O vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT) criticou o valor orçado pelo Estado para a construção de um novo presídio em Piracicaba e sugeriu ao governo paulista que, em vez de gastar R$ 49 milhões em uma penitenciária, permita que tais recursos sejam aplicados na manutenção do Hospital Regional quando ele entrar em funcionamento. "Faço um apelo pontual ao governo de São Paulo: com R$ 49 milhões, nós equipamos o novo Hospital Regional e fazemos o primeiro estoque de todo o material de consumo que for necessário, inclusive medicamentos. Basta trocar: em vez de ter um presídio para Piracicaba, vamos investir no Hospital Regional", comentou Paiva, ao usar a tribuna em reunião ordinária na noite desta quinta-feira (29).

Para o vereador, a mesma atitude deveria ser adotada em relação aos incentivos dados para a instalação da fábrica da Hyundai em Piracicaba. Ele sugeriu que os R$ 47 milhões destinados pelo Estado à Prefeitura para a implantação do parque automotivo, somados aos R$ 5 milhões adicionais destinados pelo Executivo local e os R$ 49 milhões para as obras de infraestrutura, tivessem sido aplicados na saúde. "Estamos aí com R$ 96 milhões dados a uma coreana fazer suas obras de infraestrutura" criticou o parlamentar, que fez ponderações sobre o impacto que o complexo terá para a saúde do município. "Acho que o Hospital Regional não é a solução, mas não sou hipócrita de afirmar que ele não contribuirá decisivamente para que tiremos alguns gargalos."

Paiva criticou a conduta do governo paulista, durante a gestão José Serra (PSDB), entre 2007 e 2010, por, segundo ele, não firmar convênios com a União por divergências partidárias. "A questão da saúde se resolve com prioridade de política de governo. Nós sempre disponibilizamos o governo federal para fazer parceria com o governo municipal. É que o governo Serra não queria fazer a parceria com as UPAs. A maioria dos municípios não fez por orientação partidária", apontou o vereador, criticando quem "trata a saúde como objeto de domínio político, e não de interesse público".

DESARMAMENTO
Na tribuna, Paiva também comentou sobre o trágico episódio envolvendo o menino D.M.N, de 10 anos, estudante do 4º ano da escola municipal "Professora Alcina Dantas Feijão", que atirou contra sua professora e depois se matou. O garoto havia usado a arma do pai, que é guarda municipal em São Caetano do Sul, onde o caso ocorreu, na tarde da última quinta-feira (22).

"Já fizemos alguns debates aqui sobre a questão do desarmamento e cada um tem seu posicionamento sobre isso. Mas o país inteiro recebeu com muita dor a notícia de que um profissional de segurança pública deixava uma arma escondida na parte de cima de seu guarda-roupa e seu filho de 10 anos, de boa índole, sem envolvimento com nada, acabou cometendo um crime bárbaro, que é fruto do mau uso do armamento", comentou Paiva, que reafirmou sua opinião sobre o uso de armas.

"Quero ratificar meu posicionamento contrário ao armamento. As armas têm que ser usadas pelos profissionais que estão preparados. Devemos estimular constantemente o desarmamento. Armas de fogo não resolvem o problema, inclusive nas questões de segurança, em que as grandes ações vitoriosas têm sido aquelas feitas pelo processo de educação e integração da comunidade", disse o vereador.

AUDIÊNCIA
Em sua fala, Paiva ainda pediu esclarecimentos dos vereadores que acompanharam a audiência pública sobre metas fiscais, realizada na última quarta-feira (28), baseado em trecho de reportagem veiculada pela "Gazeta de Piracicaba". O texto, publicado na edição desta quinta-feira, cita que, alguns parlamentares "derraparam ao não comparecer às discussões, o que gerou muitas críticas dos vereadores que compareceram". Após ouvir os colegas, Paiva se disse satisfeito com as explicações. "Para mim, basta a fala dos parlamentares", afirmou, encerrando o assunto.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Fabrice Desmonts / MTB 22.946