18 de junho de 2020
Historiador defende ampliar discussão da política nos espaços públicos
Professor esteve à frente da primeira aula do curso de "Iniciação política", oferecido pela Escola do Legislativo em parceria com a Fundação Konrad Adenauer.
Conversar mais sobre política e voltar a tratar do tema nos espaços públicos são alternativas apontadas pelo historiador Leandro Torelli para fortalecer a democracia no país a partir das pessoas. O professor abordou a questão na primeira aula do curso de "Iniciação política", oferecido gratuitamente pela Escola do Legislativo, da Câmara de Vereadores de Piracicaba, em parceria com a Fundação Konrad Adenauer.
Ao todo, serão três encontros: os próximos, sobre "Cidadania" e "Estrutura do Estado brasileiro", acontecem, respectivamente, nos dias 24 e 26 de junho. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas via formulário, na internet.
Dezenas de pessoas acompanharam a palestra de Torelli com o tema "Democracia", na tarde desta quinta-feira (18), pela plataforma virtual Zoom e pelo canal da Escola do Legislativo no YouTube. O público interagiu enviando perguntas ao historiador, via chat. A intermediação foi feita pela vereadora Nancy Thame (PSDB), diretora da Escola do Legislativo, que elogiou o conteúdo o curso, já oferecido na Câmara anteriormente, também em parceria com a fundação.
Torelli defendeu que as discussões sobre política, que recentemente fizeram de redes sociais e aplicativos de mensagens como o WhatsApp seu principal palco, voltem a ter lugar de destaque em ambientes públicos, a exemplo de escolas e conselhos. "Estamos atuando pouco no espaço público. Temos que tentar conversar com as pessoas, de maneira civilizada, suprapartidária e inteligente, como saída para os conflitos que vivemos na sociedade."
O historiador disse que residem na própria democracia as soluções para os problemas derivados dela, o que implica buscar seu aprimoramento, e destacou a importância de trabalhar seus valores desde cedo, citando o potencial das instituições de ensino. "Mecanismos de educação política devem ser levados para as escolas desde o início, para a discussão não de políticas partidárias, mas dos temas da democracia e da participação cidadã."
Questionado sobre os riscos do acirramento do embate político no país, com ataques a valores, organizações e poderes que dão sustentação à democracia, o historiador sublinhou que "todas as correntes têm o direito de manifestarem suas posições, desde que com respeito às instituições e à ordem social".
Torelli abordou como o conceito evoluiu desde seu surgimento na Grécia antiga, no século V a.C.: primeiro como democracia direta, depois como representativa ––quando da universalização do voto–– e atualmente em sua forma participativa, com instrumentos que aumentam a possibilidade de a sociedade contribuir na tomada de decisões.
"A democracia participativa não elimina a relação de representação, pelo contrário: a ideia é de que os cidadãos ocupem os espaços públicos para se envolverem mais diretamente com o conjunto dos debates, da fiscalização e das tomadas de decisão nas esferas de representação política", definiu.
O historiador também listou cinco critérios que servem para qualificar a democracia e indicar como é possível aprimorá-la. São eles: participação efetiva, igualdade de voto, garantia de acesso ao conhecimento necessário para atuar na vida pública, controle do planejamento e inclusão de todos os adultos no processo.
"Quando a sociedade compreende que deve viver sob um regime democrático, assume o compromisso de preservar esses valores, de participar das decisões e de garantir que todos os membros da sociedade tenham esse direito", ressaltou.
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