Projeto de lei (295/09), de autoria do vereador Walter Ferreira da Silva, o Pira (PPS), aprovado na reunião ordinária de hoje (26), em segunda discussão, assegura a denominação de Parque Histórico Quilombro Corumbataí, o Parque de Santa Terezinha, localizado no quadrilátero da Avenida Nossa Senhora do Carmo, com a Rua Adelmo Cavagioni, compreendendo a passarela Leonor Bernardino Cavagioni e a ponte estaiada Moacir Bernardino.

Na justificativa do projeto, o vereador Pira recorre ao levantamento histórico do professor Noedi Monteiro, dando conta que na região de Santa Terezinha existiu um foco de resistência negra, que se traduziu num dos principais quilombos no Estado de São Paulo. 
 

 
O jornal A Gazeta de Piracicaba, em matéria especial da Jornalista Priscilla Perez, edição do dia 13 de maio de 2009, mostra que Piracicaba abrigou uma das mais importantes áreas de quilombo do Brasil, ativa entre os anos de 1750 a 1804. A informação é do professor e historiador Noedi Monteiro, após realizar vasto levantamento histórico sobre o assunto. Na ocasião, o vereador Pira entrou em contato com os setores responsáveis da prefeitura, elaborando requerimento para a denominação da área.

Noedi Monteiro sustenta que as documentações originais podem ser encontrados na coleção "documentos interessantes", do Arquivo Público do Estado de São Paulo, em que constam os documentos originais sobre o Quilombo e as duas sesmarias organizadas no Corumbataí, sob o reconhecimento dos capitões generais da Capitania de São Paulo. A área já foi reconhecida pelo prefeito Barjas Negri, contemplando parte do projeto do historiador Noedi Monteiro, apresentado em 1998, compreendendo locais de lazer, bem como contemplar a implantação de uma biblioteca sobre os quilombos brasileiros.

A área em questão foi revitalizada pela administração e abriga um parque. Lá existe pista de caminhada, local de lazer e entretenimento para a população - conhecida atualmente como Parque Natural de Santa Terezinha. A única construção da época, uma casa antiga, toda isolada por tapumes, segundo o historiador, foi a sede da Leiteria Corumbataí.

"O local também era o segundo marco zero de Piracicaba, no tempo das Sesmarias, quando cidades como Bauru, Araraquara, São Carlos e outras localidades tinham como referência Piracicaba, por causa do acesso para Mato Grosso, Goiás e outras rotas a caminho do ouro", afirma Monteiro.

QUILOMBOS

O processo de titulação inicia-se com os moradores se autodefinindo como remanescentes das comunidades dos quilombos.

O autorreconhecimento é registrado e certificado pela Fundação Cultural Palmares, ao mesmo tempo em que o Incra ( Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) dá andamento aos procedimentos administrativos para titular a área.

No caso de Piracicaba, explica Vieira, pelo relato de moradores da região, os remanescentes de famílias negras que moravam na área hoje estão no município de Anhembi.

Segundo balanço do documento Terras Quilombolas, até 2008, o total de comunidades quilombolas com terras tituladas no Brasil foi de 159. A quantidade é considerada pequena, uma vez que existem no País mais de três mil comunidades.

Foto e texto: Martim Vieira Mtb 21.939