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25 DE JUNHO DE 2020

Baixar 1ºC da temperatura em Piracicaba depende de 30% mais árvores


Engenheiro agrônomo falou sobre ilhas de calor em mais uma aula do ciclo de palestras "Silvicultura urbana", da Escola do Legislativo, na tarde desta quinta-feira.



EM PIRACICABA (SP)  

Aula virtual foi transmitida ao vivo na tarde desta quinta-feira

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Seria possível diminuir em 1ºC a temperatura em Piracicaba, tendo como base a média registrada no verão, caso a cobertura arbórea fosse 30% maior na cidade. O cálculo, apresentado durante aula virtual promovida pela Escola do Legislativo na tarde desta quinta-feira (25), reforçou o questionamento do engenheiro agrônomo Demóstenes Ferreira da Silva Filho quanto à baixa cobertura vegetal verificada hoje no município.

Ao falar do tema "Ilhas de calor e relação com as árvores", em mais uma palestra do ciclo "Silvicultura urbana: plantar, avaliar e manejar", o mestre e doutor em produção vegetal exibiu mapas de calor capturados a partir de diversos pontos de Piracicaba, como o Centro e os bairros São Dimas e Vila Independência, para reiterar a necessidade de políticas públicas que levem à expansão da cobertura arbórea.

Um maior número de árvores nas ruas, observou Demóstenes com base em estudos, beneficiaria inclusive os cofres públicos, já que, por exemplo, o asfalto que recebe menos radiação "vai dilatar menos e perder menos dos compostos voláteis que o agregam", levando à redução do número de buracos que surgem nas vias. A pesquisa apresentada pelo professor mostra que a economia chega a 58% quando comparada uma área sombreada a outra que não é.

A expansão da cobertura arbórea nas cidades, continuou o engenheiro agrônomo, faria as chamadas "florestas urbanas" ampliarem o conforto térmico, com reflexos também na interceptação da radiação solar antes que ela toque a superfície, na canalização do ar fresco, no aumento da umidade relativa do ar e na maior mitigação dos efeitos gerados pelas ilhas de calor, cujo conceito foi descrito por Demóstenes.

"Ilha de calor é diferente de mudança climática global: é causada pela energia que chega do sol e como ela é armazenada, refletida e trocada com o ar nas cidades. Tem a ver com a interação com todos os materiais construtivos que há na cidade. Todas as cidades possuem um campo térmico diferenciado devido à interação da radiação solar com os materiais construtivos, sejam eles casas, telhados, ruas, pavimentos ou árvores, vegetação e, principalmente, a água."

O coordenador do curso de pós-graduação em recursos florestais da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo) mostrou, em gráficos, a variação da temperatura ao longo do dia e a intensidade nas "ilhas de calor", em que a energia fica acumulada nos materiais construtitvos --por exemplo, o asfalto, que recebe muita radiação e, "ao final do dia, estará quente e ainda vai exercer influência sobre a temperatura do ar". Por isso, prosseguiu Demóstenes, a temperatura, a depender dos materiais construtivos que predominam numa localidade, pode ficar de dois a três graus acima da registrada no resto da cidade.

O professor destacou o papel das árvores na regulação da temperatura, já que a transpiração das folhas é parte importante do ciclo pluviométrico. Ele usou o exemplo de um carvalho adulto, que, ao fazer fotossíntese e transpirar, devolve à atmosfera milhares de litros de água, em estado gasoso, ao longo de um ano. "Captam água líquida e soltam vapor de água na superfície da folha, conseguindo esfriá-la. A copa consegue se manter numa temperatura constante sempre por causa da água."

Demóstenes alertou, ainda, para as consequências de o solo em áreas urbanas ser cada vez mais impermeabilizado. "Na cidade, você tem uma superfície muito selada, com pouca absorção de água. E as plantas, como são poucas também, fazem com que essa transpiração total da cidade também seja menor. Isso causa calor, porque as superfícies vão acumulá-lo", comentou.

Diretora da Escola do Legislativo, a vereadora Nancy Thame (PV) intermediou a apresentação de Demóstenes, feita por meio da plataforma virtual Zoom, com exibição simultânea pelo YouTube. Ela leu perguntas enviadas pelo público que acompanhou a aula, de cidades como Bagé (RS) e Rio de Janeiro (RJ), destacando o fato de que atividades on-line trazem o aspecto positivo de atrair "pessoas de outros estados, universidades e prefeituras".



Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


Câmara Nancy Thame

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