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18 DE MARÇO DE 2011

Bancário destaca ação de sindicato contra o assédio moral


O bancário Ubiratan Campos do Amaral usou a Tribuna Popular para falar dos programas que vêm sendo desenvolvidos para combater os casos de assédio moral contra empr (...)



EM PIRACICABA (SP)  

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O bancário Ubiratan Campos do Amaral usou a Tribuna Popular durante reunião ordinária na noite desta quinta-feira (17) para falar dos programas que vêm sendo desenvolvidos para combater os casos de assédio moral contra empregados do setor que ele representa. Ubiratan, que é vinculado ao Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região, apontou um dado preocupante: o número de trabalhadores que relataram ter sido vítimas da prática dobrou em um período de dois anos.

Manifestado de diferentes formas, o assédio moral consiste em toda conduta abusiva que, intencional e frequentemente, atinge a dignidade e a integridade física ou psíquica de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho. As condutas mais comuns, dentre outras, são: ameaçar, insultar e isolar o trabalhador; exigir, sem necessidade, o cumprimento urgente de tarefas; fazer críticas ou brincadeiras de mau gosto à vítima em público; e impor horários injustificados ao funcionário.

Na tribuna, Ubiratan exibiu uma reportagem, veiculada em 27 de janeiro pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, sobre um acordo pioneiro no país. Patrões e empregados do setor bancário firmaram um compromisso nacional para evitar abusos de autoridade, que, na Justiça, resultam em processos de assédio moral.

O "Acordo de Combate ao Assédio Moral", considerado por Ubiratan a principal conquista da categoria na greve realizada em 2010, prevê que os bancos devam garantir meios seguros para que os funcionários possam manifestar insatisfação em relação a problemas no ambiente de trabalho. Após a denúncia ser formalizada, a instituição tem 60 dias para apurar o caso e comunicar ao Sindicato dos Bancários que providências serão tomadas.

OUTRAS AÇÕES
Ubiratan também apresentou dados para mostrar as ações de combate ao assédio moral que vêm sendo desenvolvidas na última década pelo Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região. O primeiro passo veio com a criação, em 2001, do Núcleo de Qualidade de Vida, que conta atualmente com uma assistente social, uma fisioterapeuta, uma nutricionista e três psicólogas. Um ano antes, em 2000, a dissertação “Uma jornada de humilhações”, defendida por Margarida Barreto na PUC-SP, já alertara o sindicato sobre a gravidade do tema.

Foi em 2002, porém, que o sindicato piracicabano lançou uma iniciativa pioneira, que foi reproduzida por entidades de outras regiões do país. Trata-se de uma cartilha que explica de forma didática o que é assédio moral, como se caracteriza e de que forma é possível defender-se dele.

Para Ubiratan, para combater a prática não bastam apenas identificar e punir o assediador, mas, sim, fazer um diagnóstico de cada caso, identificando o ambiente e a situação em que ele costuma acontecer, bem como a agência e o banco em que foi registrada a ocorrência. "Não queremos punir o assediador, mas saber por que ele está fazendo isso. Por isso montamos o núcleo, para averiguar se é problema de pressão da diretoria, se é problema pessoal ou se é falta de qualidade para desenvolver habilidades na comunicação humana", disse o sindicalista.

Ele explicou o motivo de o Núcleo de Qualidade de Vida focar o assediador, com o objetivo de reabilitar a pessoa para voltar a trabalhar de "maneira digna" com subordinados. "Se cuidássemos apenas do assediado, trataríamos apenas do efeito e não da causa", observou.

As palestras promovidas pela equipe do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região já foram realizadas em 14 bancos de seis cidades. As instituições que receberam as instruções foram, na maioria, aquelas onde houve registros de casos de assédio moral.

Um levantamento realizado pelo sindicato apontou a proporção de bancários que relataram ter vivido algum episódio de assédio moral nos 12 meses anteriores à pesquisa. Os dados mais recentes mostraram que, em 2010, a parcela de vítimas dobrou num período de apenas dois anos, chegando a afetar 28,35 por cento dos funcionários --eram 14,02 por cento em 2008. Os prováveis motivos para o aumento do número de casos podem estar relacionados, segundo Ubiratan, aos efeitos da crise financeira internacional que explodiu em 2009, às fusões no setor financeiro e às mudanças de cultura organizacional resultantes das incorporações entre bancos.

 

TEXTO: Ricardo Vasques / MTB 49.918

FOTOS: Gustavo Annunciato / MTB 58.557



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


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