Motivado pela conversa que teve com um médico plantonista do pronto-socorro da Vila Cristina, o vereador José Pedro Leite da Silva (PR) propôs que a classe passe a ser regida pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), já que, atualmente, os médicos que atuam na rede pública de saúde obedecem ao regime estatutário. "Não devemos só tecer críticas, mas darmos as mãos para encontrarmos uma solução que amenize a situação das pessoas que dependem do SUS. A cada dia, a demanda cresce. A maior dificuldade que estamos tendo é a falta de médicos", disse o parlamentar, na tribuna, durante reunião ordinária na noite desta segunda-feira (29).

Na última quinta-feira (25), José Pedro ouviu um relato detalhado sobre o tema do médico plantonista que atendia seu pai, Joaquim, no pronto-socorro. "Os médicos que estão iniciando a carreira jamais pensam em se aposentar pelo regime estatutário de Piracicaba. O médico normalmente tem uma carreira que muda: ele vai trabalhar no pronto-socorro quando está iniciando suas atividades, dando seus plantões. Mas, no final, ele vai especializando-se, tornando-se um profissional mais qualificado, seguindo, muitas vezes, para uma atividade mais especial ––abrindo um consultório, uma clínica––, deixando o setor publico", comentou o vereador.

A falta de atratividade gerada pelo regime estatutário adotado em Piracicaba pode ser verificada na análise do último concurso público que selecionou médicos para atuarem no município. Segundo o médico plantonista do pronto-socorro da Vila Cristina com quem José Pedro conversou, 11 dos 12 contratados no último concurso já pediram a conta. "Ele foi o único que sobrou. Ele me disse: Tenho 4 filhos, sou novo, estou iniciando e tenho de aguentar essa situação", relatou o vereador, reproduzindo os motivos que fazem o médico plantonista a continuar na rede pública do município.

"Os demais não querem trabalhar pelo regime estatutário. Tanto é verdade que foi aberto um concurso e a procura pelas vagas pelo regime estatutário é 10 vezes menor que pelo celetista", disse José Pedro. O vereador relacionou as vantagens que possui um médico que integra o regime celetista. "Ele tem o fundo de garantia, pode participar do sistema habitacional e, quando sai ––e ele sabe que vai sair––, leva o FGTS. E ainda leva o tempo que teve como estatutário, que ele, com grande dificuldade, vai converter para o celetista", completou o parlamentar.

Na tribuna, José Pedro reproduziu o pedido que ouviu do médico plantonista que atua no pronto-socorro da Vila Cristina. "Ele fez um apelo, que eu faço ao líder de governo: peça ao prefeito, na hora de contratar médicos, principalmente plantonistas, que faça isso pelo regime celetista, que, para esse tipo de carreira, é muito mais vantajoso", ressaltou o vereador.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Fabrice Desmonts / MTB 22.946