
12 DE ABRIL DE 2011
Uma reportagem exibida no "Globo Repórter", da Rede Globo, no último dia 1º, motivou o vereador Walter Ferreira da Silva, o Pira (PPS), a buscar informações sobre o (...)
Uma reportagem exibida no "Globo Repórter", da Rede Globo, no último dia 1º, motivou o vereador Walter Ferreira da Silva, o Pira (PPS), a buscar informações sobre o horário de trabalho da médica ginecologista Maria Cristina Petrini. Segundo a denúncia, a profissional trabalharia 241 horas por semana (que, na realidade, tem 168 horas) e teria quatro empregos públicos, quando a lei permite, no máximo, dois. Em Piracicaba, Maria Cristina atende na Unidade Básica de Saúde do Jardim Planalto. De acordo com a reportagem, a médica não estaria cumprindo seu horário de trabalho, que é entre 11h e 16h às segundas, quartas, quintas e sextas-feiras.
Após a divulgação do caso, a médica, segundo a Rede Globo, teria pedido demissão de dois empregos. A mesma reportagem reconhece, porém, que a fonte de onde foram retiradas as informações que fundamentaram a denúncia (o site do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde) está desatualizada, podendo conter dados incompletos ou repetidos.
No requerimento 213/2011, aprovado em reunião ordinária na noite desta segunda-feira (11), Pira questiona se a Secretaria Municipal de Saúde tem acompanhado o trabalho de Maria Cristina e se alguma atitude será tomada por conta da denúncia veiculada pelo "Globo Repórter". O vereador também quer saber qual é a carga horária prevista para a médica e em quais dias e horários ela deveria estar atendendo a população na UBS do Jardim Planalto. Pira ainda pergunta se está em andamento alguma proposta da Secretaria para que os horários dos médicos da rede pública sejam cumpridos e fiscalizados.
Ao discutir o requerimento, Pira explicou o motivo que o levou a questionar a conduta de Maria Cristina e da Secretaria. "Sempre digo que o requerimento é o documento mais importante que a Casa pode fazer na questão de fiscalização. Vamos ver se a verdade está com a Globo ou com a médica", disse o vereador, que ressaltou a boa avaliação que a médica tem entre os usuários da UBS do Jardim Planalto. "Não estou falando nada contra a médica, estou apenas fazendo o requerimento que Piracicaba pede. As perguntas minhas são baseadas no que ela faz dentro do posto de saúde", completou.
De opinião semelhante, o vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT) disse que, apesar de votar favoravelmente ao requerimento, não poderia condenar a médica antes de dar a ela o direito de se defender. "Os moradores do Jardim Planalto não reclamam do atendimento. Não estamos fazendo juízo antecipado da correção ou incorreção da conduta de uma profissional."
Paiva ainda relacionou as diferenças do trabalho de quem presta atendimento num posto de saúde e de quem atua num pronto-socorro. No primeiro caso, o médico segue uma agenda predeterminada de consultas, tendo que, em tese, apenas cumpri-la, independentemente do tempo que os atendimentos de um dia de trabalho levam, sendo indiferente ficar uma ou quatro horas na unidade. Já no pronto-socorro o profissional necessita ficar o tempo que lhe é estabelecido. "No posto de saúde, o atendimento é todo agendado. No pronto-socorro, não: o médico tem que ficar na espera de uma ocorrência extraordinária", comparou.
Carlos Alberto Cavalcante, o Carlinhos (PPS), e Laércio Trevisan Júnior (PR) também falaram sobre o requerimento. "Cada médico atende, por hora, quatro pacientes. É comum faltarem pacientes no período de plantão do médico. É preciso que alguns médicos fiquem mais um tempo para atendimento emergencial", propôs Carlinhos. "Há quem defenda: "É uma boa médica". Como pode ser boa se não cumpre o horário de serviço? Quem, em sã consciência, pode subir a esta tribuna e defender que isso é o certo? Temos que ter seriedade e fiscalização", ponderou Trevisan.
TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918
FOTO: Gustavo Annunciato / MTB 58.557