O cenário para a gravação foi no Jardim Suspenso do Centro Cultural de Artes de São Paulo, localizado na avenida Vergueiro, próximo do início da avenida Paulista. Os alunos do curso de Comunicação Social da Faculdade Cásper Líbero entrevistaram, no sábado (20), a vereadora Madalena (PSDB) por 40 minutos, abordando diversos assuntos, desde a infância até a eleição para vereador, que ocorreu no ano passado com a posse em 1º de janeiro de 2013.
O grupo, formado por Thais Lee, Amanda Secco, Rafael Foltran e Gabriela Nunes, utilizará a filmagen para ser editada e exibida como um documentário, na conclusão do curso de Jornalismo, sobre o mercado de trabalho para homossexuais. Abaixo, os trechos mais importantes da conversa:

Infância
Madalena disse aos estudantes que começou a trabalhar muito cedo como empregada doméstica e, aos 15 anos, já morava sozinha. "Eu falava pra minha mãe que um dia eu moraria sozinha, teria o meu cantinho". Foi na casa da ex-vereadora Ditinha Penezzi que Madalena aprendeu a cozinhar, passar e fazer os principais trabalhos domésticos.

Apelido de Madalena
Durante a entrevista, os alunos a questionaram do surgimento do apelido de Madalena. "Minha mãe foi trabalhar em uma república, a Canecão, e eu ía junto. Daí os estudantes falaram que eu precisava de um apelido, inclusive houve até votação entre eles...rs. Aí chegaram num acordo, votaram e meu apelido ficou como Madalena...às vezes vão pessoas me procurar no Boa Esperança com o nome de Luis Antônio Leite (nome de batismo) e ninguém sabe que sou eu, porém, se perguntarem onde mora a Madalena, aí todos indicam".

Ameaças
Rafael Foltran questionou o fato de a vereadora ter sido ameaçada de morte caso assumisse a vaga para vereador, em Piracicaba. "Isso é verdade, pois foi gente do próprio partido que mandava bilhetinhos em casa, mandava motoqueiro ficar passando na minha rua, além de ligações anônimas. Eu procurei o presidente da Câmara, João Manoel dos Santos (PTB) e contei pra ele o que estava acontecendo. Ele pediu para os diretores do Legislativo me acompanhar na delegacia de polícia para registrar ocorrência e garantir a minha proteção. Tive esse apoio do presidente João Manoel. Recebi, ainda, ligação do deputado Thame (PSDB) se oferecendo para ajudar a elucidar o caso".

Casamento e trabalho de homossexuais
No pingue-pongue, entre perguntas e respostas, foi perguntado à vereadora sobre o trabalho e o casamento de homossexuais. "Eu não contra, pois cada um faz o que quer, todos são livre. Agora sobre trabalho para os travestís, isso tá difícil. Em Piracicaba, apenas alguns lugares dão oportunidade, o preconceito é muito forte". A parlamentar citou até a política: "Até na política existem poucos travestís eleitos".

Por último, Madalena respondeu ao questionamento dos estudantes sobre o tratamento que está realizando para o combate a um câncer, localizado ao lado da próstata. "Graças a Deus estou melhorando, o tratamento está indo bem, pois estou tendo acompanhamento médico, se Deus quiser vou me curar, eu tenho muito o que fazer pelo meu povo pobre, que sofre da falta de recursos".

Algumas pessoas que passavam nas dependências da gravação pararam, por alguns instantes, para ouvir o depoimento de Madalena. Com muita simplicidade, e sem embaraços, a parlamentar respondeu a todas as perguntas, pois não se esquivou de nenhuma. "Eu amo o Boa Esperança, não tenho pretensão de sair de lá, todos me conhecem e eu preciso ajudar aquelas pessoas. Eu perdi três eleições, ficava, no máximo de suplente, pois na quarta tentativa eu consegui".

Depoimentos
Desde quando tomou posse, em janeiro deste ano, Madalena tem sido convidada por ONGs, Prefeituras e estudantes a contar a sua trajetória de vida, da infância pobre à vitória para vereador. Isso ocorreu em Ribeirão Preto (SP), Salvador (BA) e na Capital Paulista.

Por Marcelo Bandeira (33.121)
Fotos: Emerson Pigosso (36.356)
Departamento de Comunicação.