O vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT) apontou uma série de supostas irregularidades no prédio que abriga o Poupatempo de Piracicaba, que no próximo dia 12 completa um ano operando na cidade. Ao usar a tribuna na reunião ordinária desta quinta-feira (3), ele criticou as condições de trabalho a que estão expostos os funcionários do local e as pessoas que diariamente passam pela unidade, construída no espaço onde foi erguido o antigo edifício da Comurba, que desabou em 6 de novembro de 1964.

Paiva recordou as críticas que recebeu por discordar da escolha do local onde a unidade seria implantada. "Diziam que eu era contra a instalação do Poupatempo. Não. Em 2002, comunguei com a ideia de que deveríamos ter o Poupatempo. Só discutia se [a construção deveria ser] no subsolo do Comurba", afirmou. "Quando iniciamos o tratamento deste tema, éramos tidos como inimigos da instalação dessa repartição em Piracicaba, quando, na realidade, queríamos que ela fosse construída dentro dos parâmetros da engenharia, da saúde do trabalhador e da razoabilidade dos custos da obra", completou.

O vereador questionou a origem e a finalidade do Poupatempo, ligado ao Governo de São Paulo e com 28 unidades espalhadas pelo Estado. "Imáginavamos que o Poupatempo fosse uma empresa pública que se instalaria em Piracicaba para prestar serviços à população. Não é. É uma empresa privada que vende serviços para o poder público", afirmou.

De acordo com Paiva, diante do estado de conservação em que se encontra o prédio do Poupatempo piracicabano em menos de um ano de uso, o Centro de Referência de Saúde do Trabalhador acabou interditando algumas salas do local. A unidade, segundo o parlamentar, embora conte com alvará permanente da Prefeitura, ainda não tem alvará do Corpo de Bombeiros. Ainda conforme o vereador, o posto apresenta outras falhas estruturais, como paredes com infiltração de água, refrigeração inadequada e a presença de um só elevador para pessoas com deficiência. Também foi constatado pelo Centro de Referência nível elevado de ruído no local, causado em grande parte pela tubulação do ar-condicionado.

Paiva criticou ainda a transferência --de seus próprios consultórios para salas do prédio do Poupamento-- de médicos que realizam exames para a retirada de carteira de habilitação. Segundo o vereador, a estrutura fornecida aos profissionais no posto é insuficiente: faltam, por exemplo, estetoscópios, álcool para higienização dos equipamentos e martelinho usado para a verificação do reflexo.

Paiva cobrou melhorias nos serviços prestados à população. "O Poupatempo ganha pela quantidade de atendimentos realizados, não pela qualidade", ressalvou. O vereador disse que fará uma representação no Ministério Público contra a unidade.

O Poupatempo em Piracicaba começou a funcionar em 12 de março do ano passado. Em 2010, 354.617 atendimentos foram realizados pela unidade. O dado mensal mais recente aponta que, em janeiro deste ano, 49.537 pessoas utilizaram os serviços do posto, média de 2.154 por dia.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Gustavo Annunciato / MTB 58.557