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26 DE OUTUBRO DE 2010

Caso Jessica Giusti: Câmara cobra empenho na investigação


Os vereadores da Câmara de Piracicaba mostraram indignação e cobraram mudanças nas leis brasileiras durante a manifestação em memória da universitária Jessica Phili (...)



EM PIRACICABA (SP)  

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Os vereadores da Câmara de Piracicaba mostraram indignação e cobraram mudanças nas leis brasileiras durante a manifestação em memória da universitária Jessica Philipp Giusti, morta na manhã do último dia 18 em Três Rios (RJ), cidade localizada a 120 km da capital do Estado. Jessica, de 21 anos, era natural de Piracicaba, mas morava atualmente na cidade fluminense, onde cursava o segundo período de Direito na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).


Na manifestação, ocorrida na noite da última segunda-feira, dia 25, foi lida a moção de apelo que cobra do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), empenho na apuração do assassinato da estudante. O documento, de autoria de todos os 16 vereadores, também deve ter cópias enviadas ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e ao secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame.


O presidente da Câmara, José Aparecido Longatto (PSDB), disse que, se preciso, será formada uma comissão de vereadores para ir a Três Rios cobrar providências. “Esta Casa nunca será omissa”, afirmou. Longatto citou ainda um episódio de sua vida para confortar a família de Jessica. “Depois que perdi meu pai, aprendi que não há palavras que preencham o vazio que fica”, contou.

LEMBRANÇAS
O vereador André Bandeira (PSDB) também recordou uma experiência pessoal, quando uma colisão no trânsito o deixou paraplégico. “Há 14 anos, sofri um acidente causado por uma pessoa que havia bebido”, lembrou, ao citar seu inconformismo ao saber que a punição imposta ao infrator seria o pagamento de 12 cestas básicas. “Peço a Deus que conforte o coração de vocês. A justiça será feita, aqui ou por Deus.”


A família Giusti é conhecida de parte dos vereadores. Os filhos do vereador Carlos Alberto Cavalcante, o Carlinhos (PPS), haviam estudado com Jessica até a 8ª série e ficaram surpresos com a notícia de sua morte. "Justamente ela?", perguntaram. Para o vereador, é preciso que a sociedade atue na formação e educação dos mais jovens. “Vamos cuidar do caráter de nossas crianças”, pediu.


Já José Luiz Ribeiro (PSDB) afirmou que conhecia o pai de Jessica, um homem “honesto e trabalhador”. O vereador, que é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania, prometeu fazer manifestações em Três Rios, se preciso. “Temos de cobrar justiça das autoridades. Que esse assassino seja colocado na cadeia!”

INDIGNAÇÃO
Com ligação com a cidade fluminense, onde fez estágio na mesma instituição em que Jessica estudava, o vereador José Benedito Lopes (PDT) cobrou alteração na legislação brasileira. “O que precisa mudar são as leis”, afirmou. Crítica semelhante foi feita por Walter Ferreira da Silva, o Pira (PPS), que estendeu a responsabilidade ao Congresso Nacional e apontou a impunidade como fator determinante para o aumento da violência. “Foi o caso mais doloroso a que assistimos neste ano”, resumiu.


João Manoel dos Santos (PTB) e José Pedro Leite da Silva (PR) também discursaram. Ambos cobraram por leis mais severas. João Manoel prometeu “pressionar os políticos” e Zé Pedro lamentou a morte de Jessica: “Não há como recuperar esse sorriso maravilhoso.”


Para o vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT), o caso deve fazer a cidade refletir sobre os motivos que levam os jovens a deixar Piracicaba para estudar em localidades distantes. “Não basta mostrar solidariedade, mas atacar a causa. Ela [Jessica] não precisaria passar por isso”, afirmou.

 

CRONOLOGIA DO CASO JESSICA GIUSTI

18/10 - A estudante Jessica Philipp Giusti, de 21 anos, é encontrada morta em uma área rural do bairro Purys, em Três Rios (RJ), a 120 km da capital fluminense. Jessica era natural de Piracicaba e cursava Direito na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Segundo a perícia, a estudante apresentava um corte profundo na cabeça, mas não tinha sinais de luta ou violência sexual. Ainda de acordo com a polícia, foram levados de Jessica o celular e R$ 150, mas documentos, cartão de crédito e malas foram deixados próximos ao corpo. Nenhuma hipótese é descartada pela investigação

20/10 - Corpo de Jessica é enterrado no Cemitério da Saudade de Piracicaba. Polícia Civil do Rio de Janeiro analisa dados do computador da universitária em busca de informações. Antes, seis estudantes e o passageiro de um ônibus foram ouvidos no inquérito que apura a morte

22/10 - Prefeito de Três Rios, Vinícius Farah (PMDB), manifesta "profundo pesar e consternação" pela morte de Jessica. Em nota, Farah ressalta o apoio do Governo do RJ, que enviou 42 novas viaturas para reforçar o patrulhamento ostensivo na região

24/10 - Missa de sétimo dia é realizada na Igreja Divino Pai Eterno, no Parque Piracicaba. Comoção marca a cerimônia, celebrada pelo padre Kléber Danelon

25/10 - Cerca de 200 pessoas, usando camisetas com a foto de Jessica, fazem uma passeata no centro de Piracicaba pedindo "justiça". A manifestação encerra-se na Câmara, onde é lida a moção de apelo que será encaminhada ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB). O documento cobra empenho das autoridades no esclarecimento do caso

26/10 - A família de Jessica vai a Três Rios buscar os objetos pessoais da estudante e reunir-se com Claudia Teresa Abbud, delegada titular da 108ª Delegacia de Polícia da cidade fluminense

 

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTOS: Gustavo Annunciato / MTB 58.557



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


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