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09 DE NOVEMBRO DE 2010

Detalhes de plano para combate à dengue são apresentados à população


O coordenador do Plano Municipal de Combate à Dengue, André Luis Rossetto, esteve no plenário da Câmara nesta segunda-feira para anunciar as ações que devem ser tom (...)



EM PIRACICABA (SP)  

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O coordenador do Plano Municipal de Combate à Dengue (PMCD), André Luis Rossetto, esteve no plenário da Câmara na noite desta segunda-feira (8) para anunciar as ações que devem ser tomadas por Piracicaba com o início da temporada de chuvas, que favorece a procriação do mosquito transmissor da doença. Ele fez uso da Tribuna por quase 30 minutos, tempo em que a sessão ordinária ficou interrompida.

 

Para saber mais sobre a dengue, visite o site do Ministério da Saúde, clicando aqui e aqui.

 

Segundo Rossetto, que tem experiência de mais de 10 anos no controle de vetores, Piracicaba lida com um cenário "muito complicado" por estar localizada numa região com municípios com densidade demográfica acentuada --característica que, somada ao clima, favorece a proliferação do Aedes aegypti. Ele citou estudos para reforçar a preocupação que a cidade deve ter nos próximos meses. De acordo com o coordenador do PMCD, o gráfico que conta os casos de dengue é parecido com uma montanha-russa: os períodos de "calmaria" e de epidemia acentuada se alternam a cada 2 ou 3 anos. A curva está na ascendente, o que significa que as ocorrências de dengue em todo o Brasil em 2011 devem ter forte alta se medidas de prevenção não forem adotadas pelo Poder Público e cumpridas pelos moradores. O registro de 100 casos a cada 100 mil habitantes já faz uma cidade ser considerada afetada por uma epidemia de nível 1 --em Piracicaba, isso significaria 360 pessoas infectadas.

 

O que mais preocupa Rossetto, porém, não é a elevação do número de casos da doença, mas a gravidade dela. Ele explica que, das quatro variantes da dengue existentes, as de tipo 1, 2 e 3 já foram registradas em Piracicaba. No entanto, a de tipo 4 --a mais grave de todas-- pode estar a caminho, já que o vírus circula em Roraima, no norte do país. Outro receio externado pelo coordenador do PMCD é o risco de as ocorrências de dengue sobrecarregarem os postos de saúde, como mostraram episódios nacionais recentes. "Em 2008, tivemos uma forte epidemia no Rio de Janeiro, quando foram montados hospitais de campanha do Exército, por falta de assistência médica", exemplificou. "Quando [o número de casos] cresce muito, a rede não está preparada para atender uma demanda muito alta, ocasionando o travamento do sistema", completou.

 

PREVENÇÃO

Rossetto classificou como "muito grande" a necessidade de atuar na prevenção da doença, principalmente neste período, chamado "pré-epidêmico". "Se atuarmos intensamente agora para eliminarmos os criadouros dos mosquitos, teremos uma situação mais controlada quando começar o período de chuvas", disse.

 

O coordenador explicou que, graças ao Plano Municipal de Combate à Dengue, em vigor desde 2007, os agentes de saúde de Piracicaba podem ter uma noção mais exata do alcance e dos efeitos da doença na cidade. Entre os principais pontos abrangidos pelo plano, estão o cruzamento de informações, a determinação da população de larvas do Aedes aegypti e a contabilidade dos casos de infecção. O conjunto de dados permite, assim, traçar um mapa com as regiões mais vulneráveis da cidade e fazer um investimento maciço em bairros problemáticos. "Isso deu tanto resultado que não tivemos muitos registros em bairros como Novo Horizonte e São Jorge, que são alguns dos mais carentes", disse Rossetto, em relação às estatísticas do início deste ano.

 

Segundo o coordenador, a Prefeitura de Piracicaba realiza 450 mil visitas a residências por ano (uma média de 4 por endereço), que resultaram, desde 2007, em 10 mil toneladas de entulhos recolhidos. O trabalho é completado com "arrastões" --concentrados entre os meses de outubro e janeiro-- e a instalação de armadilhas, que ajudam a detectar com antecipação o surgimento de focos do Aedes aegypti.

 

Mas o esforço não foi suficiente para impedir que a epidemia de dengue, nas palavras de Rossetto, se "invertesse", passando a haver maior concentração de casos na região central da cidade. Os bairros "campeões" de ocorrências no último ano foram, segundo o coordenador do PMCD, Vila Rezende, Piracicamirim, Cidade Alta, Independência e Paulista. No mesmo período, duas mortes foram registradas em Piracicaba em decorrência da dengue: uma na Vila Rezende e outra na Chácara Nazaré.

 

MORADORES

"Não adianta ter um exército na rua se a população não mudar os hábitos", explica Rossetto, que cita duas atitudes equivocadas que uma parcela da população costuma ter em relação à dengue. A primeira é de passar a combater o mosquito transmissor apenas depois de tomar conhecimento de registro da doença no bairro onde vive. A segunda é imaginar que cabe apenas ao Poder Público a execução de medidas preventivas, já que só o morador pode eliminar o risco que há em sua casa.

 

Rossetto usou o exemplo de dois bairros para mostrar alguns dos problemas recorrentes enfrentados pelas equipes de combate à dengue. Na Vila Rezende, é comum a fiscalização se deparar com o acúmulo de água em vasos de plantas, cujo cultivo é um hábito de parte expressiva dos idosos que moram na região. "A população é resistente em entender que a água acumulada no pratinho torna-se um dos principais criadouros do mosquito", explicou o coordenador do PMCD.

 

Imóveis fechados e recusa de moradores, por outro lado, são as dificuldades mais encontradas nas visitas realizadas na Nova Piracicaba, região nobre da cidade. Rossetto explica que, quanto melhor é a situação socioeconômica de um lugar, mais complicada é a tarefa do agente de saúde em obter a permissão para entrar nas casas. Embora aconteça em menos de 1 por cento das visitas, a recusa afeta o trabalho das equipes de duas formas: moralmente (há casos em que moradores destratam os profissionais) e no combate efetivo ao mosquito, já que, segundo Rossetto, quase 100 por cento dos criadouros do Aedes aegypti localizam-se ou dentro do domicílio ou em seu entorno --no quintal, por exemplo.

 

 

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Fabrice Desmonts / MTB 22.946



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


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