A dedicação aos mais necessitados e o modo de viver franciscano foram os traços mais lembrados do frei Francisco Erasmo Sigrist (1932-1998), 20 anos após sua morte, completados nesta quinta-feira (18). Na véspera da data jubilar, uma solenidade no salão nobre da Câmara, promovida pela vereadora Nancy Thame (PSDB), reuniu familiares e admiradores do religioso que, por onde passou, de Indaiatuba (SP) a Piracicaba, deixou um legado que permanece vivo na memória de quem conviveu com ele.

Frei José Orlando Longarez, hoje vigário do Santuário de Fátima, em São Paulo (SP), recordou a participação do amigo em sua vida, quando ambos estavam em Piracicaba. "A saudade talvez fale mais que as minhas palavras. Frei Sigrist foi meu primeiro mestre a superar o medo de conviver com os pobres e no meio deles", afirmou o religioso, que lamentou que hoje, na cidade, "não existam mais frades que vivam com os pobres".

Autora da solenidade em memória dos 20 anos da morte de frei Sigrist, na noite desta quarta-feira (17), Nancy falou das marcas deixadas pelo religioso. "Sentimos saudades, mas celebramos o privilégio de ter tido uma pessoa com esse exemplo junto de nós", enfatizou.

A vereadora contou que conheceu o franciscano por meio de seu marido, Antonio Carlos de Mendes Thame, na época em que foi prefeito de Piracicaba. "Ele me disse: 'Você tem que conhecer o frei'. Fomos até o barraco e vi as portas abertas, as crianças começavam a circular, entravam por uma porta e saíam por outra. Voltei algumas vezes, em uma delas levamos curso de jardinagem lá", disse a parlamentar, que ganhou do frei uma palmeira, desde então plantada em sua casa.

Nancy salientou que a lembrança do amor pelas pessoas, cultivado pelo religioso, "vem num momento muito especial" e que rememorar a história dele serve para perpetuá-la "em nossos corações". "Acho que frei Sigrist está recebendo tudo o que nos doou", afirmou a vereadora, após citar frase de São Francisco de Assis: "Quem a tudo renuncia tudo receberá".

Procurador da Diocese de Piracicaba, o padre Sebastião Luiz de Souza comentou que, nas comunidades onde celebrava missas, vários fiéis diziam sentir saudades de frei Sigrist. "Era impressionante como ele atendia todas as pessoas, como era um homem totalmente doado para os pobres e a evangelização. Com seu modo de viver, provoca a todos nós para repensarmos nossa vida e estarmos comprometidos com os que mais necessitam."

Durante a solenidade, foram reconhecidas pela Câmara pessoas que foram próximas ao religioso ou deram continuidade à sua obra: Claudinei Pollesel, Joana Maria de Jesus, José Batista Alves, Márcia Gondim Dias Pacheco, Maria Conceição Celso Teixeira, Salvador Maurício de Souza, o Coral Jodlerklub Helvetia, a Colônia Helvetia, a comunidade do Jardim Glória, onde o frei atuou, e a família Sigrist, que depois também homenageou Nancy.

"Céu e terra estão unidos nesta noite santa e memorável. Celebramos hoje 20 anos da Páscoa definitiva de frei Sigrist, sem tristeza, só com gratidão, alegria e saudade. Todos que o conheceram, em vida ou mesmo agora, perceberam na pele que se aproximar dele não é fácil: é assumir o compromisso claro e inequívoco com o evangelho, é colocar a mão na massa e não olhar para trás", declarou Claudinei Pollesel, ao falar em nome dos homenageados.

O Coral Jodlerklub Helvetia, de Indaiatuba, apresentou canções típicas em homenagem a frei Sigrist. Também estiveram presentes na solenidade o secretário municipal de Defesa do Meio Ambiente, José Otávio Machado Menten; o presidente da Emdhap (Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba), João Manoel dos Santos; a vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Piracicaba, Luciene Aguiar; e a vice-presidente do Centro de Documentação, Cultura e Política Negra de Piracicaba, Marilda Soares.