
29 DE ABRIL DE 2011
O gestor ambiental Renato Morgado pediu dos vereadores de Piracicaba apoio na mobilização em curso na cidade para evitar a aprovação de regras que flexibilizem o Có (...)
O gestor ambiental Renato Morgado, membro do Imaflora, pediu dos vereadores de Piracicaba apoio na mobilização em curso na cidade para evitar a aprovação de regras que flexibilizem o Código Florestal Brasileiro, cujas alterações devem começar a ser votadas na próxima terça-feira (3), na Câmara dos Deputados. "Piracicaba, através de seus estudantes, está tendo um protagonismo nacional em relação à articulação social para debater esse tema, o que é um motivo de orgulho para nós", disse Morgado, ao usar a tribuna popular durante reunião ordinária na noite desta quinta-feira (28).
Para o gestor ambiental, o Código pode ser melhorado, embora as negociações em Brasília caminhem para a votação de medidas que favoreçam o agronegócio em detrimento do meio ambiente. "Estamos à luz do século 21, com uma compreensão da questão ambiental muito maior. Mas, no Congresso Nacional, o que está ganhando força é uma proposta que vai diminuir a capacidade de preservação ambiental que este importante instrumento tem", afirmou o membro do Imaflora, instituição que atua nos setores florestal e agrícola.
Morgado quer que a Câmara de Vereadores de Piracicaba se una aos segmentos da cidade que estão se posicionando contra a flexibilização do Código, que pode, entre outras mudanças, reduzir a área de preservação das matas ciliares em rios de menor largura e desobrigar a reposição da reserva legal em alguns casos. "A Câmara poderia sinalizar isso ao Brasil inteiro, mostrando que ––junto com a sociedade civil, a comunidade científica e os estudantes–– marca posição em defesa de uma legislação tão importante", afirmou.
O vereador Bruno Prata (PSDB) sugeriu que a Câmara envie uma moção de apelo ao Congresso reforçando o posicionamento do Legislativo sobre o tema. A ideia foi corroborada por José Antonio Fernandes Paiva (PT) e João Manoel dos Santos (PTB). "Daremos todo o apoio necessário ao trabalho de vocês", disse o presidente da Casa de Leis, sugerindo que a moção seja apreciada pelo plenário, em regime de urgência, já na próxima segunda-feira (2), e que o documento seja assinado por todos os vereadores para reforçar o caráter do apelo.
Morgado cumprimentou os parlamentares pela iniciativa. "Que a Câmara, enquanto instituição, também se posicione e possa aprovar essa moção, para, com a sociedade civil, os professores, os estudantes e toda a comunidade piracicabana, sinalizar ao Brasil a importância de haver uma legislação que realmente conserve o ambiente", destacou.
USO DO SOLO
Ao pedir o apoio da Câmara, Morgado lembrou a importância que a discussão do tema tem para o município. "Este debate é um debate piracicabano, não só federal. Piracicaba possui hoje só 10 por cento de seu território coberto por florestas, e só metade das áreas que deveriam ser de proteção permanente realmente possui cobertura florestal", informou.
Na opinião do gestor ambiental, o Código Florestal é fundamental para a ordenação do uso do solo rural e urbano no município. "Tivemos essa lição em Piracicaba em janeiro, quando vimos uma das maiores enchentes da história, que ocorreu porque historicamente temos ocupado áreas que deveriam ser de preservação. Se mudarmos a legislação que protege isso [como está querendo o Congresso], ela vai fazer que eventos como o de janeiro sejam mais recorrentes", lamentou.
TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918
FOTO: Fabrice Desmonts / MTB 22.946