Dança típica e música com sotaque tirolês marcaram a sessão solene em comemoração aos 120 anos do bairro Santana. Conhecida pela manutenção das tradições trentinas, a comunidade trouxe para a Câmara de Vereadores seus grupos folclóricos e recebeu, das mãos do vereador Gilmar Rotta (PMDB), as homenagens na noite de sábado (5).

As homenagens foram entregues aos moradores mais antigos do bairro: Amália Vitti, de 85 anos; Domingos Vitti, de 84 anos; Guiomar Vitti e Zenaide Forti, ambas de 83 anos; Olímpia Vitti, de 81 anos; e Maria Emília Vitti, de 70 anos. 

Além deles, o operador de máquinas da Caterpillar, José Carlos Correr, recebeu o título honorífico de líder comunitário pelo trabalho voluntário na presidência da Associação de Moradores de Santana e na coordenação do projeto de futebol União Trentina Esporte e Vida Diga não às Drogas.

Após a execução do Hino Nacional Brasileiro, os convidados acompanharam o Hino de Santana, de autoria do poeta Lino Vitti, na voz de Alessandra Vitti e com Moisés Jacob Vitti ao saxofone. Houve apresentações do Gruppo Musicale Avanti Trentini e do Grupo de Dança Juvenil Cortesano. 

Uma das prerrogativas da Câmara é também reconhecer o empenho de pessoas que ajudam a manter as tradições na cidade, destacou Gilmar Rotta. “Santana não é apenas um bairro, é uma grande casa acolhedora, simpática e fiel. Um bairro que pode ser conhecido pelo olhar dos moradores. Um olhar sempre feliz, carinhoso e prestativo.”

Quem subiu à tribuna para reverenciar a atuação de José Carlos Correr foi Solange Maria Negri. “É um grande líder, todos percebemos as melhorias do nosso bairro nos últimos anos. É um homem sério e honesto, que conquistou nosso respeito e admiração. Santana continua precisando do seu trabalho”, disse, ao citar ainda aspectos curiosos de cada um dos homenageados. “O exemplo de vida das pessoas é o que nos faz caminhar”, declarou.

Rose Massarutto, secretária de Turismo de Piracicaba, representou o prefeito Gabriel Ferrato. Ela disse ter admiração pela história do bairro e estilo de vida dos moradores. “Vocês tem uma coisa muito importante: o sentido de comunidade, que se perdeu muito nos dias atuais. É bom para que a gente reflita sobre o quanto juntos podemos construir muitas coisas.”

Na solene compareceram também os vereadores Dirceu Alves da Silva (PPS) e Chico Almeida (PT), a assessora do deputado Roberto Morais, Luciana Cristina Vitti; o presidente do Circolo Trentino di Piracicaba, Silvério Vitti, o vice-presidente da Associação de Moradores de Santana, Maurício Daniel Vitti; e integrante do conselho econômico da Igreja de Santana, Dirce Vitti.

PRESERVAÇÃO DAS RAÍZES – Distante cerca de 15 quilômetros do Centro, Santana foi fundada em 1893 pelas famílias de Bortolo Vitti e Francesco Forti, que adquiriram a Fazenda Sant’Ana. Provenientes da região trentina do Tirol, então Império Austro-húngaro, eles foram atraídos ao Brasil pela promessa de prosperidade. À época, o imperador Dom Pedro 2º incentiva a vinda de colonos do Norte da Itália e do Tirol para a manutenção das fazendas de café. 

A fazenda prosperou e se tornou um bairro repleto de cultura e história. O cultivo do café e do algodão deu lugar para a cana-de-açúcar. Hoje são aproximadamente 860 habitantes, de zero a 110 anos, todos alfabetizados.

A preservação das raízes é ponto forte da comunidade, que mantém o dialeto tirolês, assim como danças típicas, culinária, músicas e canções de montanha. No bairro funcionam a Banda Nostalgia, para difundir o legado musical dos “nonos”; o Grupo de Dança Nostalgia, com coreografias folclóricas; e o Coral Mazzolin Di Fiori, com repertório da região de Trento.

As festas em Santana atraem visitantes de toda a região e são conhecidas pela tranquilidade e organização. Entre elas está a Cucagna, celebrada na terça-feira de Carnaval; a Festa do Vinho, no mês de junho, com a comercialização do vinho artesanal produzido pelos moradores; e o Mercadin di Natale, em dezembro, com produtos artesanais voltados para temas e símbolos natalinos.