
06 DE MAIO DE 2011
O vereador José Pedro Leite da Silva (PR) chamou de "corajosa" e "ética" a atitude da médica concursada Márcia Siqueira Sayeg, que atua na UPAM Vila Cristina. Em ca (...)
O vereador José Pedro Leite da Silva (PR) chamou de "corajosa" e "ética" a atitude da médica concursada Márcia Siqueira Sayeg, que atua na UPAM Vila Cristina. Em carta publicada na última quarta-feira (4) no jornal "Gazeta de Piracicaba", ela rebateu as críticas do secretário municipal de Saúde, Fernando Cárdenas, ao atendimento prestado na unidade, feitas após usuários reclamarem da situação do local no mês passado. No artigo, Márcia questionou de quem é a responsabilidade da gerência e administração da Saúde em Piracicaba e disse que Cárdenas deveria zelar para que os profissionais da área tenham tranquilidade para poderem trabalhar.
"Gostaria de parabenizar a médica pela ética com que escreve essa carta. É uma médica que trabalha no serviço público, corajosa, que escreve sobre o grau de comprometimento do secretário em vista do caos que a saúde está enfrentando", afirmou José Pedro, que chegou a sugerir a criação de uma PPP (parceria público-privada) para ampliar os investimentos no setor. "A questão da saúde é a que mais a população reclama em Piracicaba", apontou o vereador, ao usar a tribuna em reunião ordinária na noite desta quinta-feira (5).
Na carta publicada, Márcia observa que a estrutura existente hoje em Piracicaba não acompanha a crescente demanda verificada nas UPAMs. "Não há médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem suficientes nos serviços para atender a população. Há falta de leitos para internar os pacientes e, neste dia [em abril, quando usuários reclamaram da UPAM Vila Cristina], também faltava leito de UTI. De quem é a responsabilidade da gerência e administração da Saúde do município?", perguntou.
José Pedro classificou de "bastante grave" o episódio relatado pela médica, ocorrido no final de abril, que gerou as críticas de Cárdenas ao atendimento prestado na UPAM Vila Cristina. Na ocasião, segundo a versão da médica, havia um paciente grave, com risco de morte, na emergência da unidade, enquanto outros usuários aguardavam atendimento de rotina (ou na "porta", segundo o jargão médico). "O que o secretário recomenda? Deveria atender rapidamente o caso da emergência com risco de morte para atender a "porta"? Sou médica e jamais faria isto. Deixar um paciente com risco de morte para atender casos ambulatoriais é no mínimo irresponsabilidade e negligência", disse Márcia.
José Pedro contou ter vivido experiência semelhante à relatada pela médica quando precisou internar sua mãe, recentemente. "Se eu não tivesse R$ 4 mil para depositar naquele dia, eu não tinha internado minha mãe. O auditor tinha ido embora e não podia autorizar, mesmo havendo vaga ––era uma sexta à noite", afirmou. O vereador cobrou dos colegas parlamentares mais rigor na fiscalização das falhas no atendimento da rede pública em Piracicaba. "Temos que ter responsabilidade como legisladores, que têm a função de fiscalizar atividades diversas, principalmente a saúde, que é primordial no município", declarou.
TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918
FOTO: Fabrice Desmonts / MTB 22.946