O vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP), fez elogios a um artigo, disponível na internet, que critica a situação atual do Exército brasileiro, que, por conta do baixo investimento governamental, já não oferece a estrutura de antes ––por exemplo, na assistência médica, na educação e na alimentação oferecidas aos recrutas. O texto é atribuído ao jornalista Alexandre Garcia, da TV Globo, que foi secretário de imprensa do governo João Figueiredo, presidente do Brasil entre 1979 e 1985.

"Na época em que eu servi, nos íamos ao quartel, almoçávamos, jantamos e tomávamos café da manhã e da noite", disse Capitão Gomes, que integra a reserva do Exército. "A preocupação [expressa no texto] é pertinente, porque o presidente Lula, quando da compra dos aviões para a FAB [Força Aérea Brasileira], falou que em 2003 não pensava em comprá-los porque o país estava com fome, o que seria um contra-senso. Agora, quem está com fome é o Exército", completou o vereador, ao usar a tribuna em reunião ordinária na noite desta quinta-feira (12).

Para Capitão Gomes, o aumento no investimento nas Forças Armadas reforçaria a posição do Brasil na América do Sul. "Ao norte, temos Hugo Chávez [presidente da Venezuela]; a oeste, na Colômbia, temos as Farc; o bolivariano Rafael Correa no Equador; ao sul, [o presidente da Bolívia] Evo Morales, que mandou o exército boliviano invadir instalações da Petrobrás; e, no Paraguai, o bispo Fernando Lugo, que já fez ameaças a Itaipu", disse o parlamentar. "Quando se tem um Exército presente, efetivo e grande, o lado de lá já pensa: Cuidado que aí é briga de cachorro grande", afirmou.

O vereador reforçou os pontos de vista defendidos no artigo. "A melhor maneira de derrotar um exército, sem precisar dar um tiro, é cortar-lhe os suprimentos. Saladino derrotou assim os cruzados cristãos. A Rússia derrotou Napoleão e Hitler porque faltaram suprimentos aos invasores. Nas Malvinas, os ingleses cortaram os suprimentos da ilha."

Capitão Gomes usou ainda números para mostrar os efeitos do corte dos gastos públicos na formação de oficiais na cidade e no país. "O Exército brasileiro, ao qual eu pertenço, já chegou a incorporar uma média de 100 mil recrutas por ano, hoje não incorpora nem metade disso. Aqui em Piracicaba, quando eu era delegado, apresentavam-se uma média de 3 mil jovens, por ano, para se alistar; hoje, passam de 4 mil. Mas nosso Tiro de Guerra, que, na minha época, tinha três turmas com 350 atiradores, hoje mal tem 100 atiradores", lamentou.

Para o vereador, se houvesse mais investimentos na área, um contingente anual superior a 1 milhão de jovens estaria longe das ruas e das drogas, recebendo três refeições por dia, preparo físico e assistência médica e odontológica. Eles também teriam, segundo o parlamentar, lições de civismo, disciplina e obediência às leis e a oportunidade de aprender uma profissão. "Seria o maior programa social do país", afirmou Capitão Gomes, para quem é necessário "amar o país diuturnamente", e não apenas em períodos de Copa do Mundo.

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTO: Gustavo Annunciato / MTB 58.557