
30 DE MAIO DE 2011
Os vereadores André Bandeira (PSDB), Ary de Camargo Pedroso Júnior (PDT) e Bruno Prata (PSDB) se emocionaram ao falar da trajetória de Walter Ferreira da Silva, o P (...)
Os vereadores André Gustavo Bandeira (PSDB), Ary de Camargo Pedroso Júnior (PDT) e Bruno Prata (PSDB) se emocionaram ao falar da trajetória de Walter Ferreira da Silva, o Pira (PPS), que morreu na madrugada do último sábado (28). Ary, que é médico, comentou sobre como foram os dias em que o parlamentar esteve internado na Santa Casa. "Muitas vezes, Pira me chamava no canto e, com a voz embargada, falava: Ary, por favor, não me abandone, porque eu acredito em você, sei que você vai me ajudar, vai me tirar dessa", contou Ary, com os olhos marejados. Confira abaixo o que disseram os vereadores Bandeira, Ary e Prata durante a reunião ordinária especial em memória a Pira, realizada na noite desta segunda-feira (30), na Câmara.
"Talvez tudo o que se fale aqui seja pouco. Pira foi eleito junto comigo em 2004. No sábado [dia 28, quando Pira faleceu], eu escrevi um pequeno texto e mandei aos jornais de Piracicaba. Muitas vezes, não conseguimos entender os desígnios de Deus. Eles estão muito além de nossa compreensão humana, mas é difícil aceitá-los. A morte de Pira é um exemplo disso. Com seus 60 anos, infelizmente nos deixou. Quando nos deparamos com uma situação assim, muitas vezes nos perguntamos: por que aconteceu com ele? Tanta gente fazendo coisas erradas por aí, tanta gente que faz de tudo para piorar a nossa sociedade e temos que aceitar a perda de um homem como o Pira, que sempre defendeu que seu partido era o povo de Piracicaba.
Pira, como bom jogador de futebol que foi, foi convocado para defender a seleção do Senhor. Que ele possa, onde estiver, continuar zelando por nossa querida Piracicaba. Onde você estiver, Pira, vá com Deus e continue zelando pelo nosso povo."
André Gustavo Bandeira
Vereador do PSDB
"Pira foi uma pessoa que eu conheci e aprendi a admirar neste momento em que passamos juntos. Falar do Pira como cidadão e homem é muito fácil. Foi uma pessoa humilde, de corpo, alma e coração, que colocava em primeiro lugar as pessoas, os amigos, aqueles que mais necessitavam, os doentes. Como político, Pira foi uma lição. Como vereador, aprendíamos a cada vez que ele subia à tribuna, para falar que ficava até tarde da noite assistindo às TVs Câmara e Senado. Ele tinha muito mais para nos ensinar. Ele não falava de partido. Quando tinha alguém que se destacava por coisas boas ou ruins, ele lembrava que em todo partido havia gente boa e ruim. "Meu partido é Piracicaba", dizia ele. O nome dele era Walter, mas seu apelido era Pira.
Falando como médico, o que mais me dói, me machuca, é que nós queremos ver o paciente sair bem de uma situação de enfermidade. Eu cuidei da Ivete [Cipulla de Souza Madeira, vereadora que morreu em julho de 2005], que tinha uma doença grave, semelhante à de Pira. Com Pira, parecia que eu estava vendo a mesma história, com ele mais duro, mais forte nas opiniões. "Agora tem que ser assim ou assado, preciso voltar para a política", dizia ele.
Para mim, como médico, ter que enfrentar uma doença grave, que foi refratária a tratamento químico, por mais que tenhamos feito juntas médicas... Pensei: "Meu Deus, o que está acontecendo, o que estou fazendo que o Pira não está melhorando?". Em determinado momento, a gente perde, e o paciente vai embora.
Muitas vezes, Pira me chamava no canto e, com a voz embargada, falava: "Ary, por favor, não me abandone, porque eu acredito em você, sei que você vai me ajudar, vai me tirar dessa". A gente se sente impotente, por mais que a gente estude. Como médico, aprendi a dar valor a uma pessoa que em nenhum momento quis passar à frente de outras pessoas, que aguentou ficar deitado naquela cama, para, como um cidadão comum, viver na pele o que é depender do SUS. Sei que fizemos o máximo por você, Pira. Agora, junto com a Ivete, o meu pai [Ary Pedroso], o Chicão e muitos amigos, você está melhor do que se estivesse aqui."
Ary de Camargo Pedroso Júnior
Vereador do PDT
"Ary disse muito bem: até no nome ele ficou "Pira", de tão piracicabano que era. Pira era uma pessoa que até no nome trazia a cidade. Disse Tomaz de Aquino, no século 13, que a política é a arte do bem comum. Pira nunca fez de conta neste microfone. Ele era autêntico, verdadeiro. Ele acreditava no que falava, acreditava na política como ninguém, acreditava que poderia melhorar a vida das pessoas.
Pira era vizinho do meu gabinete. Lá, sempre estava gente que necessitava, que precisava dos políticos. Sempre disse que a política tem que ser voltada aos pobres, e Pira fazia isso. Quando alguém precisava, lá estava o Pira. Quantas vezes eu o encontrava nas secretarias defendendo quem precisava...
Pira era pobre como os pobres. Por isso, família, o Pira amava vocês. Ele era um amor de doação, um amor total, um amor daqueles que sabem que o ser humano é irmão. Pira, muito obrigado por seu exemplo. Que nós possamos seguir sempre seus sábios ensinamentos."
Bruno Prata
Vereador do PSDB
TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918
FOTOS: Gustavo Annunciato / MTB 58.557