27 DE JUNHO DE 2024
Módulos I e Intermediário tiveram encerramento nesta quarta-feira, com avaliação positiva dos participantes
Curso de Libras Intermediário teve encerramento de módulo na tarde desta quarta-feira
A inclusão de pessoas surdas na sociedade e o conhecimento da língua utilizada por elas foram as propostas dos cursos Libras I e Intermediário, oferecidos gratuitamente pela Escola do Legislativo, da Câmara Municipal de Piracicaba, em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP).
Com aulas teóricas e práticas que treinaram competências comunicativas através do uso da língua brasileira de sinais, os cursos Libras I e Intermediário, em formato presencial, tiveram, respectivamente, 40h e 80h de carga horária e abordaram conteúdos que incluíram conceitos básicos, história dos surdos, cultura surda e legislação.
O encerramento dos módulos ocorreu nesta quarta-feira (26), em mais um encontro na sala de aula da Escola do Legislativo, no prédio anexo da Câmara. Diretor da Escola, o vereador Pedro Kawai (PSDB) disse que a ideia de trazer à Casa de Leis tais ações de inclusão social partiu de um grupo de servidores da Câmara que são deficientes ou que têm familiares com deficiência.
"Eles apresentaram algumas propostas e, então, abraçamos a causa. A Câmara trouxe algumas entidades que trabalham com pessoas com deficiência e que realizaram visitas nas casas e conheceram as dificuldades delas para que pudessem atender adequadamente. Foi criado, então, um plano de retorno à Casa de Leis e, aos poucos, estão desenvolvendo trabalhos internos para ajudar a sociedade", disse o parlamentar.
Ao falar sobre como antes voluntários se tornavam professores em libras, Vilma de Jesus da Conceição, docente no IFSP, disse que a maioria iniciava no universo das pessoas surdas por meio do contexto religioso da igreja. "Isso faz parte da história da libras. Antigamente não havia cursos, não era desenvolvido como hoje."
Vilma relatou que teve um "despertar" para a cultura dos surdos após ter contato com essas pessoas dentro da igreja e que sentiu vontade de fazer "algo mais" por elas. "Eu pensava: eu posso fazer o 'algo mais', posso ir para a sociedade, não ficar apenas dentro da igreja", contou a hoje professora, que, a partir de então, começou os estudos na área e obteve a formação.
Ela, no entanto, frisou que "hoje a sociedade está diferente e começa o passo inverso". "Primeiro a sociedade vai para um curso em busca de aprendizado e, só depois, vai buscar o contato com o surdo, participando de associações ou de igrejas."
Quanto aos trabalhos desenvolvidos, Vilma explicou que busca, em suas aulas, fazer os participantes não só aprenderem sinais ou dialogarem, mas conhecerem quem é a pessoa com quem querem se comunicar ou ajudar. Ela citou exemplos de erros comuns que a sociedade comete por falta de conhecimento.
"É errado falar 'surdo-mudo'. É 'surdo' ou 'pessoa surda'. 'Linguagem de sinais' também é errado; o correto é 'língua de sinais'." Vilma enfatizou que, como os alunos serão "multiplicadores de conhecimento pela sociedade", é importante que eles conheçam a forma correta de se expressar quando em contato com uma pessoa surda.
A assistente social Maíne Osti Tatarcenkas, uma das participantes do curso Libras Intermediário, disse que sempre teve interesse pela língua de sinais, mas não encontrou oportunidades até saber do curso na Escola do Legislativo. "No início, achava bonito, mas não entendia a cultura surda. O curso me ajudou a ter uma imersão e entender de fato a necessidade que essas pessoas têm de estar inseridas no cotidiano em que vivemos", disse.
Lucas de Souza Arantes, assistente de cerimonial da Câmara, contou um episódio pelo qual passou em sua função. "Já houve uma situação em que recebemos alguns surdos num evento. Não ter a libras como segunda língua foi um problema notado por todos os servidores. Esse curso ofertado pela Casa foi um presente para mim. É uma alegria ter compartilhado esse período com tantas pessoas interessadas, querendo aprender e trabalhar mais a inclusão, não só no ambiente profissional, mas de forma geral na sociedade."
Vilma disse que até hoje continua a estudar na área e que tem "muito a agradecer à comunidade surda pelo acolhimento". "É uma paixão, um amor incondicional por essa área e pelo povo surdo que me acolheu. É uma alegria muito grande poder contribuir, oferecer as minhas mãos, os meus conhecimentos para uma melhor qualidade de vida para eles também."
A professora citou, entre as instituições que promovem cursos de libras para pessoas que querem aprendê-la, a Apaspi (Associação de Pais e Amigos dos Surdos de Piracicaba), a Assupira (Associação de Surdos Libras Piracicaba) e o próprio IFSP. "Se cada pessoa pudesse multiplicar em seu ambiente o conhecimento aprendido, teríamos uma sociedade melhor e mais acolhedora. Depende de cada um dizer: 'Eu quero', finalizou Vilma.