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26 DE MARÇO DE 2011

Encontro religioso: "Qualquer um pode ser vítima da intolerância", diz advogado


O advogado Hédio Silva Júnior apontou o respeito inter-religioso como "um dos grandes desafios" que o mundo enfrenta atualmente. Ao comandar palestra durante o "Enc (...)



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Davi Negri - MTB 20.499 Salvar imagem em alta resolução


O advogado Hédio Silva Júnior apontou o respeito inter-religioso como "um dos grandes desafios" que o mundo enfrenta atualmente. Ao comandar palestra durante o "Encontro com Líderes Religiosos", realizado na Câmara na manhã deste sábado (26), Hédio disse que a questão é mais forte no Brasil, onde há cerca de 2 mil diferentes manifestações de credos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). "Não haverá democracia verdadeira no país enquanto houver uma pessoa vítima de violência religiosa", afirmou o advogado, que é especialista em crimes raciais e autor da primeira tese de doutorado em Direito sobre a liberdade de crença no Brasil.

Hédio evitou usar a palavra "tolerância" para classificar a conduta que o membro de uma religião deve ter em relação a outra, em razão de a expressão trazer uma conotação negativa. "Tolerância é a capacidade do organismo para reter aquilo que lhe é nocivo. Quase sempre significa condescendência da nossa parte àquilo que é ruim", explicou.

O ex-secretário da Justiça do Estado de São Paulo disse que um dos principais problemas a serem enfrentados pelo mundo moderno está na interação saudável entre os indivíduos. "A grande contradição dos nossos dias é que, em seu advento, a internet pretendia derrubar fronteiras e aproximar as pessoas, mas, no século 21, parece que a grande dificuldade que a sociedade tem é a de lidarmos uns com os outros", afirmou.

Hédio alertou sobre o risco de a sociedade conviver com a intolerância religiosa. "Há poucos sentimentos mais valiosos para o indivíduo que o sentimento religioso", disse. "A intolerância, quando tem sua porta aberta, não respeita o destinatário: qualquer um pode ser vítima dela", salientou.

CARTA
Durante o "Encontro com Líderes Religiosos", foi divulgado um documento que aponta os principais objetivos do Movimento de Defesa da Liberdade Religiosa de Piracicaba e Região. A carta de apresentação foi lida por um dos integrantes do grupo, Matheus Geraldi.

O texto começa com uma citação do antropólogo baiano Ordep Serra: "É um absurdo que se fale em nome de Deus, se fale em valores religiosos, agredindo uns aos outros, insultando, condenando, pois religião que condena condena a si mesma. É preciso restaurar o respeito mútuo, é necessário restabelecer o diálogo inter-religioso e fraterno, mas isso só pode acontecer se a intolerância for proscrita e banida do contexto social".

A mensagem do movimento lembra que, a partir da Constituição de 1988, são assegurados aos brasileiros o direito e a forma de manifestar livremente a sua religião. "Esse atraso no conhecimento levou à falta de compreensão, de informações desses direitos para a maioria das pessoas, o que permitiu o crescimento da intolerância religiosa, que é uma das questões centrais que a humanidade enfrenta hoje não só no Brasil, mas quase em toda parte do planeta", diz a carta de apresentação.

O documento faz um convite à união entre as religiões: "Nesse contexto, a união é importante para que se possa combater a intolerância religiosa. As comunidades religiosas devem se unir e lutar pela convivência pacífica e tolerante entre as religiões, pois foi através da união que seus antepassados conquistaram seus direitos perante a Constituição Federal, que assegura a liberdade de crença, o exercício dos cultos religiosos e a proteção do Estado às manifestações das culturas populares dos índios, dos afro-religiosos e de outros grupos que fazem parte do processo de civilização do Brasil".

A carta de apresentação se encerra especificando os objetivos do grupo: "Sendo assim, foi criado o "Movimento de Defesa da Liberdade Religiosa de Piracicaba e Região", a fim de discutir coletivamente e encaminhar ações de interesse dos religiosos evitando discriminações e intolerância. O movimento pretende também levar à sociedade o conhecimento religioso através de ações públicas. Vale ressaltar que o Movimento de Defesa da Liberdade Religiosa está aberto a todos os religiosos, sejam de qualquer etnia religiosa ou crença, pois o intuito do movimento é unir os religiosos a fim de lutar coletivamente contra a discriminação e a intolerância, fazendo valer, dessa forma, a nossa lei maior, nossa Carta Magna que é nossa Constituição".

 

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Davi Negri / MTB 20.499



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


Legislativo João Manoel

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