Cerca de 70 trabalhadores vieram buscar o apoio da Câmara de Vereadores de Piracicaba contra propostas que, se avançarem no Congresso Nacional, podem afetar a vida de milhões de brasileiros. Com frases de protesto em camisetas, faixas e cartazes, os manifestantes lutam principalmente contra a aprovação do projeto de lei 4.330, de 2004, que estimula a terceirização da mão de obra, reduzindo, com isso, direitos previstos na CLT.

A passeata em Piracicaba fez parte do Dia Nacional de Mobilização, que, com atos semelhantes em todo país, busca chamar a atenção para as reivindicações da classe trabalhadora, que também incluem o fim do fator previdenciário, a jornada de 40 horas semanais sem redução de salário e a aplicação de 10% do PIB para a educação e de 10% do Orçamento da União para a saúde.

Comandado pelo Conespi (Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba), o protesto realizado na cidade na manhã desta sexta-feira (30) teve início na praça do Terminal Central de Integração e foi encerrado na Câmara, onde os trabalhadores foram recebidos, já na entrada, pelo presidente João Manoel dos Santos (PTB).

Na sequência, o grupo se dirigiu ao salão nobre, onde João Manoel e o vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT), que também é vice-presidente do Conespi, endossaram o apoio da Câmara à pauta de reivindicações. "Esta Casa é de vocês. Aqui não precisa marcar hora para ser atendido; movimento sindical entra na hora que quiser", disse o presidente do Legislativo.

Foi a segunda vez, em um intervalo de oito dias, que a Câmara acolheu manifestações de trabalhadores. No último dia 22, centenas de policiais civis vieram pedir o apoio dos vereadores na busca por mais investimentos na categoria, que sofre com a falta de estrutura e de pessoal. Ambos os atos foram marcados pelo pacifismo.

REPRESENTAÇÃO - Ao falar aos cerca de 70 trabalhadores que estiveram na Câmara, nesta sexta-feira, João Manoel lembrou que, dos 23 vereadores de Piracicaba, quatro são sindicalistas, cada um de um partido diferente: José Luiz Ribeiro (PDT), Laércio Trevisan Jr. (PR), além dele e de Paiva.

"Cada um pensa de uma maneira e essa é a grandeza da democracia. Mas, quando a bandeira é do trabalhador, nós fechamos questão em cima disso. Sempre defendi as bandeiras que os trabalhadores defendem, independentemente da sigla partidária de que a pessoa faça parte", afirmou João Manoel.

Paiva lembrou que o ato organizado pelo Conespi visa debater os direitos dos trabalhadores "num sentido bastante amplo". "E o mais promissor dessa etapa é que o movimento social vê na Câmara sua representação e espera dela uma resposta positiva, discutindo demandas que são muito importantes, como a saúde, a educação, a valorização das aposentadorias e pensões, o fim do fator previdenciário e a melhora da qualidade de vida dos trabalhadores, com a jornada de 40 horas semanais", disse o parlamentar.

"Para nós, é motivo de grande orgulho o reconhecimento, por essa sociedade organizada, de que esta é uma Casa que interfere qualitativamente na vida dos trabalhadores, tendo a sensibilidade de acolher as demandas sociais e dar a elas o encaminhamento politico para sua solução. Esse é o papel do Legislativo", salientou Paiva.