
24 DE MARÇO DE 2022
Vereadores integrantes da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Semae fizeram nova diligência nesta quarta-feira (23)
CPI constatou esgoto sem tratamento despejado a céu aberto na Lagoa do Itaiçaba
Na semana em que é comemorado o Dia Mundial da Água, em 22 de março, integrantes da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Semae flagraram o despejo de esgoto não coletado e não tratado em diversos pontos da cidade. Na última quarta-feira (23), os vereadores Rai de Almeida (PT), presidente da CPI, e Anilton Rissato (Patriota), relator, fizeram diligências em três bairros de Piracicaba.
Após denúncia de um morador, os vereadores membros da CPI fizeram a primeira diligência na Lagoa do Itaiçaba, no distrito de Ártemis. No local, eles flagraram o despejo irregular de esgoto não tratado mesmo com uma estação elevatória construída com a finalidade de realizar o tratamento.
“O que nós detectamos é que essa elevatória foi construída de um modo que talvez não atenda o objetivo de sua instalação, porque o esgoto está sendo lançado a céu aberto dentro dessa lagoa e corre pelo curso dela”, afirmou Rai de Almeida. A vereadora explicou que o PVs (Poços de Visitas – popularmente conhecidos como bueiros) que fazem a captação de esgoto deveriam ter uma pressão para que o material coletado chegasse até a estação elevatória, no entanto, como a estação está acima do nível da rua, não existe essa pressão para que o esgoto seja coletado e transportado para para o tratamento.
O comerciante Segueo Otsubo, que fez a denúncia à CPI do Semae, é morador do local há 75 anos. Ele pediu uma solução para os problemas relatados e frisou que quando chove o transbordo é maior e fica intransitável para os moradores da região que precisam andar em cima da água suja de esgoto. “Tem que ter um projeto, fazer o negócio certo, arrumar uma solução para essa caixa de elevação ou transferir para outro local porque próximo às casas aqui eu acredito que não pode ficar, o cheiro é horrível”, reclamou.
Outra irregularidade verificada pelos integrantes da CPI é relativa a vegetação que cresce na lagoa devido a poluição e contaminação causada pelo despejo do esgoto sem tratamento. De acordo com o morador Benedito Blumer, na medida em que a lagoa vai ficando poluída, a água fica grossa e gera uma vegetação que não faz parte da lagoa. “Eles mandam a máquina com o operador para retirar a vegetação só que não tem funcionário para executar o serviço, então eu, voluntariamente, entro na lagoa e corto a moita porque a máquina não entra lá”, afirmou o morador.
Ainda em Ártemis, Shegoe Otsubo mostrou aos vereadores um ponto em que a água contaminada da Lagoa Itaiçaba desagua diretamente no Rio Piracicaba e um terceiro trecho onde existe um vazamento de esgoto “mais antigo” que desagua no Rio Piracicaba. “Esse descarte é proveniente do bairro e tem algum esgoto ligado da galeria que desagua aqui”, afirmou Otsubo.
CÓRREGO ÁGUA BRANCA - Após as diligencias em Ártemis, a CPI os vereadores digiram-se ao bairro Campestre e foram recebidos pelo servidor do Semae, José Carlos Magazine. Magazine relatou aos integrantes da CPI que condomínios construídos na Avenida Laranjal Paulista e empresas situadas na rodovia Cornélio Pires “possivelmente estão contribuindo com o lançamento de esgoto in natura (sem tratamento) no córrego Água Branca”. Ele mostrou o esgoto no córrego água branca na altura do quilômetro 42 da rodovia Cornélio Pires e as nascentes próximas ao local denunciado que, segundo o servidor, estão sendo contaminadas.
“Vou deixar para a CPI investigar. A partir do momento que você monta um empreendimento num condomínio, principalmente esses condomínios grandes que a gente viu na Laranjal Paulista, automaticamente eles têm que estar de acordo com as determinações municipais, ter uma estação de tratamento de esgoto dentro ou no mínimo uma estação elevatória e isso provavelmente não está ocorrendo”, disse Magazine.
A última diligencia da CPI foi realizada no bairro Água Branca, onde o servidor José Carlos Magazine mostrou aos vereadores o ponto em que as nascentes e todo o esgoto descartado sem tratamento se encontram. “Eu mostrei as inúmeras nascentes com o volume de água que contribui para o córrego Água Branca e elas estão sendo contaminadas por causa do esgoto”, concluiu o servidor da autarquia.
Anilton Rissato, relator da CPI, declarou “ser lamentável” constatar em mais uma diligência o que a comissão já suspeitava. “Estamos apurando, vamos incluir isso aqui no nosso relatório da comissão e após essa conclusão, com certeza vai ficar evidenciado e constatado que há problema no Semae e no contrato da parceria público-privada que não está atendendo as especificações que diz (o contrato) que são para serem atendidas”, declarou.
Rai de Almeida informou que as informações obtidas na diligência farão parte das análises para a elaboração do relatório final que está prestes a acontecer. “Não é a CPI que vai tomar as medidas, mas vai apontar aquilo que encontramos ao longo do nosso trabalho, diligências, e dos depoimentos das oitivas. Vamos fazer a análise desse conjunto de informações e vamos fornecer, pelo menos do ponto de vista da comissão, aquilo que as autoridades precisam adotar como medidas urgentes”, concluiu.
Criada para apurar possíveis irregularidades na autarquia e na Parceria Público Privada (PPP) firmada com a empresa Mirante para coleta e tratamento de esgoto na cidade, a CPI do Semae tem como membros a vereadora Rai de Almeida (PT), presidente; Anilton Rissato (Patriota), relator; e Thiago Ribeiro (PSC), membro.