
08 DE FEVEREIRO DE 2013
Em moção de apelo dirigida ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), o vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), apela para que seja incluída a oxigenoterap (...)
Em moção de apelo dirigida ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), o vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), apela para que seja incluída a oxigenoterapia hiperbárica na relação dos tratamentos custeados pelo Estado de São Paulo. O pedido, diz o parlamentar, tem o intuito de "diminuir o sofrimento de nossos cidadãos, garantindo-lhes a qualidade de vida e o direito à vida, assegurado pela Constituição".
No texto que acompanha a moção 10/2013, aprovada em reunião ordinária na noite desta quinta-feira (7), Capitão Gomes explica a importância da oxigenoterapia hiperbárica:
"O aumento na oxigenação do sangue é eficaz no tratamento de pessoas com lesões graves ––como feridas de difícil cicatrização e necrotizantes, esmagamentos, abscessos cerebrais e outros males que causam dor, perda de membros e até mesmo a morte. A afirmação é da Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica, que recomenda o tratamento também para pessoas com intoxicação por monóxido de carbono e inalação de fumaça, como as vítimas da tragédia de Santa Maria (RS).
No entanto, embora comprovado cientificamente, a eficácia da oxigenoterapia hiperbárica ainda é contestada por órgãos de saúde que não a incluem na rede pública, sob a alegação de que o tratamento é alternativo e, por esta razão, não consta na tabela do Sistema Único de Saúde. Nem mesmo os planos de saúde liberam o tratamento, cujas sessões custam em torno de R$ 300 cada.
A falta de recursos para custear um tratamento que pode chegar a 200 sessões tem sido um drama para muitos pacientes que são obrigados a ingressar na Justiça com mandados de segurança para realizar o tratamento, que surte resultados surpreendentemente positivos.
Em Piracicaba, o biólogo Renato Colete é um desses pacientes que está fazendo o tratamento após requerer o direito na Justiça. Diabético há 17 anos, ele corria risco de ter o pé amputado em decorrência de uma enorme ferida que foi ocasionada pela infecção de uma bolha, causada pelo uso de um calçado novo. Desde setembro em tratamento, Colete já consegue caminhar e teve quase a metade do ferimento curado depois das sessões em câmara hiperbárica. "Ele recebe 100 por cento de oxigênio puro e isso faz com que o sangue chegue à ferida, potencializando o efeito antibiótico dos medicamentos", conta o médico Rafael Basso, diretor clínico do Centro Hiperbárico ––clínica particular que está atendendo a casos gravíssimos, mesmo sem a garantia de receber pelos custos do tratamento.
A dona de casa Lizete Aparecida B. Monteiro dos Santos, 53, também luta para conseguir a cicatrização de uma ferida no abdômen, ocasionada por infecção hospitalar após um procedimento cirúrgico no ventre.
O aposentado Galdino Augusto Dias Alvim, 75, também diabético, sofre há quase 15 anos com uma úlcera venosa aberta na perna.
Silvino Duarte Novaes Filho, 64, tem úlcera venosa há 14 anos nas pernas.
Maria do Carmo Cordeiro dos Reis, 68, possui úlcera diabética grave há vários anos e já teve parte do pé amputado.
Luiz Romano Lucano, 60, foi aposentado por invalidez pela amputação da perna esquerda e ainda possui feridas abertas no pé direito.
Além dos casos mencionados, outras dezenas de pessoas sofrem à espera do tratamento que, conforme atesta a Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica, potencializa a ação dos anti-inflamatórios e antibióticos, provocando uma expressiva melhora no tecido afetado.
A oxigenoterapia hiperbárica também é tema de inúmeros trabalhos acadêmicos, dissertações de mestrado, teses de doutorado e já existem diversos artigos científicos publicados em periódicos, revistas especializadas e apresentados em congressos internacionais comprovando sua eficácia.
Segundo especialistas, o tratamento provoca um espetacular aumento da quantidade de oxigênio transportada pelo sangue, na ordem de 20 vezes o volume que circula em indivíduos que estão respirando ar ao nível do mar. Nessas condições, complementam, o oxigênio produz uma série de efeitos de interesse terapêutico ––como o combate a infecções bacterianas e por fungos––, compensa a deficiência de O2 decorrente de entupimentos de vasos sanguíneos ou destruição dos mesmos ––como acontece em casos de esmagamentos e amputações de membros, normalizando a cicatrização de feridas crônicas e agudas––, neutraliza substâncias tóxicas e toxinas e ativa células relacionadas com a cicatrização de feridas complexas.
O Conselho Federal de Medicina, por ocasião da regulamentação da especialidade médica em questão, consolidada através da resolução 1.457/1995, estabeleceu que os doentes portadores das doenças descritas a seguir têm indicação para se submeterem à oxigenoterapia hiperbárica, seja como método principal ou auxiliar aos tratamentos convencionais: abscesso cerebral; doença de Crohn; doença descompressiva; embolia gasosa arterial; feridas de difícil cicatrização; infecções necrotizantes de partes moles; intoxicação por monóxido de carbono e inalação de fumaça; lesões actínicas; lesões por esmagamento e síndrome compartimental; osteomielite crônica refratária; e pneumoencéfalo.
Mas, além de tratar doenças crônicas ––em especial, as feridas de diabéticos que não cicatrizam––, a oxigenoterapia hiperbárica atua diretamente na autoestima das pessoas, devolvendo-lhes o direito ao convívio social, à inclusão, libertando-as, portanto, da discriminação, do preconceito e da reclusão."
TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918
FOTO: Emerson Pigosso / MTB 36.356