A vereadora Márcia Pacheco (PSDB) esteve em São Paulo, na tarde desta sexta-feira (3), para tratar do início do serviço de coleta de material genético para a verificação de paternidade em Piracicaba, que será viabilizado por meio de cooperação técnica firmada entre a Prefeitura e o Imesc (Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo). Ao visitar a sede da autarquia estadual, localizada na Barra Funda, zona oeste da capital paulista, a parlamentar foi recebida pela superintendente do órgão, a médica geriatra Márcia Pereira Dobarro Facci, e a chefe de gabinete Juliana Lugani Pinto.

Márcia Pacheco entregou à direção do Imesc documentos que apontam a demanda pelo exame existente atualmente nas cidades que serão beneficiadas com a unidade de atendimento a ser implantada em Piracicaba. Ela também aproveitou para conhecer as instalações do instituto e ver onde são analisadas as amostras de sangue e saliva coletadas.

Responsável pelo Núcleo de Perícias Laboratoriais, Alessandra Simões Bassini explicou, junto com a médica Márcia Facci, o funcionamento dos instrumentos e das máquinas usadas pelos profissionais do Imesc, que realiza em torno de 35 mil exames por ano, somando as áreas de coleta de material genético e medicina legal. Em Piracicaba, a demanda anual por exames de DNA que verificam a paternidade está em 147 casos por ano, número considerado alto.

O índice também é elevado em cidades da região que vão passar a usufruir da unidade de atendimento do Imesc em Piracicaba. São Pedro e Rio das Pedras, por exemplo, têm apresentado demanda anual de 25 e 17 casos, respectivamente. Os dados foram encaminhados pelas prefeituras ao gabinete da vereadora Márcia Pacheco e repassados à direção do Imesc nesta sexta-feira.

O posto piracicabano de coleta de material genético para exames de DNA ficará instalado em uma sala no Centro de Especialidades localizado atrás do Mercado Municipal. O atendimento deverá ocorrer às terças e quintas-feiras, das 16h às 18h. A expectativa é de que pelo menos 11 cidades da microrregião de Piracicaba sejam beneficiadas com o novo serviço. A unidade a ser implantada no município será a 12ª do tipo no Estado e ajudará a desafogar o atendimento que hoje é feito, em grande parte, na sede do Imesc, em São Paulo.

A equipe responsável pela coleta do material será composta por 17 pessoas, entre recepcionistas, técnicos de enfermagem e assistentes sociais, que atuarão em sistema de revezamento. Pela parceria firmada entre a Prefeitura e o Imesc, o município entrará com a cessão dos profissionais e do espaço físico, enquanto ao instituto caberão o fornecimento de todo o material necessário para a coleta dos exames, o apoio técnico e logístico e o treinamento teórico e prático dos servidores.

CONQUISTA
A luta de Márcia Pacheco, que é médica pediatra da rede pública de saúde, para que Piracicaba passe a fazer a coleta de material para exames de DNA que verificam paternidade teve início em 2005, quando a parlamentar se deparou com o caso de uma menina que procurava saber quem era seu pai. A vereadora, que até então costumava viabilizar a ida a São Paulo das pessoas que a procuravam com o mesmo problema, constatou que as dificuldades enfrentadas pela família da garota eram comuns a várias outras pessoas, que, pelo mesmo motivo, acabavam desistindo de fazer o exame de DNA que comprove a paternidade.

"Conseguimos até a passagem e o dinheiro do lanche, mas a avó disse que não viria com uma criança de 10 anos até São Paulo, porque elas nunca tinham saído de Piracicaba, nem sabiam andar na capital. Até hoje ela está sem ter o pai. Isso já faz seis anos", afirmou a vereadora. "Para mim, era importante resolver o problema daquela criança que estava ali na minha frente precisando do exame. Isso foi o que me motivou a batalhar para ver se tinha como descentralizar o Imesc, porque já sabíamos que havia a descentralização em outras cidades", completou.

Em 2008 e 2009, a vereadora encaminhou à Prefeitura, ao Governo do Estado e ao Tribunal de Justiça paulista duas moções de apelo para que a cidade disponibilizasse o serviço, evitando que as pessoas que necessitam dele tenham que se deslocar até São Paulo para fazer a coleta de material genético. Mas foi em 2011 que a luta pela unidade de atendimento em Piracicaba ganhou contornos reais, com o contato estabelecido entre Márcia Pacheco e a direção do Imesc. Uma reunião na sede da autarquia estadual, no final de março, serviu para esclarecer os pontos necessários para a instalação de uma unidade de atendimento do instituto na cidade.

No último dia 29 de abril, o prefeito Barjas Negri (PSDB) assinou convênio com o Imesc para a coleta de exames de DNA no município. O início do atendimento depende, agora, da aprovação, pela Câmara, do projeto de lei 110/2011, de autoria do Executivo, que é quem pode legislar sobre o tema.

A propositura já havia sido aprovada pelo plenário no final de maio, mas voltará à pauta da Ordem do Dia, na reunião ordinária desta segunda-feira (6), para ser analisado novamente em primeira discussão. Isso porque houve a inclusão, também pelo Executivo, de mensagem modificativa que define a área de abrangência para a coleta de DNA, conforme solicitação do próprio Imesc.

Assim, tal procedimento será feito em pacientes residentes na microrregião que engloba os seguintes municípios: Piracicaba, Mombuca, Rio das Pedras, Saltinho, Capivari, Rafard, Elias Fausto, Charqueada, São Pedro, Águas de São Pedro e Santa Maria da Serra. O transporte e o deslocamento desses pacientes até o Centro de Especialidades, no Centro de Piracicaba, serão de responsabilidade dos municípios de origem de cada paciente.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTOS: Fabrice Desmonts / MTB 22.946