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31 DE DEZEMBRO DE 2014

Matheus Erler quer aproximar a Câmara da população


“Vou ouvir, ouvir e ouvir a população”, disse o novo presidente da Mesa Diretora, que administrará o Legislativo no biênio 2015-2016



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 Salvar imagem em alta resolução


Em primeiro mandato, o vereador Matheus Erler (PSC) foi eleito presidente da Mesa Diretora que administrará o Legislativo nos próximo biênio 2015-2016. Aos 32 anos, o advogado especializado em direitos dos idosos recebe um grande desafio, não apenas devido ao ineditismo do cargo, mas pelas necessidades da Câmara de Vereadores de Piracicaba. Se o ex-presidente João Manoel dos Santos (PTB) trabalhou pela popularização do Legislativo, ampliando a divulgação da atuação dos vereadores, agora Matheus Erler quer aproximar a Câmara da população, a começar pela retirada do vidro que separa a galeria dos vereadores no plenário Francisco Antonio Coelho e uma possível mudança, como teste, dos horários das audiências públicas, realizando durante o período noturno, ao invés da tarde, para buscar maior participação da população nestas atividades.

Como foi o processo de discussão e negociação para a Mesa Diretora, lembrando que o senhor está em primeiro mandato e é novo, tem apenas 32 anos? Quais foram os motivos que o levaram à Presidência?
Não posso deixar de dizer que, primeiramente, é por Deus que hoje eu sou presidente, se não fosse Ele, não seria presidente. No segundo aspecto, o desejo de fazer algo novo, o que vem ensejar maior valorização do Legislativo. Sabemos que a desvalorização do poder não é apenas em Piracicaba, mas no Estado e Brasil, mas queremos mudar buscando atender os anseios da cidade, sempre buscando a valorização do Legislativo. Quanto à negociação da Mesa Diretora, não é fácil, precisou muito diálogo e conversa, mas o que tentei neste período de conversas com os vereadores é que conseguíssemos a renovação totalmente da Mesa Diretora, como acabou ocorrendo. Nestas conversas, fui sempre tentando mostrar aos vereadores que unidos podemos mais. Sozinhos, talvez caminhamos mais rápido, mas caminhamos menos. Juntos, caminhamos uma menor velocidade, mas por tempo maior. Se um cai, outro tenta ajudar. Em todos os nossos diálogos, falei muito sobre união, sobre o que eles acham melhor, se tem algum departamento que precisa melhorar, o que pode ser feito para que os trabalhos dos vereadores seja melhor divulgado. 

Quando diz “ter o trabalho melhor divulgado”, você acredita que a sociedade ainda tem baixa compreensão do que os vereadores fazem?
Os nossos vereadores fazem muito por Piracicaba. Fico sentado ali, durante as reuniões ordinárias, todas as semanas e vejo quantas proposituras atrás de proposituras, são protocoladas. A Tribuna Piracicaba publicou que a Câmara bateu recorde de proposituras protocoladas. Existe o famigerado discurso de que os vereadores não produzem, mas em três décadas estes dois anos foram os que mais produzimos. Não apenas em quantidade, mas em qualidade, porque temos proposituras em todas áreas, como na medicina, ou na área em que atuo, em defesa dos idosos, já que vamos criar o Fórum dos Idosos, ou ainda o excelente trabalho do vereador Paulo Henrique, no combate à pedofilia, mas também existem outras mais, porque muitos vereadores desenvolvem trabalho em todas áreas. Eu tento entender o que é que eles precisam, porque às vezes os vereadores fazem e a sociedade não tem recepcionado, falta repercussão, isso quando as repercussões acabam sendo negativas. Até cogitamos em ter uma rádio, além da Educativa, ter uma rádio da Câmara, mas ainda está em estudo e de que forma seria viabilizado. 

O senhor falou sobre a desvalorização da classe política. Atualmente, existe movimento muito forte de contestação, construído durante as manifestações de junho de 2013. Como você observa esta tendência?
Desde 2013, o Brasil tem sofrido forte desvalorização da classe política. Tem estourado escândalos, como recentemente tem sido noticiado os desvios na Petrobras, e tudo isso acaba afetando a maneira como a sociedade avalia a classe política. Mas o problema é quando as pessoas generalizam, julgando todos por uma parte apenas. Assim como acontece em qualquer área, há políticos e políticos, uns melhores do que outros, assim como entre advogados e jornalistas. É importante salientar que em todas áreas existe o bom e o ruim. Por isso, repito, o grande problema é generalizar. Não podemos condenar as pessoas por associação. Mas também é importante lembrar que existe forte lobby para criar este clima de acusação. Assim, é preciso saber entender as críticas positivas e responde-las de maneira que possamos valorizar a atuação política. Eu acredito na política brasileira, por isso entendo que possamos trabalhar a valorização.

No discurso após a vitória, o senhor disse que João Manoel é um “amigo, irmão e conselheiro”. Qual o legado que você recebe?
Recebo do vereador João Manoel dos Santos (PTB) um importante legado de saber convergir nas diferenças, como ele sempre diz. Com ele, aprendi muito a conversar com os meus colegas, com assessores e funcionários e a população em geral. Sei que enfrentarei o desafio de dialogar com conflitos muitos grandes. Novamente, lembrando o que aprendi com o Sr. João, devemos ouvir mais do que falar, e ao mesmo tempo, não podemos acreditar em tudo o que ouvimos. O Sr. João tem uma sensibilidade para ouvir as pessoas; ele é uma pessoa muito flexível, muito disposto a harmonizar as situações para atender as diversas demandas. É importante também ressaltar que, como estrutura, recebo uma Câmara de Vereadores de Piracicaba muito bem qualificada, com excelentes funcionários, e uma infraestrutura muito boa para atender os diversos serviços que prestamos à população. Então, recebo a Câmara em uma excelente condição. 

Quais são as principais propostas que o senhor quer apresentar nos primeiros meses de trabalho como presidente da Mesa Diretora?
Primeiramente, quero dizer que vou “ouvir, ouvir e ouvir” a população para entender os anseios e demandas. Voltando um pouco na questão da desvalorização da classe política, nada como saber aproximarmos da população, para, justamente, quebrar algumas barreiras de entendimento. E importante saber que temos toda a condição de atendê-los. Por isso, pretendo, como primeira proposta, retirar o vidro que separa a população e os vereadores no plenário Francisco Antonio Coelho. Eu entendo o momento em que aquilo foi construído, como uma maneira de segurança, mas simbolicamente é muito prejudicial. Também quero consultar a população sobre a realização de audiências públicas durante o período noturno, como teste. Acho importante tentarmos essa mudança para, quem sabe, ampliarmos a presença da população na Câmara de Vereadores de Piracicaba. Claro, estou dizendo que farei como teste e, se der certo, ótimo; mas se ver que não mudou nada, volto ao horário antigo. Internamente, estudarei uma maneira de melhorar a situação do estacionamento, eu sei que não é tão simples assim, porque existem muitos impedimentos legais e também arquitetônicos para a construção de novos andares. Mas podemos buscar novas e outras alternativas. Por fim, eu acho que, também como proposta, é fazer a consolidação das leis, para que possamos fazer uma renovação no Regimento Interno da Câmara. 

Quanto a relação com o prefeito Gabriel Ferrato. Qual a sua avaliação do posicionamento do chefe do Executivo em relação ao Legislativo?
Tenho uma excelente relação com o prefeito Gabriel Ferrato (PSDB). No processo de eleição da nova Mesa Diretora, ele apenas pediu para que não rachássemos a base governista e, assim, não corrêssemos o risco de a presidência ficar com a oposição. Mas tenho grande admiração pelo prefeito porque ele não faz qualquer ingerência ao Legislativo, embora muitas pessoas, até daqui da Câmara, dizem o contrário. Mas eu posso garantir, com toda certeza, em nenhum momento ele impôs qualquer coisa. Como presidente da Câmara quero conversar com o prefeito sobre o problema de secretários que, às vezes, não atendem os vereadores, isso já ocorreu com diversos colegas, inclusive comigo, mas já melhorou bastante e sei que pode melhorar mais, porque, no fundo, quando algum desencontro entre Legislativo e Executivo acontece, no fim quem se prejudica é a população que fica sem ser atendida, e isso não podemos admitir.



Texto:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337


Legislativo Matheus Erler

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