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10 DE JUNHO DE 2021

Especialista alerta para desmonte na educação ambiental do País


Maria Guiomar Thomaziello participou de ciclo de palestras na Escola do Legislativo dentro da programação do Simapira 2021



EM PIRACICABA (SP)  

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Em meio à maior pandemia já enfrentada pelo Brasil e pelo mundo, com desafios intensos sobre questões relacionadas a clima, queimadas e disponibilidade de água, a professora-doutora Maria Guiomar Thomaziello faz um alerta: “Há um desmonte completo no setor de Educação Ambiental desde 2019, com o início da atual administração do governo federal”, disse.

Ela participou, terça-feira (8), de ciclo de atividades do Simapira 2021 (Semanas Integradas de Meio Ambiente de Piracicaba), na Escola do Legislativo “Antonio Carlos Danelon – Totó Danelon”, da Câmara Municipal de Piracicaba. Na ocasião, a professora dividiu o espaço com Ivan Canalli, especialista em saneamento do Semae, nas palestras “Água, Saúde e Sustentabilidade” e “O papel da Educação Ambiental”. 

A professora detalhou que, desde o início do atual governo federal, em 2019, foram extintos setores ligados à Educação Ambiental nos Ministérios da Educação e do Meio Ambiente, tendo sido encerradas as atividades do órgão gestor do PNEA (Programa Nacional de Educação Ambiental).

“Há um desmonte total das políticas ambientais do Brasil, algumas áreas sumiram dos ministérios e foram parar em outros ministérios que não têm condição de fazer aquela atividade, simplesmente sumiram”, disse. 

Maria Guiomar salienta que a situação atual é semelhante com o que houve no período da Ditadura Militar (1964-1985), quando a educação ambiental brasileira foi orientada por visão conservacionista, tecnicista e apolítica. “O regime deu sustentação a um crescimento econômico a qualquer custo, sem nenhuma preocupação”, relata. 

Ele salienta que ao serem cobrados pelos desmandos do período, os militares se colocavam na defensiva. “Espalhavam a opinião de que a defesa do meio ambiente seria uma espécie de conspiração das nações desenvolvidas para impedir o crescimento do País”, destaca.

Na concepção da pesquisadora, o processo educativo deve politizar a questão ambiental, buscando compreender e tratar os recursos naturais como bens coletivos. “Deve ser acima de tudo um ato político”, diz.

ÁGUA – Biólogo e servidor do Setor de Controle de Qualidade do Semae Piracicaba, Ivan Canale apresentou a disponibilidade da água no Brasil e no mundo e refletiu sobre a qualidade deste recurso. “A distribuição é muito desigual, algumas regiões sofrem com extrema escassez, enquanto outras encontram abundância, isso ocorre em escala global, mas também no nosso País, como as diferenças entre o Norte e o Nordeste”, aponta. 

Embora o Brasil ainda consiga ter um consumo per capita de 185 litros ao dia, acima do que é recomendado pela ONU/FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), o desafio, segundo Canale, está prever problemas como mudanças climáticas e desmatamento. “Já existem estudos que comprovam que as chuvas que chegam em nossa região provém, principalmente, da Floresta Amazônica, essas ocorrências de desmatamento afeitam ainda mais nossos mananciais”, disse.

Ele também detalhou as atividades que mais consomem a água, informando que 70% dos recursos hídricos consumidos no País são da agricultura, outros 22% da indústria e apenas 8% para uso doméstico. “Só para se ter uma ideia, para produzir um quilo de manteiga, são consumidos 18 mil litros de água”, aponta.

Canale também ressaltou sobre a necessidade da qualidade da água e destacou a importância de estruturas como as ETA (estações de tratamento de água), “cujo objetivo é transformar a água potável”, disse.

“O controle de qualidade água obedece à Norma de Potabilidade estabelecida em portaria do Ministério da Saúde. Tem que controlar a qualidade para saber se estão dentro do padrão e se não vão causar nenhum problema até chegar na torneira do consumidor”, disse.

O representante do Semae também lembrou que é importante o cidadão ficar atento às manutenções dos filtros domésticos para não comprometer a qualidade água. “Vale lembrar que a água trata canalizada é mais barata do que aquela comprada em galões”, informou.

As atividades do Simapira 2021 seguem durante todo o mês de junho e podem ser verificadas neste link.



Texto:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583


Escola do Legislativo Meio Ambiente Silvia Maria Morales

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