Permissionários do Camelódromo Municipal, instalado ao lado do Terminal Central de Integração (TCI), reclamam da atuação da Guarda Civil Municipal (GCM) durante fiscalização no local. Nesta sexta-feira, 20, o vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT) conversou com os ambulantes do corredor comercial e recolheu depoimentos que, entre outras irregularidades, tratam de abuso de poder. “Eles chegaram a algemar um garoto menor, de 15 anos, na quarta-feira, dia 18”, diz Heitor Aversa, de 21 anos, que trabalha junto com o seu irmão em box de venda de roupas, bonés e calçados.

Em outra denúncia, a permissionária Helena Maria de Lima, a Lena, disse que, após fiscalização realizada nesta semana, “sumiu R$ 860 de sua bolsa”, além de terem levados mais de 2.000 CDs, enquanto foi divulgado na imprensa apenas 1.200. “Fora isso, os guardas ameaçam de ‘montar’ para cima de gente, dizendo que vai colocar 50 papeletes de cocaínas em minha bolsa”, diz ela, que, casada e mão de seis filhos, trabalha há 16 anos no camelódromo. “Vivia na rua, agora que estou regularizada, toda certinha, pagando meus impostos, tenho que agüentar este desaforo”, disse Lena.

As fiscalizações da GCM iniciaram em março deste ano e, segundo a advogada do camelódromo, Elaine Rosada, desde então os permissionários estão vivendo um clima de tensão, com receio da conduta dos guardas. “Existe um clima de medo, o que afetou as vendas no local em quase 50 por cento ”, informa Elaine. Entre os ambulantes, a informação é que quando a Polícia Militar fazia a fiscalização não havia problemas deste gênero, iniciados somente a partir do momento em que a GCM assumiu este trabalho.

Para o vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT), é inadmissível qualquer tipo de abuso de poder. Ele vai protocolar pedido para uso da tribuna popular na segunda-feira, 23. “Precisamos levar todas estas denúncias aos outros vereadores e à toda sociedade, com o intuito de esclarecermos qual deve ser a conduta correta dos guardas”, declarou ele, ao conversar com os permissionários no início da tarde desta sexta-feira, 20.

Paiva salientou, ainda, que não se deve compactuar com o que é ilegal. “Se há problemas com a venda de CDs e DVDs piratas, tudo bem, deve ser fiscalizada; mas isso deve acontecer em outros locais da cidade também onde há estes mesmos produtos”, disse ele aos permissionários. Também presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região, o vereador lembrou que há outras leis, como a de tempo mínimo nas filas dos bancos, que não são “tão bem fiscalizadas quanto o Camelódromo Municipal tem sofrido com as ações da Guarda”.

Texto: Erich Vallim Vicente MTb 40.334

Foto: Davi Negri MTb 20.499