Representantes do bairro Santa Olímpia, que está comemorando 120 anos de existência, receberam da Câmara, em reunião ordinária na noite desta quinta-feira (22), a moção de aplausos 105/2012. A homenagem foi proposta pelo vereador Bruno Prata (PSDB) e dirigida ao presidente da comunidade, Milton Stenico, à vice-presidente Elsa Pompermayer Stenico, ao diretor financeiro Edival Correr, ao diretor social Herton Correr, ao diretor de patrimônio Aguinaldo Stenico, à diretora cultural Mirian Cristina Stenico e à secretária Elen Cristina Forti.

"Pela segunda vez estamos recebendo uma moção de aplausos aqui na Câmara", lembrou Milton Stenico, ao falar em nome dos homenageados. Ele agradeceu o reconhecimento e disse que "a comunidade sempre vai trabalhar com toda a garra e toda a força que puder". Até o próximo domingo (25), uma grande festa marcará os 120 anos de Santa Olímpia. As comemorações têm início nesta sexta-feira (23), com reunião solene organizada pela Câmara no próprio bairro a partir das 19h.

Bruno Prata destacou a "alegria e festa permanentes que existem em Santa Olímpia", as danças folclóricas da comunidade e "a lição de vida a todos nós" que os moradores do bairro transmitem. "Um povo sem história é um povo sem memória. São 120 anos de vida e mantendo a tradição, de uma maneira que nos faz admirar essa comunidade. A fraternidade, a solidariedade que tem essa comunidade é algo que nos serve de lição. Que nunca essa tradição desapareça", afirmou.

O bairro foi formado por imigrantes europeus da região de Tirol, ao sul da Áustria (posteriormente anexada ao território italiano). A área fazia parte do Império Austro-Húngaro e era formada por duas províncias: Tirol do Norte e Tirol do Sul, esta última dividida entre Província de Bolzano e Província de Trento. A região trentina carregava características únicas e tinha como idioma predominante o italiano.

No final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, a porção sul do Tirol foi anexada à Itália, passando a ser chamada de "Regione Trentino-Alto Adige". A difícil vida na Europa dos trentinos, somada à constante propaganda do governo brasileiro em busca de mão de obra para substituir os escravos recém-alforriados, favoreceu a vinda de famílias inteiras à América, sobretudo ao Brasil, que os instalou nas regiões Sudeste e Sul, onde passaram a atuar nas lavouras de café.

Assim, acompanhando a família Stenico (cujos membros, pioneiros, já estavam no Brasil desde 1877), em dezembro de 1881 deixaram o Tirol as famílias Correr, Forti, Brunelli, Pompermayer, Degaspari e Christofoletti, hoje nomes tradicionais em Piracicaba. Após desembarcarem primeiramente no Rio de Janeiro e, em seguida, em Santos, seguiram até a Fazenda Sete Quedas, do Visconde de Indaiatuba, em Campinas. Depois de quatro anos de trabalho e encerrados os contratos da fazenda, mudaram-se para Piracicaba, na Fazenda Monte Alegre.

Isso fez com que em 1892 tivesse se iniciado a fundação daquele que seria o bairro Santa Olímpia, que, juntamente com o bairro Santana, transformou a colônia tirolesa de Piracicaba em referência nacional na preservação da cultura, das tradições e dos costumes. O ano de 2012, portanto, marca os 120 anos dessa comunidade.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTOS: Fabrice Desmonts / MTB 22.946