O vereador Carlos Alberto Cavalcante, o Carlinhos (PPS), está questionando a administração municipal sobre a possibilidade de viabilizar nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de Piracicaba o tratamento com dose imediata de antibiótico para crianças com pneumonia, a ser iniciado logo após o diagnóstico médico. Em requerimento encaminhado ao Executivo, o parlamentar pergunta ainda se há como tal procedimento ser adotado também nos postos do Programa de Saúde da Família.

Caso ambas as solicitações não possam ser atendidas, Carlinhos quer saber quais soluções o Executivo planeja adotar para que os antibióticos estejam disponíveis nas UBSs a fim de serem dadas a crianças em caso de pré-diagnóstico clínico de pneumonia. Os questionamentos do vereador estão no requerimento 367/2011, aprovado no final de junho em reunião ordinária realizada pela Câmara.

A preocupação de Carlinhos vem ao encontro da campanha nacional "Antibiótico: primeira dose imediata", lançada em Curitiba, nesta segunda-feira (4), pela Pastoral da Criança em parceria com o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). O objetivo da iniciativa é orientar os gestores municipais de saúde --e principalmente a sociedade-- sobre a necessidade de ministrar a primeira dose de antibiótico nas UBSs logo após a consulta, em especial nos casos de crianças com suspeita de pneumonia.

Conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, uma criança com suspeita de pneumonia, com a indicação médica de antibiótico, deve receber a primeira dose do remédio na própria unidade de saúde. Levantamento feito pela Pastoral da Criança mostra que, em muitos municípios, a mãe ou o responsável pela criança recebe o medicamento na UBS, depois da consulta, e só oferece a primeira dose para a criança ao chegar em casa. "Em outras situações, [a mãe ou o responsável] precisa buscar os medicamentos receitados em uma Unidade Central de Medicamentos, desperdiçando horas de tratamento, que podem significar uma internação hospitalar evitável e, o que é pior, a morte da criança", frisa o médico Nelson Arns Neumann, coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança.

A primeira dose de antibiótico dada logo após a consulta, ainda no posto de saúde, poderia evitar uma parte significativa das cerca de 4 mil mortes anuais por infecções respiratórias entre crianças menores de 5 anos no Brasil, registradas pelo Ministério da Saúde. Segundo dados do governo, as infecções respiratórias causadas por bactérias são a segunda causa de morte de crianças no país. As doenças respiratórias respondem por 19,7 por cento das causas de morte de crianças entre 1 e 4 anos de idade e 6,2 por cento das mortes de crianças menores de um ano. A pneumonia foi a causa de 354.292 internações de crianças nessas duas faixas etárias em 2009.

A campanha "Antibiótico: primeira dose imediata" é resultado de mais de um ano de diálogo entre a Pastoral da Criança e parceiros com credibilidade técnica sobre o tema. Foi planejada com o apoio do Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde, Associação Brasileira de Enfermagem, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Sociedade Brasileira de Pediatria, Academia Brasileira de Pediatria, Unicef e Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas.

PROCEDIMENTO
Médicos e profissionais de enfermagem devem garantir que a primeira dose de antibiótico seja dada ainda no posto de saúde e instruir os pais a darem todas as doses corretamente em casa.

A pneumonia é uma infecção respiratória grave. Se a criança não receber o tratamento certo e a tempo, pode morrer. Por isso, quando a criança apresentar algum sinal de infecção respiratória, a mãe ou o responsável deve ser orientado para: levá-la ao médico o mais rápido possível; continuar amamentando-a; dar os medicamentos na dose, nos horários e pelo tempo recomendado pelo médico; e voltar ao serviço de saúde no dia marcado ou a qualquer momento, caso o bebê não apresente melhora ou, então, piore.

As Secretarias Municipais de Saúde são as encarregadas da organização e do funcionamento das UBSs. Com o apoio da comunidade e das prefeituras, é possível disponibilizar o antibiótico nas UBSs e oferecer o tratamento imediatamente após a consulta.

Não é necessário o médico esperar pelo exame de raio-X para afirmar que a criança está com pneumonia e iniciar o tratamento. Como o tempo entre a transferência, a internação e o início do tratamento pode levar horas, recomenda-se dar a primeira dose de antibiótico na UBS antes de encaminhar a criança ao hospital.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Fabrice Desmonts / MTB 22.946