A Câmara de Piracicaba, conforme iniciativa do vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT), na reunião ordinária de ontem (20) aprovou o teor da Moção (112/10), de Apoio à SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) pela realização do Fórum de Clubes Negros do Estado de São Paulo, no dia 10/09/10 na cidade de Araraquara.

A consideração é que embora mais de um século já tenha se passado desde a abolição da escravatura no Brasil, pouco mudou em relação à situação do negro na sociedade. A busca e a conquista de mais espaços pelos negros na política e em outros setores da sociedade constituem um caminho de mão dupla. "O negro passa a se enxergar em áreas que antes não via".

Marginalizados, ainda hoje os negros e mulatos brasileiros disputam um lugar ao sol, tentando se libertar dos grilhões invisíveis do racismo e da discriminação. O desafio sempre presente para o movimento negro é a unificação da cultura com a política, mas diferenciando-se a cultura do folclore e tendo-a como base valorativa da atividade ético-política.

Os Clubes Sociais Negros se transformam em espaços associativos de convívio social do grupo étnico afro-brasileiro. Voluntariamente constituídos, têm caráter beneficente, recreativo e cultural, e desenvolver atividades em espaços físicos próprios.  Os primeiros clubes surgiram no fim do século 19, logo depois da abolição da escravatura, época em que os negros eram freqüentemente barrados em lugares de lazer da sociedade da época. Nasceu como uma forma de resistência ao sistema escravagista ainda vigente.

Os espaços, mantidos pelos próprios associados, contam a história dos negros brasileiros por meio de documentos, fotografias, livros e pela memória dos integrantes por isso, se faz necessário a realização do Fórum de Clubes Negros do Estado de São Paulo, que levantará as principais demandas dos Clubes do nosso Estado, mapeará as entidades existentes.

A realização do Fórum viabilizará também a criação de uma rede dos Clubes Sociais Negros do Estado com vistas a implementar melhorias coletivas para estes espaços de memória da Cultura Africana e Afro-Brasileira visando principalmente a operacionalização de projetos e programas de melhorias das condições de vida da comunidade negra, estabelecer relações entre passado e presente, discutindo mudanças e permanências nas relações, ampliando o conceito de cidadania, discutindo questões como respeito à diversidade, religiosidade e sincretismo, preconceito, direitos e inclusão social.

Martim Vieira Mtb 21.939

Foto: Fabrice Desmonts Mtb 22.946