile de Moda Inclusiva faz parte da 6ª Semana de Acessibilidade e Inclusão, promovida pelo Fórum Municipal Permanente da Pessoa com Deficiência, de iniciativa do vereador André Gustavo Bandeira (PSDB). A programação continua nesta quarta-feira (24), com a encenação da peça "Noturno Cadeirantes", no Teatro Municipal "Dr. Losso Netto", às 20 horas. Para entrar, basta levar 1 litro de leite ou 1 quilo de alimento não-perecível, desde que não seja sal.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTOS: Fabrice Desmonts / MTB 22.946