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24 DE FEVEREIRO DE 2023

"Tabagismo é uma prisão", alerta médica em palestra na Câmara


Palestra ministrada pela médica cardiologista Juliana Barbosa Previtalli foi promovida, em formato on-line, na tarde desta sexta-feira (24), pela Escola do Legislativo



EM PIRACICABA (SP)  

Juliana Barbosa Previtalli, médica cardiologista e criadora da campanha antitabagismo "Paradas Pro Sucesso"

Juliana Barbosa Previtalli, médica cardiologista e criadora da campanha antitabagismo "Paradas Pro Sucesso"

Juliana Barbosa Previtalli, médica cardiologista e criadora da campanha antitabagismo "Paradas Pro Sucesso"

Juliana Barbosa Previtalli, médica cardiologista e criadora da campanha antitabagismo "Paradas Pro Sucesso"

Pedro Kawai e Juliana Previtalli

Pedro Kawai e Juliana Previtalli
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Juliana Barbosa Previtalli, médica cardiologista e criadora da campanha antitabagismo "Paradas Pro Sucesso"





O enfrentamento ao tabagismo, principal causador de mortes evitáveis em todo o mundo segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), foi o tema da palestra “Tabagismo: Precisamos Falar Sobre Esse Assunto”, promovida na tarde desta sexta-feira (24) pela Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Piracicaba.

A aula expositiva, ministrada pela médica cardiologista Juliana Barbosa Previtalli, do corpo clínico da Santa Casa de Piracicaba e idealizadora do projeto antitabagismo "Paradas pro Sucesso", foi realizada em formato on-line e teve retransmissão simultânea no YouTube da Escola.

"A Escola do Legislativo busca a integração com a sociedade por meio da discussão de políticas públicas, buscando a construção de uma parceria entre a sociedade civil e o poder público através de cursos, de palestras, e da formação da sociedade e dos nossos servidores. Todas as atividades são gratuitas e vocês são sempre bem-vindos", disse na abertura do evento o vereador Pedro Kawai (PSDB), diretor da Escola.  

Malefícios do cigarro – Apesar de ser amplamente difundido que cigarro faz mal à saúde, nem sempre a magnitude dos impactos de seu consumo é totalmente contabilizada. “O tabaco mata até metade de seus usuários”, destaca Juliana Previtalli.

Além das mortes relacionadas ao consumo direto do tabaco, a exposição à fumaça do cigarro afeta também aqueles que não fumam: “no mundo, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a estimativa é de que mais de 8 milhões de pessoas morram por ano em decorrência do tabaco. Desse total, cerca de 1,2 milhão de mortes são resultado da exposição de não-fumantes ao fumo passivo”, acrescenta a médica.

Ainda de acordo com a cardiologista, o tabagismo traz também uma série de danos ao organismo, seja pela ação direta da nicotina, seja pelo contato com alguma das mais de 4 mil substâncias químicas encontradas no cigarro, como por exemplo o aumento na incidência de cânceres de pulmão, de boca, faringe, laringe, traqueia, esôfago, rins, bexiga, colo de útero e de pele.

“O tabagismo também aumenta a pressão arterial, a frequência cardíaca, e reduz a oxigenação do coração. O consumo do cigarro também aumenta em 70% o risco de doenças das coronárias, como angina e infarto do miocárdio, em 10 vezes o risco de tromboembolia venosa e infarto em mulheres que tomam anticoncepcionais, além de aumentar o risco de má circulação nas pernas, de impotência sexual, e, em 300%, o risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou derrame cerebral”, diz.

A dependência – De acordo com Juliana Previtalli, a pessoa começa a fumar por uma escolha própria. No entanto, com o passar do tempo, o fumante fica cada vez mais dependente do cigarro, tanto fisicamente quanto psiquicamente, tornando a questão ainda mais complexa.

“O tabagismo causa dependência física, o organismo se acostuma a receber certa dose de nicotina, e quando o fumante fica longe do cigarro, entra a crise de abstinência, que gera grande desconforto. São esses sintomas da abstinência que tornam difícil largar o cigarro. E existe a dependência emocional também. Muitas vezes o tabagista não sente falta do cigarro, mas está em uma situação estressante, sozinho, e usa o cigarro para “aliviar” esse sintoma. O inverso também acontece, em uma comemoração, em uma situação alegre e feliz, acende o cigarro. É dual, 8 ou 80, fuma em situações boas e ruins... E há também a questão comportamental, de hábitos, como fumar depois das refeições, depois do café, em situações de espera, para ir ao banheiro e em outras situações. É um comportamento, uma dependência gerada pelo cigarro”, explica.

Como parar de fumar -  Segundo a médica, o primeiro passo para um fumante deixar de lado a dependência do cigarro é querer parar, é estar disposto a buscar tratamento. Na rede pública de saúde do município, segundo Juliana Previtalli, existem Unidades Básicas de Saúde que possuem profissionais capacitados para oferecerem esse tipo de tratamento, que envolve, além da conscientização sobre a importância de se abandonar o uso do tabaco, a oferta de medicamentos específicos. “Somente 5% dos indivíduos que conseguem parar de fumar conseguem de forma solitária, sem ajuda”, lembra a cardiologista ao destacar a importância do acompanhamento médico especializado.

“O tratamento, basicamente, leva 3 meses. O médico, geralmente, prescreve um medicamente, que é gratuito pelo SUS. O mais conhecido e disponível hoje em dia no Brasil chama-se Bupropiona. Esse medicamente é dado, geralmente, para aqueles que consomem mais de 10 cigarros por dia, e é associado com uma reposição nicotínica na forma de adesivos, que são colocados diariamente no paciente e reduzem a sensação de mal-estar de ficar longe do cigarro. A partir de 7 dias ela deixa de fumar, e vamos fazendo a manutenção e a redução gradativa do adesivo”, acrescenta.

Além da vontade de deixar o cigarro e do acompanhamento profissional adequado, de acordo com ela, a realização de exercícios físicos, consumir alimentos saudáveis, não ter cigarros em casa e evitar “gatilhos”, como álcool e café, são algumas dicas que ajudam no sucesso do tratamento. Manter o foco e o pensamento nos benefícios que a mudança de hábito traz a médio e longo prazo também auxiliam no abandono do cigarro.

Por fim, ela conclui: “o médico e o paciente têm que dar a mão um ao outro. Se o paciente puder trazer alguém da família ou um amigo para a consulta, essa figura, como se fosse uma madrinha ou padrinho, isso também é fundamental, traz ainda mais apoio (...) A dependência, o tabagismo, é uma prisão para o indivíduo. O fumante sabe das coisas ruins que o cigarro provoca, ele percebe no corpo aquilo que está acontecendo, mas o vício é mais forte do que ele. No entanto, existe, sim, uma maneira organizada de se fazer isso, para que ele, ao final desse tratamento, fique livre da substância e, realmente, se torne um ex-tabagista”.



Texto:  Fabio de Lima Alvarez - MTB 88.212
Supervisão:  Rebeca Paroli Makhoul - MTB 25.992


Escola do Legislativo

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