
28 DE JUNHO DE 2011
Representantes de entidades assistenciais, comunidades terapêuticas e do poder público estiveram reunidos na Câmara na abertura do ciclo de palestras da 11ª Semana (...)
Representantes de entidades assistenciais, comunidades terapêuticas e do poder público estiveram reunidos na manhã de hoje, 28, no Salão Nobre da Câmara de Vereadores de Piracicaba, na abertura do ciclo de palestras da 11ª Semana Municipal sobre Álcool e outras Drogas, que se estende até a próxima sexta-feira. A iniciativa é do vereador Bruno Prata (PSDB) e tem como principal objetivo criar políticas públicas de prevenção, tratamento e reinserção social.
Através de palestras, que serão apresentadas no decorrer da semana, as instituições terão a oportunidade de se conhecer e de criar um meio de integração entre seus profissionais, com o intuito de buscar novas alternativas para ajudar na recuperação de um indivíduo. "Com a realização desses encontros, nós saberemos se as comunidades terapêuticas estão adequadas conforme a legislação, além de fazer um levantamento exato do número de pessoas que procuram essas casas de recuperação em Piracicaba", falou o assistente social Fidelis Ramali Neto, coordenador da clínica Cantinho Nova Suíça e membro do Conselho Municipal Antidrogas (Comad).
De acordo com o representante do Comad, o evento será útil para a formação de parcerias, criando uma rede municipal de combate às drogas que consiga atender a demanda da cidade. Dados da entidade revelam que a procura pelo tratamento de alcoolismo e outras dependências aumentou ao longo dos últimos anos em Piracicaba, sendo o crack o principal responsável pela alta apontada pelas estatísticas.
O evento contou ainda com uma mesa-redonda, na qual os componentes – profissionais da saúde, educação e outras entidades – tiveram a oportunidade de elucidar a maneira como o assunto é encarado em suas respectivas áreas. Durante a discussão, os participantes puderam tirar dúvidas sobre a dependência química e as circunstâncias que levam uma pessoa a tornar-se um dependente. Além dos profissionais da área, como psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais, ex-dependentes químicos também responderam as perguntas, através das experiências vividas.
Um dos tópicos abordados durante o debate foi o aumento no número de adolescentes, de 10 a 18 anos, que se tornaram usuários de drogas e a falta de atenção do poder público em relação ao assunto. "Hoje não há um órgão governamental que cuide do caso com a atenção merecida. O jovem não precisa somente da desintoxicação, mas necessita de um acompanhamento na sua reinserção à sociedade", alertou o membro do Comad.
Um grupo de 20 adolescentes de 15 a 18 anos, do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do Jardim São Paulo, acompanhou o evento para saber mais do problema, que tem afetado os lares de milhares de brasileiros. Segundo a psicóloga do CRAS, Carla Gold, o projeto tem o objetivo de educar esses jovens em atividades extracurriculares, e a participação no evento será importante para o amadurecimento na fase adulta. "Nós tivemos casos de pessoas que passaram pelo projeto e que tinham o problema da dependência. Tenho certeza de que o grupo sairá daqui consciente dos problemas que podem gerar o uso de drogas."
Em seu discurso, o vereador Bruno Prata quebrou o anonimato e falou do problema que enfrentou com o alcoolismo, antes do seu processo de recuperação que se iniciou em 1996. "Enquanto alguns dizem que essas pessoas não têm mais jeito, eu sou a prova de que a prevenção funciona. Há 15 anos eu não faço o uso de bebida alcoólica e isso eu só consegui porque a cada 24 horas eu me comprometo em não tomar o primeiro gole."
Palestra
"Implicações e Paradigmas" foi o tema da palestra proferida pelo médico João Maria Correa Filho. De acordo com o profissional, hoje a dependência química é reconhecida como uma doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo ele, a melhor forma de tratar o problema é através da prevenção, uma vez que a doença é progressiva, incurável e fatal, mas que pode ficar estacionada ao iniciar o tratamento.
Dr. Correa, que é médico da Fundação Casa-SP, falou sobre as novas drogas que chegam ao mercado negro e com o poder de destruição cada vez maior. Um levantamento feito pelo médico mostra que cerca de 25 por cento da população brasileira é dependente de algum tipo de droga lícita ou ilícita. Os fatores sociais e físicos, que despertam a dependência em homens e mulheres, também foram abordados durante a palestra.
Ao final da apresentação, o médico recebeu um certificado do vereador Bruno Prata, pela participação na 11ª Semana Municipal sobre Álcool e outras Drogas.
Texto: Tony Costa – Mtb 58.922
Fotos: Márcio Bissoli - Mtb 48.321 (acima) / Davi Negri - Mtb 20.499 (abaixo)