“Eu fui admitido a essa Casa no dia 3 de março de 1959, mas não foi nessa Casa bonita.” Ex-servidor da Câmara, Rubens Vitti relembrou do tempo em que “trabalhava em um prédio super acanhado, que não era digno de agasalhar uma câmara municipal”, salientou, ao enumerar que o espaço tinha uma sala de reuniões, uma sala de presidente, uma secretaria – “bem pequenina”, disse – e um banheiro – “que era uma vergonha”, lembrou.

Ele foi homenageado junto a 10 ex-servidores municipais durante solenidade na manhã desta quinta-feira, 11, para marcar os 200 anos da Câmara e os 255 anos de Piracicaba. Na mesma oportunidade, também foram entregues troféus a nove ex-presidentes.

“Quando comecei a trabalhar, o presidente era o Domingos José Aldrovandi, e éramos eu, o Lino Vitti, o José Gomes e havia um outro funcionário que logo faleceu, então ficamos em três, algum tempo depois, veio uma funcionária da Prefeitura, Dejanira Mattiazzo, e logo depois Maria Ines de Mattos, de saudosa memória, então, foram esses cinco funcionários que tocamos a Câmara naquele prédio por 16 anos, entre 1959 a 1975”, relatou.

Foi em meados da década de 1970 que o Legislativo, na época presidido por Antonio Messias Galdino, realizou a mudança entre o antigo prédio “acanhado”, nas palavras do ex-servidor Vitti, para o prédio principal, com endereço na rua Alferes José Caetano, 834, “e foi quando passamos a precisar de mais funcionários, então outros passaram a ser admitidos que estão aqui comigo hoje, outros que não, outros que faleceram”, disse.

O ex-servidor recorda também das dificuldades materiais na Casa. “A Câmara não tinha recurso, o único recurso era o dedo, umas máquinas de escrever que saíram de algum museu, que eram bem antigas”, conta, ao lembrar das dificuldades em tirar cópias da Ordem do Dia, primeiro com o papel carbono direto na máquina de escrever e mais tarde “com uma máquina de tirar cópia a álcool”, disse, ao se referir ao mimeógrafo. “Os primeiros 16 anos foram os mais difíceis, depois trabalhei mais 15 anos”, concluiu Vitti.

EX-PRESIDENTES - Ao falar em nome dos ex-chefes do Legislativo, o ex-vereador João Manoel dos Santos – que presidiu a casa em quatro gestões da Mesa Diretora – se ancorou na passagem da Bíblia em que Jesus sobe ao monte da transfiguração junto com outros três apóstolos e ouviu dos discípulos, “Mestre, é muito bom estar aqui.” E foi desta forma que ele agradeceu o convite e a homenagem dentro do bicentenário na Casa.

“É muito bom estar aqui, depois de 28 anos de mandato, sendo quatro gestões como presidente, e confesso que não queria passar aqui tão já, ou não mais passar aqui, porque, quando você preside esta Casa, é um momento que você vive e, agora, você resgata um pouco desta história, então eu resgato de quando cheguei aqui, entrei no subsolo, vindo da Paulicéia, são grandes emoções, como diz o rei Roberto Carlos”, disse.

João Manoel elogiou o corpo de servidores da Câmara, “dificilmente você vê servidores tão empenhados em fazer a diferença”, salientou. Ele agradeceu a cidade, a Câmara e a todos os ex-colegas de trabalho, entre eles o atual presidente do Legislativo, vereador Gilmar Rotta (PP), e destacou um diálogo com o vice-presidente da Mesa, Acácio Godoy (PP).

“Ele me disse que quer chegar à metade do que representei nesta Casa, mas eu digo que você fará melhor do que eu e eu quero que todos façam melhor, porque se não pensarmos assim, não estamos pensando em uma sociedade melhor”, disse.

O atual presidente da Câmara, Gilmar Rotta (PP), destacou que todos fazem parte da história do Legislativo. “Nós que estamos trabalhando no dia a dia e lutando para que Piracicaba continue crescendo, e nós, servidores atuais, que estamos nesta Casa, nós temos, sim, que fazer alguma coisa para marcar essa história”, disse, ao enfatizar que, por ter sido a Câmara onde atuou Prudente de Moraes, o primeiro presidente civil do País, “a cidade mostra sua contribuição para a construção da Democracia no Brasil”, disse.

Primeira-secretária da Mesa Diretora, a vereadora Ana Pavão (PL) quebrou o protocolo da solenidade para agradecer ao presidente Gilmar. “É bíblico que nós devemos honrar as pessoas, que merecem ser lembradas e que estão na história de Piracicaba”, disse. “Me orgulho em fazer parte da sua mesa, que não deixa escapar uma coisa errada”, finalizou.

HOMENAGEADOS - Foram homenageados os ex-servidores Anita da Conceição Thomaziello, representa pela neta Isabela Thomaziello; Dezidério Paparotto Neto, Jorge d’Assunção Severino Rodrigues, Margarida Vitti Negri, Maria Ângela do Amaral, Maria de Lourdes Messias de Souza, Maria Lúcia da Silva Rodrigues, Marli Aparecida Melega Albano de Paula, Monica Rodrigues de Faria, Rubens Vitti e Sueli Maria Angeleli Barbary.

Dentre os ex-presidentes homenageados foram Adalberto Felício Maluf (exerceu dois mandatos de vereador, de 1977 a 1988, e um mandato de presidente, de 1985 a 1986); Antonio Messias Galdino (dois mandatos de vereador, de 1973 a 1982, e um mandato de presidente, de 1975 a 1976); Antonio Oswaldo Storel (três mandatos de vereador, de 1997 a 2008, e um mandato como presidente, de 2001 a 2002); Francisco Rogério Vidal e Silva (um mandato de vereador, de 1989 a 1992, e um mandato de presidente de 1991 a 1992); Irineo Ulisses Bonazzi (três mandatos de vereador, de 1977 a 1992, e dois mandatos de presidente, de 1983 a 1984 e de 1989 a 1990); João Manoel dos Santos (sete mandatos de vereador, de 1989 a 2016, e quatro mandatos de presidente, de 2003 a 2004, 2007 a 2008, 2011 a 2012 e 2013 a 2014); Jorge Rodrigues Martins (cinco mandatos por vereador, de 1983 a 2004, e um mandato de presidente, de 1999 a 2000); José Aparecido Longatto (oito mandatos de vereador, de 1989 a 2020, e um mandato de presidente, de 2009 a 2010); e Vanderlei Luiz Dionísio (três mandatos de vereador, de 1989 a 2000, e um mandato de presidente, de 1995 a 1996).