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08 DE OUTUBRO DE 2020

Professora fala dos desafios e potenciais do ensino remoto emergencial


Para Luciana Romano, professora de inglês há mais de 16 anos, a paralisação das aulas presenciais impactou tanto a rotina dos professores como a dos estudantes.



EM PIRACICABA (SP)  

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Luciana Romano participou de live no Instagram do Parlamento Aberto





Desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, quando a necessidade do distanciamento social forçou a adoção do ensino remoto, instituições de todo o país concentraram-se em buscar alternativas para viabilizar o ensino a distância. Acostumados com aulas presenciais, os professores tiveram de se reinventar e aprender novos formatos de transmitir conteúdo: pela internet, pela TV, por aplicativos, por mensagens e por redes sociais.

Para Luciana Romano, que leciona inglês há mais de 16 anos, a paralisação das aulas presenciais impactou tanto a rotina dos professores como a dos estudantes. “Manter a atenção e o interesse do aluno, já que dentro de casa há uma série de distrações, é um desafio diário. Outro ponto foi entender e assimilar a enxurrada de informações sobre o funcionamento das novas plataformas”, contou, em live transmitida nesta quarta-feira (7), no Instagram do Parlamento Aberto.  

Segundo ela, há uma grande diferença entre o ensino a distância (EAD) e o ensino remoto emergencial, adotado em decorrência da pandemia da Covid-19. “O ensino a distância é planejado para acontecer no ambiente virtual; já o emergencial, como a própria palavra diz, não. Não é possível fazer apenas uma 'live' do conteúdo, mas, sim, pensar em tornar o aprendizado mais acessível e interessante ao aluno, principalmente para as crianças.”

Outro problema acarretado pela conversão digital feita às pressas foi a dificuldade de comunicação entre professores e alunos. O on-line exigiu mudanças estruturais na forma com que profissionais do ensino transmitem conhecimento. “No olhar já conseguimos perceber a dificuldade do aluno. O ensino a distância limitou o contato tête-à-tête. Tivemos que nos tornar, em pouco tempo, além de professores, atores. Pelo computador, a atuação deve ser redobrada em atrair a atenção do aluno que, na maioria das vezes, nem chega a abrir o microfone ou a câmera”, pontuou.

Reclamar das mudanças repentinas e dos prejuízos trazidos por elas, no entanto, tem pouca ou nenhuma eficácia. Para Luciana, adaptar-se aos novos formatos não é tão simples, mas é, definitivamente, possível. “É preciso muito jogo de cintura. Ou eu fico me lamentando, clamando pela volta das aulas presenciais, ou eu posso, em meio às diversidades, me transformar em outro tipo de profissional: a que consegue ensinar dos dois jeitos, tanto on-line, quanto presencial”, refletiu.

Além disso, conforme avaliou Luciana, as pessoas são adaptativas e, em meio à necessidade, criaram o hábito de consumir produtos digitais, o que se estende também à educação. “O ensino de idiomas, especialmente o de inglês, aumentou consideravelmente durante este período. Esse fenômeno foi um divisor de águas para as metodologias de ensino. O ensino híbrido, que promove uma mistura entre o ensino presencial e propostas de ensino on-line –ou seja, integrando a educação à tecnologia–, já não é mais uma tendência, veio para ficar”.

As vantagens, segundo ela, são inúmeras. “Eu, por exemplo, consigo ensinar pessoas de fora da cidade. O leque de possibilidades abriu bastante, assim como o mercado”, afirmou. O modelo de ensino híbrido também propicia aos estudantes o controle sobre tempo, local, caminho e ritmo, nos quais eles podem acessar os conteúdos e as instruções. Assim, a metodologia traz autonomia e otimiza o tempo para aquisição de informação.

Em contrapartida, as desigualdades sociais e as fragilidades da política educacional brasileira foram escancaradas durante o mesmo período. “Não há como comparar o ensino particular ao ensino público, que é muito defasado. Professores e alunos fazem o que podem, mas quem estava em desvantagem ficou em maior desvantagem ainda, e o que já era desigual ficará ainda mais desigual”, ponderou.

ACESSE O CONTEÚDO - As lives do programa Parlamento Aberto são realizadas no perfil do Instagram, que pode ser acessado em @parlamento_aberto. As entrevistas também podem ser conferidas no canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba e, ainda, no podcast produzido pela Rádio Câmara Web. Para receber as informações do Parlamento Aberto direto no celular, cadastre-se na lista de transmissão do Whatsapp neste link.



Texto:  Raquel Soares


Parlamento Aberto Coronavírus

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