17 DE OUTUBRO DE 2017
Organizado pela Escola do Legislativo, debate aconteceu na tarde desta terça-feira (17), no salão nobre Helly de Campos Melges
Com a proposta de apresentar um modelo de desenvolvimento no qual as cidades sejam construídas “na proporção das pessoas”, a Escola do Legislativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, coordenada pela vereadora Nancy Thame (PSDB), realizou na tarde desta terça-feira (17), no salão nobre Helly de Campos Melges, a palestra “Pensando o Território – Desenho Urbano Como Instrumento de Segurança Pública”.
“O crescimento de cidade segregada já está tendo um grande problema”, diz o arquiteto Alex Marques Rosa, membro do CPTED – Grupo Sobre Prevenção do Crime Através do Desenho Ambiental. Ele defendeu que há um ambiente hostil para o ser humano, o que cria, por exemplo, calçadas inóspitas aos pedestres. “O que era para ser solução, torna a cidade mais insegura”, disse, ao sugerir uma cidade mais humanizada.
Marques Rosa lembrou que o problema não é localizado em algumas cidades, mas destacou que há toda uma engrenagem que contribui para a formação deste ambiente hostil. “A novidade (neste debate) é que existe um novo entendimento”, disse, ao citar a Nova Agenda Urbana, pactuada entre diversos países, em que compartilham uma visão de cidade para todos, com assentamentos humanos mais seguros e saudáveis.
O engenheiro agrônomo Marcelo Leão destacou pesquisa sobre a arborização urbana, que, segundo ele, não se trata apenas em plantar árvores baseado na quantidade de mudas, mas está ligada a um planejamento dentro de um perímetro urbano. “Vegetação mal planejada pode se tornar um problema”, disse. “Arborização depende de cuidado, controle de pragas e outras questões ligadas ao manejo”, ressaltou.
Ele lembrou que a participação da população é essencial no desenvolvimento de diagnóstico e busca por soluções. “É fundamental a participação tanto na forma organizada quanto de maneira individualizada”, defendeu, ao lembrar do envolvimento de concessionárias de energia elétrica, universidades e institutos de pesquisa.
A publicitária Miriam Rother, doutora em Ecologia Aplicada, apresentou estudo sobre as características dos ciclistas em Piracicaba. “A mobilidade urbana, pelos padrões da política nacional, prevê conceitos de mobilidade social e os direitos da população. Não adianta a cidade ter um teatro e não ter as pessoas chegarem lá”, disse.
Ela criticou a falta de implementação das políticas públicas deste segmento. “Embora exista o Plano de Mobilidade de Piracicaba, o que tem acontecido é que a cidade continua trabalhando no sentido de dar circulação ao automóvel e transporte individualizado e não no transporte coletivo”, destacou.
Miriam também criticou o que chamou de “lendas” sobre os ciclistas em Piracicaba. Primeiro, de que a topografia da cidade não seria apropriada ao uso das bicicletas como transporte. “A primeira reclamação desta população não é com as subidas, mas é com o calor, que poderia ser amenizado com melhor arborização”, disse.
A engenheira florestal Ana Maria de Meira Lello lembrou que o desenho urbano tem que ser capaz de atender as necessidades físicas e sociais do cidadão. “A gestão ambiental é muito intrínseca ao gerenciamento do espaço urbano”, destacou. “A gente tem naturalizado as imagens de caos social e não pensa se essas estruturas são funcionais”, disse.
Ela sugere que as transformações do espaço urbano devem nascer da parceria entre as comunidades e o poder público. “Às vezes as coisas são mais simples do que parece, por isso é importante pensar o território da escala comunitária, da formação de redes e potencializar as confianças das pessoas”, destacou.
A vereadora Nancy Thame (PSDB) lembrou da importância da Escola do Legislativ como ambiente de debate e defendeu o papel da Câmara na busca por novas propostas.
O evento também contou com a participação da vereadora Adriana Cristina Sgrigneiro Nunes, a Coronel Adriana (PPS).