
24 DE OUTUBRO DE 2023
Promovida pela Escola do Legislativo, palestra "Plasticus maritimus: reflexões e ações sobre os nossos hábitos de consumo" levou conscientização a jovens
Escola do Legislativo promoveu a atividade na tarde desta segunda-feira
A preocupação com o futuro dos oceanos e seu impacto para a vida no planeta foram temas de uma dinâmica que envolveu o público participante da palestra "Plasticus maritimus: reflexões e ações sobre os nossos hábitos de consumo", ministrada pelo biólogo Valter José de Almeida na tarde desta segunda-feira (23), na Câmara.
O evento promovido pela Escola do Legislativo trouxe alunos do curso de Aprendizagem Profissional em Comércio de Bens, Serviços e Turismo, do Senac, para uma atividade em que os estudantes, divididos em grupos, foram estimulados a fazer escolhas sobre produtos do dia a dia de acordo com o efeito que seu descarte provoca no meio ambiente.
Objetos de uso pessoal foram apresentados aos jovens sob as diferentes matérias-primas com que hoje são feitos, para além do tradicional plástico. Os estudantes manusearam esponja vegetal de lavar louça, escova dental de bambu e cotonete de papel, entre outros itens, junto de seus pares mais conhecidos produzidos sinteticamente.
O grupo que analisou três camisetas (uma feita de algodão, outra de garrafa PET e outra sintética) não teve dúvidas para apontar a primeira como a melhor escolha em razão do tempo menor, entre 10 e 20 anos, para se decompor na natureza, contra quatro séculos (ou mais) das concorrentes —sem contar que as derivadas de polímeros soltam fibras quando são lavadas.
Valter alertou para o fato de 80% de todo resíduo que chega aos oceanos ser plástico e para dados que apontam que, no Brasil, 50% das 3,4 milhões de toneladas de plástico descartadas anualmente no meio ambiente concentra-se nas bacias hidrográficas —a do rio da Prata, da qual o rio Piracicaba faz parte, responde por 1 milhão dessas toneladas.
Durante a palestra, o biólogo enfatizou que pensar em ações que preservem os oceanos é preocupar-se com o futuro do clima —"Já que a água absorve calor"—, da alimentação —as águas marítimas provêm sal, crustáceos e peixes—, da qualidade do ar —"A maior parte de todo o oxigênio vem das fitoplânctons"—, da biodiversidade e da economia dependente dela.
"A poluição do mar começa no bueiro onde o lixo é jogado. Todos nós somos responsáveis pela presença de resíduos nos mares, mesmo morando longe do litoral", disse o professor, que reproduziu com os estudantes o percurso que um resíduo, em especial o plástico, faz quando é descartado irregularmente na cidade: ao cair no rio Piracicaba, ele segue pelos rios Tietê, Paraná, Paraguai e da Prata até chegar ao Oceano Atlântico.
Valter listou os efeitos danosos do plástico nos oceanos, entre eles a poluição química, a destruição do habitat da fauna marítima, o risco de emaranhamento com o material e consequente morte de animais e a potencial presença de microplásticos no sangue humano a partir da ingestão de alimentos oriundos do mar, como o sal.
O professor defendeu três ações principais para conter a contaminação das águas marítimas: maior investimento em saneamento básico, educar a população em relação ao consumo consciente e adoção de novas tecnologias industriais, com a substituição do plástico por materiais de rápida decomposição.
Conselheira da Escola do Legislativo, a vereadora Silva Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade é Sua, agradeceu o conteúdo "próximo à nossa realidade" trazido por Valter. "Para nós, a questão ambiental é muito cara. Nada está desvinculado ao meio ambiente e à sustentabilidade", disse a parlamentar.