O vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT) usou a tribuna para enaltecer duas conquistas internacionais que repercutirão diretamente no Brasil e para defender as lutas encampadas pelo movimento sindical. O parlamentar fez os comentários durante reunião ordinária na noite desta segunda-feira (27).

Paiva comemorou a eleição do agrônomo brasileiro José Graziano da Silva como diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), definida no último domingo (26) em conferência realizada em Roma. O ex-ministro de Segurança Alimentar do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocupará o cargo de janeiro de 2012 a julho de 2015.

"Ridicularizaram muito o projeto de combate à fome e miséria do país. Enquanto estamos há mais de 12 anos disputando um cargo no Conselho de Segurança da ONU, temos um brasileiro eleito diretor da ONU na questão da alimentação", disse o vereador, lembrando que o ex-ministro foi o criador e coordenador do programa "Fome Zero".

Paiva também destacou o resultado da convenção 189 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), aprovada no último dia 16, que garante aos empregados domésticos os mesmos direitos que outros trabalhadores. Foram 396 votos a favor (entre eles, o do Brasil) e 16 contrários, com 63 abstenções. Agora, o governo federal deve enviar ao Congresso uma proposta para equiparar os direitos dos empregados domésticos aos dos trabalhadores formais, oferecendo à categoria direitos como FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), seguro-desemprego e abono salarial.

"Há poucos dias, fazíamos o lançamento em Piracicaba da cartilha dos direitos dos empregados domésticos. Ficamos muito honrados que, antes de a convenção ser votada, a postura do governo brasileiro já havia sido manifesta de ratificar a convenção 189 da OIT", disse Paiva. "Nosso apelo é para que todos adotem esse procedimento em respeito a esses trabalhadores, que merecem o respeito de todos os seus patrões", completou o vereador.

MOVIMENTO SINDICAL
Ainda na tribuna, Paiva defendeu o movimento sindical, usando como exemplo os resultados obtidos em campanhas salariais. "Nós, sindicalistas, não somos melhores que ninguém. Mas, para falar de salário, [a pessoa] precisa ter carteira registrada e saber quanto ganha de salário, qual a jornada de trabalho, quanto se desconta de INSS e FGTS", ponderou o vereador, rebatendo as críticas sobre a atuação dos sindicatos. "Vou respeitar todas as falas, porque são desprovidas de maldade e, às vezes, até de conhecimento profundo da luta sindical brasileira."

Segundo Paiva, as discussões propostas pelos sindicatos não se resumem às questões salariais, mas se estendem ao esclarecimento de outras questões, como as que ele deixou no ar ao usar a tribuna. "Por que Piracicaba teve 15 mortes e 9.675 acidentes de trabalho em 2010? Por que 159 empresas que prestam serviços no canteiro de obras da Hyundai já têm títulos protestados por não pagar seus credores? Por que a delegação que foi à Coreia do Sul não voltou com a resposta sobre qual é a jornada de trabalho e o salário mínimo lá? Não há essas respostas", concluiu o vereador.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Fabrice Desmonts / MTB 22.946